domingo, 28 de fevereiro de 2010

Dilma cresce em intenção de voto e já encosta em Serra, diz Datafolha

da Folha Online

Pesquisa Datafolha publicada na edição de domingo da Folha, mostra que a ministra petista Dilma Rousseff (Casa Civil) cresceu cinco pontos nas pesquisas de intenção de voto de dezembro para janeiro, atingindo 28%.

No mesmo período, a taxa de intenção de voto no governador de São Paulo, José Serra (PSDB), recuou de 37% para 32%.

Com isso, a diferença entre os dois pré-candidatos recuou de 14 pontos para 4 pontos de dezembro para cá.

A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. No entanto, é impreciso dizer que o levantamento indica um empate técnico entre Serra e Dilma.

A pesquisa foi realizada entre os dias 24 e 25 de fevereiro. Foram ouvidas 2.623 pessoas com maiores de 16 anos.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Dilma cresce e encosta em Serra, diz DataFolha: 32 x 28

Pesquisa Datafolha publicada na edição de domingo da Folha (que já está nas bancas), mostra que a ministra petista Dilma Rousseff (Casa Civil) cresceu cinco pontos nas pesquisas de intenção de voto de dezembro para janeiro, atingindo 28%.

No mesmo período, a taxa de intenção de voto no governador de São Paulo, José Serra (PSDB), recuou de 37% para 32%.

Com isso, a diferença entre os dois pré- candidatos recuou de 14 pontos para 4 pontos de dezembro para cá.

A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. No entanto, é impreciso dizer que o levantamento indica um empate técnico entre Serra e Dilma.

A pesquisa foi realizada entre os dias 24 e 25 de fevereiro. Foram ouvidas 2.623 pessoas com maiores de 16 anos.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Perda do governo do DF acelera declínio do DEM, dizem especialistas

Maurício Savarese
Do UOL Notícias
Em São Paulo

Desfiliação e renúncia de Octávio no DF melhoram a imagem do Democratas?

Um partido que mudou de nome para se reanimar, elegeu apenas um governador em 2006, minguou no Congresso e nas prefeituras, viu a estrelada cúpula da gestão no Distrito Federal cair por denúncias de corrupção e sofre ainda com críticas à administração da maior cidade do país. Apesar de tudo isso, o pior pode estar por vir para o Democratas, disseram analistas ao UOL Notícias.

Para eles, a perda do governo do Distrito Federal no primeiro momento alivia a pressão interna e na opinião pública, iniciada com a série de vídeos que implicam, além de empresários e deputados distritais, o governador afastado José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM) e o vice Paulo Octávio, que renunciou ao mandato nesta terça-feira (23).

Mas o afastamento imposto a Arruda e a Octávio dão aos adversários um poderoso argumento para acelerar o processo que faz o ex-PFL, fundado por um grupo dissidente do que sustentou o Regime Militar (1964-1985), minguar seu poder político desde a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2002.

O partido que já teve o senador Marco Maciel (PE) como vice-presidente da República hoje sofre para emplacar um companheiro de chapa na provável composição com o presidenciável tucano e governador de São Paulo, José Serra. Em 2008, perdeu quase 40% dos seus prefeitos, ficando com cerca de 500. Levou a gestão paulistana por ser aliado de tucanos que rifaram a candidatura do ex-governador Geraldo Alckmin.

A sigla que na reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso somava 105 deputados, derreteu para 84 na votação de 2002. Quando Lula foi reeleito, em 2006, encolheu para 65 parlamentares na Casa. Ao longo do segundo mandato do petista no Palácio do Planalto, diminuiu de tamanho para 56 – muitos deles migraram para siglas satélites do governismo como PR, PTB, PP e PMDB.

“Será um resultado excelente se eles conseguirem eleger 40 deputados neste ano”, disse Luciano Dias, do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos. “A bancada do PFL em 2006 dependia de resultados bons na Bahia, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Já não foram muito bem. Desta vez, com esse escândalo no Distrito Federal – perdeu todo o comando no único lugar onde venceu – repetir o resultado já será difícil.”

Nas pesquisas eleitorais divulgadas até agora, o DEM só aparece na liderança no Rio Grande do Norte, com a senadora Rosalba Ciarini. Oferece candidaturas já competitivas no Pará (Valéria Pires), Mato Grosso (Jayme Campos), Tocantins (Kátia Abreu), Santa Catarina (Raimundo Colombo). “Mas os adversários vão cair de pau neles com a história de Brasília, dizer que o partido não sabe governar e isso trará efeitos negativos que manterão a queda”, disse David Fleischer, da Universidade de Brasília (UnB).

Kassab não vê perseguição ao DEM
O prefeito falou a respeito da cassação do seu mandato em primeira instância, suspensa após a sua defesa apresentar recurso

Nos quatro maiores colégios eleitorais do país, o DEM só deve ter candidato na Bahia. Mas ali o governador Jaques Wagner (PT) é favorito para vencer já no primeiro turno. O ex-governador Paulo Souto (DEM) está em segundo lugar, em busca do vazio deixado pela morte de um dos principais representantes do auge do antigo PFL, Antonio Carlos Magalhães (1927-2007).

No Rio de Janeiro, o partido pode ganhar impulso se o ex-prefeito Cesar Maia tentar o Senado. Em Minas Gerais a tendência é de adesão a Antonio Anastasia (PSDB), hoje vice de Aécio Neves. Em São Paulo, a aprovação em queda do prefeito Gilberto Kassab pode prejudicar decisivamente o voto em deputados do partido. “O cenário é de declínio. Se não mudou até agora, não vai ser no auge da eleição”, disse Claudio Couto, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Otimismo democrata
O ex-prefeito do Rio vê chances de o DEM avançar sua fatia no eleitorado em quatro Estados onde teria chance de conquistar o governo estadual: Rio Grande do Norte, Bahia, Santa Catarina, Mato Grosso. E avalia que a perda da cúpula do governo do Distrito Federal não terá impacto nas eleições gerais.

