segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Acirrada a tertúlia entre Legislativo e Judiciário (Carlos Chagas - Tribuna da Imprensa)

BRASÍLIA - Com uma semana de atraso o presidente do Supremo Tribunal Federal deu resposta ao presidente do Congresso, que de corpo presente havia acusado o Judiciário de pensar que era Legislativo. Na sessão destinada a referendar a decisão do Tribunal Superior Eleitoral que considerou pertencerem os mandatos aos partidos, não aos mandatários, Gilmar Mendes declarou ser a lentidão do Congresso o motivo para os tribunais superiores agirem como agem.

Não havia razão para Garibaldi Alves estar no julgamento, mas cinco minutos depois, em seu gabinete na presidência do Senado, era informado por um araponga das palavras do ministro. Demorou pouco para entrar em contato com o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, desencadeando uma espécie de operação-relâmpago, destinada a colocar em votação entre os deputados o projeto de lei já aprovado no Senado, estabelecendo janelas para parlamentares escapulirem da fidelidade partidária.

Isso porque, conforme dispôs o Supremo, acompanhando o TSE, quem mudou de partido desde o ano passado deve perder o mandato. Seria um desastre para a classe política. A idéia é ver aprovado o projeto ainda este ano, estabelecendo que de quatro em quatro anos os parlamentares poderão trocar de legenda sem perder o mandato. Mais ainda: que até a sanção da lei, fica o passado completamente apagado, quer dizer, quem mudou está mudado e pronto.

Caso a estratégia dos presidentes do Senado e da Câmara dê certo, haverá que aguardar a tréplica de Gilmar Mendes, talvez baseada no fato de que a decisão do Tribunal Superior Eleitoral e do Supremo Tribunal Federal vale durante o período anterior à nova lei. Prevê-se nova tertúlia entre o Judiciário e o Legislativo, sob os olhares felizes do Executivo.
Não dá para entender

Até o final da semana o preço do barril de petróleo caiu para 56 dólares, no mercado internacional. Três meses atrás estava em 144 dólares. Não se discute o prejuízo das empresas petrolíferas, pois nenhuma delas abriu a boca para protestar. Pelo contrário, estão felizes, alardeando lucros jamais registrados.

Fica para outro dia analisar os meandros dessa megaespeculação mundial capaz de ter favorecido árabes e não árabes, inclusive caboclos como nós, através da Petrobras. A empresa jamais ganhou tanto como agora, parabéns para ela. Apenas uma pergunta fica no ar: para o consumidor de gasolina, óleo diesel e demais derivados, os preços nas bombas eram uns, com o petróleo a 144 dólares. Por que, então, não baixaram, se o petróleo recuou para 56 dólares?

Tem gente faturando além do lógico, melhor seria dizer, tem gente roubando. Em toda a cadeia que vai da extração à venda final, calam-se todos. Sequer explicam a causa de a lei mundial do mercado não valer quando o vento sopra a seu favor. Esse é mais um exemplo da falácia do modelo neoliberal que nos assola.
Se o PT não fizer besteira...

Do Rio Grande do Sul chegam notícias de estar mal a imagem da governadora Yeda Crusius. Caso o minuano não mude de rumo, dificilmente ela se arriscará a disputar um segundo mandato, em 2010. Como a sucessão gaúcha só perde para a sucessão nacional, em termos de interesse público faz muito que começaram as especulações.

O PT, como oposição derrotada, vê crescerem suas chances de voltar ao Palácio Piratini, mas só se tomar juízo. Continuando a disputa infantil entre Tarso Genro e Olívio Dutra, o resultado será a derrota de ambos, o que for escolhido candidato e o que for preterido. Há quem suponha que se Dilma Rousseff não emplacar como candidata ao Palácio do Planalto seria a indicada do presidente Lula para disputar a sucessão gaúcha. O problema é que se o chefe do governo se der ao trabalho de percorrer a Rua da Praia, de preferência incógnito, sairá com a certeza de que a chefe da Casa Civil teria mais chances no plano federal do que no estadual. Não sensibiliza um chimango, nem um maragato.

O candidato de que o PT dispõe, com reais possibilidades de vitória, é o senador Paulo Paim. Não por ser o primeiro negro a ocupar o governo do Rio Grande, porque Alceu Collares já ocupou, mas por haver-se tornado o campeão das causas populares. Os esparsos projeto de melhoria dos aposentados, dos assalariados e dos desvaforecidos têm sido de sua lavra, no Congresso.

Registre-se o fato de que o presidente Lula deixou de gostar de Paim, apesar de terem morado juntos numa república brasiliense, durante os tempos da Assembléia Nacional Constituinte. A cúpula do PT acha o senador independente demais, ele que votou contra o arrocho previdenciário aprovado por instâncias do governo Lula. Quando o presidente vai ao Rio Grande, levando parlamentares gaúchos, sempre se esquece de convidar Paim. Não importa, se os companheiros quiserem ganhar a eleição, será com ele e mais ninguém.
Outro favorito

Por falar nas sucessões estaduais, registram-se hoje tendências claras em diversos estados. Poderão mudar, é claro, mas se as eleições se realizassem no próximo domingo teriam grandes chances:

Paulo Paim, no Rio Grande do Sul, Beto Richa, no Paraná, Patrus Ananias, em Minas, Sérgio Cabral, no Rio, Jacques Wagner, na Bahia, Jarbas Vasconcelos, em Pernambuco, Cid Gomes, no Ceará, José Maranhão, na Paraíba, Edison Lobão, no Maranhão, e Íris Resende, em Goiás, entre outros.

Valeria o leitor anotar essas previsões para cobrá