“Em países continentais como Brasil e Estados Unidos, os ‘escândalos’ regionais ficam sempre restritos a esse âmbito. Vide a cidade de São Paulo, com vereadores presos durante a gestão de Celso Pitta, ou o Rio Grande do Sul com os escândalos do PT e a contravenção e o (mais recente) do Detran”, afirmou Maia.

As referências dizem respeito ao escândalo da máfia dos fiscais durante a gestão de Pitta em São Paulo (na eleição seguinte a petista Marta Suplicy venceu), às denúncias de omissão do governo de Olívio Dutra no combate ao jogo do bicho (o peemedebista Germano Rigotto tirou o PT do governo pouco depois) e de desvios de recursos do Detran na gestão de Yeda Crusius (a tucana conta com minguado apoio para tentar se reeleger neste ano).

Também com base nesses dados estaduais, o líder do partido na Câmara, Paulo Bornhausen, prevê aumento de 65 para 75 deputados eleitos da sigla neste ano. “Durante a campanha as coisas se equilibram. Antes o governo avança, porque tem toda a máquina a seu favor. Na campanha a oposição equilibra”, disse ele, que vê preconceito da imprensa com o partido por “colocar a situação no Distrito Federal como se ela representasse todos que estão lá”.

“Isso é o que o PT, de forma stalinista, deseja: dizer que somos todos iguais. Mas não somos, porque a saída deles dois (Arruda e Octávio) demonstra que não somos tolerantes com a corrupção como eles foram”, afirma.

Couto, da FGV, não vê razão para tanto otimismo do deputado. “O DEM é um partido em declínio e isso é ruim para o cenário político brasileiro. Falta uma direita orgânica, porque a que temos é a patrimonialista, que é predadora do Estado e vai do PMDB para a direita. O DEM poderia ocupar esse espaço. Mas não ocupa”, afirmou.

“A tentativa de modernização de anos atrás poderia ter revigorado o partido, mas Arruda acabou e Kassab está patinando. Sobra quem? Só os filhos e netos daqueles que mandavam no partido pouco tempo atrás. Também por isso não haverá uma candidatura de direita nestas eleições. O encolhimento do DEM torna a disputa no Brasil polarizada entre a esquerda moderada do PT e o PSDB, de centro e liberal.”

Veja a seguir que pode acontecer com Arruda e com o Distrito Federal

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Elio Gaspari: ‘Teologia da urucubaca vicia o tucanato’



João Wainer/Folha
Alheio à lei eleitoral, que marca o início da campanha para daqui a cinco meses, o PT levou a candidatura de Dilma Rousseff à estrada.


O PSDB observa a cena do alto do muro, o ninho de sua predileção. José Serra, o candidato tucano, ainda se diz um não-candidato.



Além de comparecer à fase inaugural da refrega com um pseudocandidato, o tucanato lida com outro drama: a calibragem do discurso.



O repórter Elio Gaspari trata do tema em artigo levado às páginas desde domingo (21). Está disponível também na Folha.



Lendo-o, verifica-se que, quanto ao discurso, a tribo do bico grande até se arrisca a descer do muro. Mas salta do lado errado.



Vai reproduzido abaixo o texto de Gaspari:





“O tucanato parece disposto a organizar um comitê pela eleição de Dilma Rousseff. Só isso explica que insista em profetizar catástrofes.



No dia 5 passado, o deputado Luiz Paulo Vellozo Lucas, presidente do Instituto Teotônio Vilela, advertiu para o risco de uma crise de inadimplência na economia, provocada pelos altos custos financeiros do crédito das famílias.


Segundo o noticiário do partido, 'os especialistas alertam que o aumento do desemprego no país pode levar a uma onda de calotes'.



É a teologia da urucubaca, que teve em Lula seu grande devoto quando, durante a campanha de 1998, disse que 'como Deus é grande, e ainda não foi privatizado, o desemprego subiu'. (Um mês depois, Deus negou-lhe o emprego que pedia.)


A realidade não ajudou os tucanos. Em janeiro deste ano foram criados 181.419 empregos, um recorde na série estatística iniciada em 1992.


Uma coisa é a discussão da festa da banca, bem outra é a urucubaca de uma crise decorrente da expansão de crédito.



Quando um cidadão paga uma prestação de R$ 100, na média, só R$ 70 referem-se à mercadoria que adquiriu, mas isso não significa que a patuleia irá ao calote porque não pode pagar o que comprou.



Entre 2003 e hoje, o crédito das famílias praticamente dobrou. Compraram-se carros e trocaram-se fogões, equipamentos que identificam uma nova classe média.


Se há brasileiros satisfeitos porque compraram bens que estavam fora do seu alcance, essa é a boa notícia. (Imagina esquentar o jantar no fogão, como acontecia antes da chegada do forno de micro-ondas com sua prestação de R$ 33.)


Em setembro de 2007, um ano antes da crise da banca, a taxa de calotes estava em 7,3%, um índice razoável. Em junho do ano passado a porcentagem subiu para 8,6%. Hoje está em 7,8%.


A crítica de Vellozo Lucas aos custos financeiros dos empréstimos pode sinalizar o início de um novo PSDB. Finalmente, José Serra prevaleceria sobre a ekipekonômica de Fernando Henrique Cardoso.



Se, e quando, isso acontecer, em vez de associar a expansão do crédito ao fim do mundo, o tucanato descobrirá que pode defender menos juros para o andar de cima e mais bem-estar para o de baixo".

Escrito por Josias de Souza às 06h43

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Dalai-lama recebe medalha de fundação pró-democracia, no Congresso americano

da France Presse, em Washington

O dalai-lama, líder espiritual tibetano, recebeu nesta sexta-feira (19) em Washington a medalha da Fundação Nacional pela Democracia (NED, na sigla em inglês), uma organização sem fins lucrativos mantida pelo Congresso dos Estados Unidos.

O prêmio foi entregue na Biblioteca do Congresso, um dia depois de o dalai-lama ser recebido na Casa Branca pelo presidente americano, Barack Obama, encontro que irritou profundamente o governo chinês.

"Ao demostrar valentia moral e confiança em si mesmo contra a brutalidade e as injúrias, deu esperança não apenas a seu próprio povo como também a todos os povos oprimidos do mundo", declarou Carl Gershman, presidente da fundação, ao entregar a medalha ao dalai-lama, de 74 anos.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Com carta de renúncia pronta, Paulo Octávio afirma que vai esperar para decidir futuro político e segue no governo do DF

Do UOL Notícias
Em São Paulo

Em pronunciamento na tarde desta quinta-feira (18), o governador interino do Distrito Federal, Paulo Octávio, disse que tem uma carta renúncia pronta, mas disse que vai esperar para tomar uma decisão sobre seu futuro político. Ele continua, portanto, a frente do governo do DF, encerrando as especulações sobre sua possível renúncia.

"Apesar de ter minha carta de renuncia pronta e entregue à líder do meu partido, Eliana Pedrosa, eu aguardo alguns dias e, aí sim, tomaremos as decisões necessárias", disse. "Estou pronto, se for necessário, a renunciar. Durante à tarde, ouvi apelos de muitos partidos políticos e da imensa maioria da população brasiliense."

Paulo Octávio lembrou a falta de apoio dos partidos e pediu ajuda na governabilidade. Octávio disse ainda que Brasília atravessa "a maior crise política de seus 50 anos de existência". O governador interino disse ainda que uma possível intervenção federal no Distrito Federal seria uma "derrota para o todo o povo brasileiro".

"Não sou candidato ao governo, já renunciei (a isso), mas não posso renunciar ainda", afirmou Paulo Octávio.

O governador interino se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Cultural Banco do Brasil, sede provisória da Presidência da República em Brasília pela manhã. Participaram também do encontro o novo ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, e de Relações Institucionais, Alexandre Padilha.

O DEM vai avaliar a situação de Paulo Octávio na semana que vem. O partido poderá expulsar Octávio e intervir no Diretório Regional do DF. A estratégia de lideranças nacionais da legenda é a de tentar isolar a corrupção no partido no Distrito Federal. Desde a prisão de José Roberto Arruda, em 11 de fevereiro, o vice Paulo Octavio atua como governador interino do Distrito Federal.

Eleito em 2006 na chapa dos Democratas, Paulo Octávio Alves Pereira também presidia, desde 2008, a Regional do DEM-DF, cargo do qual se licenciou quando assumiu o governo.

O titular do cargo, José Roberto Arruda, está preso após decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça) e referendada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio Mello na semana passada. Arruda é acusado de participação de tentativa de suborno de uma testemunha do chamado mensalão do DEM, o esquema de enriquecimento ilícito e pagamento de propina a políticos por empresas de informática que tinham contratos no governo do DF, de acordo com investigação da Polícia Federal. Octávio é citado nas investigações e nega envolvimento no esquema.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Sob Arruda, fisiologia teve esmero do registro em ata

Fábio Pozzebom/ABr

As investigações da PF e da Procuradoria conferiram à gestão José Roberto Arruda a aparência de um sistema que gira em torno de verbas e privilégios.

Verbas para o próprio governador, auxiliares dele, e deputados que se dispuseram a vender as consciências.

Privilégios para as empresas que toparam retirar de suas caixas registradoras o dinheiro que abasteceu a folia subterrânea de Brasília.

À medida que a apuração avança, vai-se iluminando outro flagelo: o fisiologismo. O rateio de cargos completa o tripé de perversões em que se escorou Arruda.

Em discursos e comerciais televisivos, Arruda se vendia como um gestor moderno. Na prática cotidiana da gestão, entregava-se ao arcaísmo.

Documentos apreendidos pela PF na casa de um amigo e ex-assessor de Arruda mostram que o o governador fatiou entre amigos e aliados rateio 4.463 cargos.

São cargos de confiança, nomeados politicamente, sem concurso. A prática é comum. Está presente no governo federal e eem outras gestões estaduais e municipais.

Sob Arruda, porém, o fisiologismo ganhou um requinte: definidos em reunião da qual participou o próprio governador, os critérios da partilha foram assentados em ata.

Deu-se em 2007, no alvorecer da “nova” administração. Tudo registrado em dois documentos recolhidos pela PF numa batida policial.

Encontravam-se na casa de Domingos Lamoglia, ex-chefe de gabinete de Arruda, apeado do cargo depois da implosão do esquema dos panetone$.

Um dos papéis anota no título: “Sugestão do grupo especial, encarregado de controlar as nomeações no GDF”.

Mais adiante, o documento explica, em linguagem clara como água de bica, a razão do rateio: “Diminuir a pressão sobre o senhor governador”.

De acordo com os papéis manuseados pela PF, cada secretário do governo Arruda pôde preencher 20 cargos. Juntos, nomearam 320 pessoas.

Aos 21 presidentes de empresas vinculadas ao GDF, dez nomeações por cabeça –total de 210 cargos.

Os papéis atribuem a um time seleto –“Os 23 amigos do grupo JRA”— a primazia na indicação de apaniguados para 690 cargos de “confiança”.

“JRA” são as iniciais de José Roberto Arruda. Entre os “amigos” da sigla, o próprio Lamoglia; Omézio Pires, assessor de imprensa do governador...

...E o deputado Alberto Fraga (DEM), hoje secretário de Transportes. Para cada um deles, foram reservados 30 cargos.

Fica-se com a impressão de que, na gestão Arruda, o fisiologismo não é parte do sistema. É o próprio sistema.

Tão integrado ao cenário da Brasília do governador preso quanto as curvas da arquitetura de Oscar Niemeyer.

Escrito por Josias de Souza às 05h06

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Fernando Henrique diz que topa concorrer contra Dilma Rousseff, se José Serra desistir

João Prestes

Após disparar críticas ferozes contra a ministra-chefe da Casa Civil Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à Presidência da República, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso demonstra que está longe de esgotar seu arsenal. Agora, segundo releva a coluna Brasília DF do jornal Correio Braziliense, FHC insinua que, caso o governador de São Paulo, José Serra, não tope ser o candidato tucano à Presidência, ele enfrenta a parada.

FHC encara a disputa como mais um round contra Lula, que já derrotou duas vezes (nas eleições de 1994 e 1998). O ex-presidente tem repetido que Dilma é apenas “reflexo” de Lula, ainda a considera “dogmática” e “autoritária”, segundo matéria divulgada na imprensa internacional.

A reação de FHC se dá após o fechamento de uma pesquisa ainda não divulgada, que confirma o crescimento da popularidade de Dilma e a queda de José Serra. Os dois aparecem empatados na intenção de votos para presidente da República. A pesquisa provocou grande estresse no Palácio dos Bandeirantes e alimenta especulações de que Serra pode desistir da disputa, diz a coluna do CB.

Na contramão de Serra, e talvez na intenção de estimulá-lo, surge o ex-presidente FHC com sua “disposição” de enfrentar o palanque. O ex-ministro da Educação na era FHC, Paulo Renato, foi um dos que ouviu da boca do ex-presidente essa disposição para o confronto eleitoral com Lula e o PT.

Os interlocutores interpretam a fala de FHC como uma forma de pressão sobre Serra e um “puxão de orelhas” no governador, cuja estratégia é se fingir de morto e permanecer no cargo até o último momento. Além disso, Serra tem evitado confronto aberto com o presidente Lula, que flutua em índices de popularidade recordes. FHC avalia que é um erro de conceito, que pode levar os tucanos à nova derrota eleitoral, sem falar que Serra deixa no ar a possibilidade de desistir da candidatura.

Por isso, FHC subiu o tom das críticas ao governo Lula e à candidata petista. E não pretende baixá-lo. Segundo o ex-presidente da República, é preciso enfrentar o debate político com Lula e o PT, pois o lulismo representaria uma ameaça ao avanço institucional do país, descambando para o velho populismo latino-americano. Além disso, Dilma representaria uma guinada do país para o capitalismo de Estado e a xenofobia nacionalista.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Prisão de Arruda foi "dia histórico" contra a impunidade, diz Simon; para Marina, detenção é justa

Da Agência Senado

A decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) de determinar a prisão preventiva do governador licenciado José Roberto Arruda, por tentativa de obstrução dos trabalhos da Justiça, fez da última quinta-feira (11) "um dia histórico", na avaliação do senador Pedro Simon (PMDB-RS).

Para o parlamentar, 2010 poderá ser considerado o ano em que o Brasil, pela primeira vez, adotou um ato contra a impunidade. Esse fato, disse, tem ainda maior amplitude por ter sido na mesma data de comemoração dos 20 anos da libertação do ex-presidente sul-africano Nelson Mandela.

Para o senador, a decisão "feliz e correta" do juiz relator da Operação Caixa de Pandora, Fernando Gonçalvez, não representa o julgamento antecipado de Arruda e nem a eliminação do seu direito de defesa, mas a garantia de isenção para apuração e julgamento dos fatos.

Foi um ato inédito, avaliou ainda o senador.

- Nós só queremos que isso seja feito com isenção. Nós só queremos mostrar à sociedade brasileira que político também pode ir para a cadeia.

Banqueiro ainda não. Porque o presidente do Supremo [Tribunal Federal] já soltou duas vezes, mas político pode - afirmou o senador.

Simon afirmou não estar feliz com a prisão do governador licenciado do DF e disse até ter rezado por ele, não para que seja solto, mas para que tenha a capacidade de suportar o que aconteceu.

Para Simon, o período que deverá passar na prisão será bom para Arruda e para a sociedade brasileira.

Constituinte

Simon defendeu também a convocação de uma Assembleia Constituinte exclusivamente para deliberar sobre questões como ética na política, a situação dos partidos e o financiamento público de campanha, cujos integrantes ficariam proibidos de participar de campanhas políticas por dez anos, como forma de assegurar a isenção das decisões.

Ele afirmou que até renunciaria ao mandato de senador para participar dessa constituinte.

O senador também ressaltou ser de responsabilidade do Congresso Nacional a alteração do Código de Processo Penal para acabar com os dispositivos protelatórios do processo judicial que acabam por beneficiar políticos corruptos. Segundo disse, políticos acusados de irregularidades sempre escolhem advogados competentes, não para que os ajudem a ser absolvidos, mas para encontrar meios de levar à prescrição do caso por decurso de prazo.

Em aparte, a senadora Marina Silva (PV-AC) criticou a tentativa de obstrução da Justiça por Arruda. A senadora também disse ser necessário aperfeiçoar os processos de governança e de controle social para coibir a corrupção. Ela firmou estranhar o silêncio com relação aos "fatos em Brasília", com o que concordou Simon. Ele disse que talvez isso esteja acontecendo por se tratar de um caso único: o da prisão de um governador na democracia.

Marina defende prisão

Da tribuna, a senadora Marina Silva (PV-AC) disse nesta sexta-feira (12) que considerava justa, mas não se regozijava com a prisão do governador José Roberto Arruda, do Distrito Federal, acontecida na última quinta-feira (11), por denúncias de corrupção. Para ela, o acontecido deixa tristes os que acreditam na política como contribuição para a resolução de problemas do país, mas também traz outros ensinamentos: a necessidade de o ser humano se auto-vigiar para evitar cair nas tentações e de as instituições serem transparentes, para que possam ser objetivamente controladas pela sociedade.

- Quando nós não temos processos que nos levem à transparência, ao acompanhamento, ao controle social, a corrupção consegue um maior espaço e um maior desenvolvimento. Infelizmente, as pessoas ainda entendem os processos de controle e participação social como sendo algo que atrapalha a gestão. Mas o que mais atrapalha a gestão pública é a falta dessa transparência, que leva ao desvio de dinheiro - explicou Marina.

Para ela, então, é essa falta de institucionalidade e de transparência que leva a situações infelizes como essa que ocorreu no Distrito Federal, com a prisão do governador Arruda, situação, porém, que não deve ser comemorada.

- Não sou de me regozijar com a desgraça alheia, eu preferia ter um bom exemplo do Distrito Federal. Obviamente que esse problema da corrupção, a prisão do próprio governador Arruda acaba manchando todo o trabalho que se fez, inclusive na área da educação - lamentou Marina, dizendo que preferia discursar para citar os bons exemplos.

A parlamentar lembrou que a Justiça não tem sentido de vingança, mas é mecanismo legal capaz de fazer parar o indivíduo que prejudica a sociedade. Serve também, avaliou ela, para não deixar na sociedade a sensação da impunidade, principalmente porque o governador faz parte do grupo denominado de "colarinho branco". Se não há punição, a corrupção pode deteriorar as estruturas de uma sociedade, acrescentou.

- A corrupção é um fenômeno que acompanha, como uma sombra, a história brasileira - disse a senadora, defendendo um trabalho contínuo de esclarecimento sobre a necessidade de combate da corrupção na política. Como ação concreta e um primeiro passo, ela defendeu a mudança nas regras dos financiamentos de campanha.

Apoios

Em aparte, Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) elogiou o tema abordado pela senadora, acrescentando que algumas pesquisas demonstram que a própria sociedade não acredita ser possível fazer política sem corrupção. Ele lembrou que a venda de votos não é praticada apenas pelos pobres, mas também pelos ricos, que depois cobram do político, sob a forma de corrupção, o voto dado.

Também em apoio ao discurso de Marina, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) disse que lastimava o que estava acontecendo, mas citou o caráter histórico da prisão de José Roberto Arruda. Por ser o Brasil considerado o país da impunidade, disse, a prisão do governadoré um marco, pois, "enfim, um político importante foi para a cadeia".

Ainda ao final do discurso de Marina, o senador Mão Santa (PMDB-PI) elogiou o pronunciamento da senadora, pontuando que fatos como o ocorrido em Brasília são também uma amostra do quanto a República ainda é jovem.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Inverno rigoroso paralisa transportes e coloca hemisfério norte em alerta

LONDRES - Uma frente fria do Ártico provoca uma onda de frio sem precedentes no hemisfério norte. O Reino Unido passou pela noite mais fria do inverno nesta sexta, com temperaturas na casa dos 20 graus abaixo de zero. França, Rússia, Espanha e Alemanha estão em alerta devido às fortes nevascas. Na América do Norte, a região dos Grandes Lagos, na fronteira com o Canadá, deve sofrer com temperaturas na casa dos 35 graus negativos.

* Frio aumenta tráfego em sites de encontros na Grã-Bretanha
* Fotoshow: veja imagens das nevascas no hemisfério norte




Ônibus escolar fica preso na neve em Omaha, Nebraska, no norte dos EUA / AP

A baixa temperatura e a neve deram origem a grandes problemas em transportes, escolas e indústria, e dezenas de grandes empresas convivem com racionamento na provisão de gás na Grã-Bretanha para atender as necessidades domésticas, que alcançaram níveis recorde devido a aquecedores.

Grupos empresariais e políticos britânicos da oposição criticaram a "vulnerabilidade" do sistema de provisão energética do país e pediram a construção de mais estações de gás tanto para uso doméstico como industrial.

Caos nos tramportes britânicos

As companhias aéreas continuam anunciando atrasos e cancelamentos. A Easyjet confirmou mais 30 voos que não partiram, totalizando aproximadamente 500 na semana. A British Airways, que ontem cancelou 113 voos em Heathrow e 36 em Gatwick (ambos aeroportos de Londres) confirmou que houve vários atrasos em algumas de suas operações.

Os principais aeroportos do país, incluindo os que atendem a Londres, seguem abertos, mas os passageiros são aconselhados a se informarem sobre o estado de seus voos antes de chegar aos terminais. Os serviços da ferrovia Eurostar, que une a Inglaterra com o continente europeu, ainda não voltaram à normalidade, depois que, na quinta-feira, um dos trens teve problemas no túnel sob o canal da Mancha.


Placa alerta para fina camada de gelo em lago em Wimbledon, na Grã-Bretanha / AP

Várias companhias ferroviárias que operam várias linhas pelo país voltarão a sofrer hoje interrupções ou fortes atrasos depois que ontem foram cancelados muitos serviços durante a manhã, e se espera uma redução das frequências em alguns trechos.

O Escritório Meteorológico advertiu aos motoristas que as estradas estão em condições extremamente perigosas devido à neve ou ao gelo em todo o país.

Alguns diários britânicos publicam hoje em suas primeiras páginas uma foto do Reino Unido, tirada por um satélite, na qual o país aparece inteiramente coberto por uma camada branca.


Foto de satélite mostra Grã-Bretanha coberta de neve / AP

Mais frio na Europa

Esperam-se 40 centímetros de neve na tarde desta sexta-feira na Alemanha, com ventos fortes e expectativa de caos no trânsito.

Os aeroportos convocaram funcionários extras e operadores das linhas férreas alertaram para atrasados. "O que está sendo previsto para o fim de semana poderia acarretar condições de tráfego caóticas e potencialmente deixar amplas áreas da Alemanha paralisadas", alertou o Auto Clube da Europa.

Em cidades como Dusseldorf, a Cruz Vermelha está montando tendas aquecidas para acomodações de emergência, já que até 10 moradores de rua morreram congelados em semanas recentes por causa das baixas temperaturas.

O norte da Espanha espera queda de mais neve, enquanto o sul do país enfrenta várias enchentes.

Na França, o serviço de metereologia do país alertou que continuará nevando forte. Partes do país - principalmente a região sudoeste de Provence - estão sem luz e sofrendo com atrasos no sistema de transporte depois que até 20 centímetros de neve caíram nos últimos dias.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

MAURÍCIO KANNO
colaboração para a Folha Online

O químico Luis Roberto Brudna Hölzle, 35, acha ciência uma coisa engraçada. Foi justamente a curiosidade "pelo maluco e pelo estranho" que o atraiu para a área.

Com pós-doutorado em eletroquímica pela Universidade de Paris 11, o professor e pesquisador da Universidade Federal do Pampa (RS) é também pai do site Humor na Ciência, com cerca de 1.500 visitas por dia.

Arquivo pessoal
O químico Luis Roberto Brudna Hölzle, 35, autor do site "Humor na Ciência"; desde 1999, coleta "materiais engraçados" pela internet
O químico Luis Roberto Brudna Hölzle, 35, autor do site "Humor na Ciência"; desde 1999, coleta "materiais engraçados" pela internet

O físico norte-americano Richard Feynman (1918-1988), pioneiro da eletrodinâmica quântica e Nobel de Física em 1965, é a principal referência de Brudna.

O Nobel em Física chegou a publicar até um livro contando histórias engraçadas de sua vida ("Surely You're Joking, Mr. Feynman!") --veja exemplo mais abaixo.

"Tento praticar uma vida alegre e divertida inspirado nele", diz o químico blogueiro. "O humor é a forma mais eficiente de se levar conceitos básicos para a população".

Para quem quer dar risada com o mundo da ciência, Brudna indica os famosos prêmios anuais Ig Nobel, sobre pesquisas estúpidas, organizados pelo site Improbable Research.

Divulgação
Richard Feynman, ganhador do prêmio Nobel de Física em 1965
Richard Feynman, ganhador do prêmio Nobel de Física em 1965

Há ainda o site brasileiro Efeito Ázaron e o Science Jokes, em inglês, organizado pelo holandês Joachim Verhagen. A página estrangeira afirma ter coletado mais de 2.500 piadas científicas desde 1979, quando o compartilhamento ainda era feito pela rede de mensagens Usenet.

Os últimos posts no blog de Brudna abordam temas comuns ao dia-a-dia de quem acompanha o noticiário. Em um deles, comenta a novela das sete "Tempos Modernos", exibida na TV Globo, que mostra o "primeiro modelo de computador com o fenomenal conceito de Burrice Artificial.

O outro post recente do químico refere-se à reportagem "Amor em Londres é tão raro quanto encontrar aliens". Brudna conclui: "Acho que é melhor não exigir demais".

Uma das piadas que Brudna mantém no site é sobre uma versão da história dos três porquinhos em estilo de exercício de matemática. Nela, o lobo mau até ameaça denunciar um porquinho por crime ambiental, e o porquinho mais esperto constrói um dispositivo com sensor térmico para detectar o vilão.

Há também uma receita para se construir uma máquina do tempo com um buraco negro. "É bom avisar os vizinhos para que não se assustem com a explosão", adverte.

Reprodução
"Nano vaso sanitário"
"Nano vaso sanitário", charge científica

Veja outras piadas curtas que ele selecionou:

*

Guia prático para a ciência moderna:

-Se se mexe, pertence à biologia
-Se fede, pertence à química
-Se não funciona, pertence à física
-Se ninguém entende, é matemática
-Se não faz sentido, é psicologia

*

Reprodução
Imagem de nanotubos em formato "Playboy"
Imagem de nanotubos em formato "Playboy"

Foi comprovado que pesquisa causa câncer em ratos.

*

Você soube que um biólogo teve gêmeos?
Ele batizou um e manteve o outro para controle.

*

Preciso arranjar 1/2 de levar-te a 1/4 e fazer de teu pai 1/9...

*

Estatísticas são iguais a biquínis; o que elas revelam é sugestivo, mas o que elas escondem é essencial.


Reprodução
"NanoPutianos", síntese de moléculas antropomórficas, "inúteis mas divertidos", segundo Brudna
"NanoPutianos", síntese de moléculas antropomórficas, "inúteis mas divertidas", segundo

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

FHC diz que Dilma é ‘boneco’ e Lula seu ‘ventríloquo’

Convidado a discursar num seminário organizado por prefeitos e governadores do PSDB, Fernando Henrique Cardoso falou sobre a sucessão de 2010.



Comparou a Dilma Rousseff (PT) a “um boneco”. Disse que a ministra-candidata é “manipulada” pelo "ventríloquo" dela, Lula.



Duvidou das chances de êxito da transfusão de votos de Lula para Dilma. O eleitor, disse FHC, “desconfia de bonecos”.



As provocações de FHC soaram no último sábado (6), véspera da veiculação de seu último artigo, no qual rotulou lula de “tosco”, “mentiroso” e “dissimulado”.



No texto, o ex-presidente aceitou o desafio plebiscitário feito por Lula: “Se o lulismo quiser comparar, sem mentir e sem descontextualizar, a briga é boa. Nada a temer”.



Neste domingo (7), Dilma e outros expoentes do PT reagiram ao artigo do grão-tucano.



Embora José Serra, o rival tucano de Dilma, continue se fingindo de morto, a sucessão vai chegando, devagarinho, ao ponto de ebulição. FHC parece ter cansado de apanhar indefeso.


Escrito por Josias de Souza às 03h45

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Brasil lança programa de defesa "mais ambicioso" da América do Sul para se tornar potência mundial, diz especialista

Talita Boros
Do UOL Notícias
Em São Paulo

Ao contrário de outros países emergentes, o Brasil não se engajou na corrida armamentista mundial das últimas décadas. Em 2009, de acordo com o relatório elaborado pelo Instituto Internacional de Estudos Estratégicos , com sede em Londres, o país resolveu mudar de postura e lançou o programa de defesa mais ambicioso da América do Sul.

Para Gunther Rudzit, coordenador do curso de relações internacionais da Faap (Fundação Armando Alvares Penteado, em São Paulo), o país finalmente está em busca de destaque internacional. “Para um país ser reconhecidamente considerado uma potência, ele tem que ter estrutura militar e é isso que o Brasil está fazendo agora, correndo atrás do que não investiu nos últimos 30 anos”, disse.

Em 2009, o orçamento de investimentos do ministério da Defesa foi de R$ 4,2 bilhões. Para 2010, a previsão aprovada pelo Congresso é de R$ 7,2 bilhões, ou seja, um aumento de mais de 41% em relação ao ano anterior.

Segundo o documento apresentado pelo instituto britânico, o maior interesse do país é ocupar uma posição de destaque no grupo dos Bric – formado pelos quatro principais países emergentes do mundo: Brasil, Rússia, Índia e China.

Na opinião de Rudzit, para ser reconhecido pelo G6 - Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França e Itália –, o Brasil tem que mostrar bem mais do que apenas capacidade econômica e um bom perfil ambiental.

“O estado do inventário militar brasileiro é bastante preocupante. O investimento em aviões e submarinos é essencial. O país necessita de investimento pois os aparelhos estão obsoletos”, afirmou.

Grandes investimentos
Em setembro de 2009, o Senado aprovou dois dos maiores programas brasileiros na área de defesa – o Prosub e o H-X BR – para a construção do primeiro submarino de propulsão nuclear brasileiro, acompanhado de quatro submarinos convencionais e de 50 helicópteros. De acordo com o Ministério da Defesa, os dois projetos serão desenvolvidos com transferência de tecnologia francesa.

O Prosub (Programa de Desenvolvimento de Submarinos), segundo informações do ministério, terá um custo total de cerca de R$ 19 bilhões, dos quais R$ 12,1 bilhões serão financiados e os R$ 6,9 bilhões restantes serão pagos diretamente com recursos do Tesouro Nacional. O financiamento dos submarinos será pago pelo Brasil em 20 anos (2010 a 2029) ao consórcio formado pelos bancos BNP Paribas S.A, Societé Generale, Calyon S.A. Credit Industriel et Commercial, Natixis e Santander.

Ainda de acordo com o ministério, a construção dos 50 helicópteros do Projeto H-X BR será realizada pela fábrica da empresa Helibrás, em Itajubá (MG). O projeto custará cerca de R$ 5,1 bilhões, dos quais R$ 4,9 bilhões serão financiados pelos franceses, em nove anos, e R$ 232 milhões serão desembolsados pelo Tesouro. Cada força – Marinha, Exército e Aeronáutica – receberá 16 helicópteros e as outras duas aeronaves serão destinados a FAB para transporte de autoridades.

Como 2010 é o primeiro ano de pagamento brasileiro dos dois novos projetos, dos R$ 7,2 bilhões previstos para o orçamento de investimentos deste ano, R$ 630 milhões são destinados ao H-X BR e R$ 2,3 bilhões ao Prosub.

O relatório elaborado pelo instituto britânico destaca essas novas aquisições militares brasileiras, aliadas ao desenvolvimento nacional, como uma das causas do "ambicioso" programa de militarização do país. O estudo cita ainda o interesse do Brasil em desenvolver tecnologia nuclear para a propulsão de submarinos, a transferência de tecnologia e o investimento estrangeiro na indústria de defesa nacional.

Outra medida ressaltada pelo instituto está a criação da Secretaria de Produtos de Defesa, que centralizará as aquisições militares previstas no novo programa. O relatório cita, no entanto, o impacto da crise financeira no país, que obrigou o governo a atrasar os planos de renovação de frotas devido aos problemas econômicos.

Rafale, o favorito do governo
Uma das maiores polêmicas dentro dos novos investimentos militares do Brasil é a compra de caças que serão usados pelas Forças Armadas. Segundo reportagem publicada na quinta-feira (4) pela "Folha de S.Paulo", o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Defesa, Nelson Jobim, bateram o martelo a favor da França na compra do caça Rafale após a Dassault reduzir de US$ 8,2 bilhões (R$ 15,1 bilhões) para US$ 6,2 bilhões (R$ 11,4 bilhões) o preço do pacote de 36 aviões para a Força Aérea Brasileira.

O ministro Nelson Jobim negou que o governo já tenha decidido comprar os caças franceses Rafale para a Força Aérea Brasileira. Segundo Jobim, não há fundamento na informação divulgada hoje de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já teria aceitado a oferta da empresa francesa Dassault em reduzir em 25% o preço das 36 aeronaves. “Não está definida a compra dos caças. O processo ainda está no âmbito do Ministério da Defesa. A notícia não tem fundamento”, disse.

Quando as negociações foram iniciadas, a FAB (Força Aérea Brasileira) teria mostrado interesse pela compra do modelo Gripen NG, de fabricação sueca, em detrimento da oferta francesa de aviões Rafale, mas o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, destacou que a decisão da compra era política e não apenas militar. Na época, o presidente Lula já havia mostrado preferência pelas aeronaves francesas, pois a França prometeu ao Brasil transferência de tecnologia sem restrições.

  • Staff Sgt. Aaron Allmon/U.S. Air Force/Divulgação

    Caças da Boeing estão entre as concorrentes pela preferência do governo brasileiro

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

O plebiscito de 2010 (Antonio Lassance - Carta Maior)

Há sinais contundentes de que Lula se tornou muito maior do que ele próprio. Mais do que um novo governo, sua liderança proporcionou uma mudança na fisionomia, na musculatura e na desenvoltura do Estado e uma transformação das formas pelas quais a sociedade se relaciona com este Estado e com a política.

Antonio Lassance

Num auditório repleto, trabalhadores sem-terra e assentados da reforma agrária, de bonés vermelhos e bandeiras empunhadas, discutem crise civilizatória, democracia, sustentabilidade e disputa contrahegemônica. Mas se discute, na ordem do dia, 2010.

Reunidos em uma das mesas do Fórum Social Mundial Temático, na Bahia, os painelistas, representantes de organizações do movimento, trataram da relação íntima entre desenvolvimento inclusivo e democracia; da necessidade de políticas orientadas para as especificidades regionais (diferenças climáticas, diversidade de potenciais produtivos, de biomas e ecossistemas) e da distinção entre segurança alimentar e soberania alimentar.

Em seguida, o inventário de críticas ao que o Governo Federal supostamente poderia ter feito e não fez, além da marcação de posição sobre o que separa as políticas governamentais da orientação dos movimentos. Na conclusão de cada uma das falas, dois registros importantes: o primeiro, que 2010 é um ano de disputa política entre projetos distintos. O segundo registro é o de que esta disputa exigirá muita discussão para se alcançar unidade no campo de esquerda.

Traduzindo em bom português: os candidatos, em qualquer nível, devem estar preparados para apresentar propostas, ouvir críticas e assumir compromissos, se quiserem o apoio dos movimentos de trabalhadores rurais.

A questão agrária tem um traço em comum com inúmeras outras questões, como a Educação, a Saúde, a política macroeconômica: suas definições não se dão de forma isolada, no âmbito exclusivo da luta social setorial, mas no plano da política e na dimensão institucional, basicamente pela necessidade de inscrever os resultados da luta social na institucionalidade formal que orienta a ação do Estado.

O presidencialismo federativo brasileiro funciona à base de coalizões para governar, o que explica o fato de que os governos precisam contar com partidos que abrigam, em seus quadros, representantes de setores muitas vezes antípodas no que concerne a determinada questão setorial.

No Brasil, como em outros países presidencialistas, a possibilidade de se alterar o 'status quo' depende muito do presidente, mas não só dele. Seu governo precisa contar com supermaiorias em cada Casa do Congresso. Do contrário, a minoria pode se valer de dispositivos regimentais para atrasar ou mesmo bloquear a tramitação da pauta prioritária do Executivo. Tarefa árdua. Esta é uma das razões pelas quais, muitas vezes, as iniciativas do Executivo parecem tímidas diante da expectativa de alguns setores progressistas em particular, mesmo quando constituem um grande salto em termos institucionais e de avanço nas políticas públicas.

Por isso 2010 é tão importante. Trata-se de uma eleição que elegerá não só representantes, mas coalizões. Decidirá se a trajetória atual do Estado brasileiro e das políticas públicas em curso será acelerada ou interrompida.
Em 2006, ainda era muito cedo para se testar o quanto que os partidos de esquerda e as organizações populares teriam acumulado forças. Em oito anos, o teste passa a ser mais significativo. Já é quase uma década de uma experiência política inédita na política brasileira e que alterou profundamente o quadro social e econômico do País. Houve redução das desigualdades, o surgimento de uma classe média egressa de setores pobres, a ampliação das políticas públicas de proteção e promoção social e a reconstrução de várias áreas do Estado que haviam sido enfraquecidas, extintas ou desvirtuadas.

A trajetória do primeiro mandato, centrada no esforço de “arrumar a casa” e dar início a políticas de proteção social e promoção de direitos, foi devidamente ajustada, no segundo, para que o País acelerasse e consolidasse mudanças sociais e econômicas.

O grande teste, mais uma vez, é político. A consistência dos indicadores de popularidade do presidente Lula demonstra que seu legado tem se traduzido em reconhecimento político extraordinário. Há quem considere que tal prestígio está associado íntima e exclusivamente à figura do Presidente.

Há sinais contundentes de que Lula se tornou muito maior do que ele próprio. Ou seja, mais do que um novo governo, sua liderança proporcionou uma mudança na fisionomia, na musculatura e na desenvoltura do Estado brasileiro e uma transformação das formas pelas quais a sociedade (a plebe) se relaciona com este Estado e com a política. Tais mudanças trouxeram ingredientes de uma outra lógica para dentro da política brasileira.

O primeiro indicador importante está sendo dado neste exato momento em que se tem a chance de uma campanha de cunho plebiscitário (que independe do fato de haver mais de dois candidatos), na qual se percebe que os projetos são distintos e que o que está em jogo não são apenas os próximos quatro anos de mandato, mas os oito anos que passaram, a década que acabou de começar e o país que se projeta para o futuro.

Antonio Lassance, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), professor de Ciência Política e assessor da Presidência da República. É um dos autores do livro “Tecnologia social: uma estratégia para o desenvolvimento”.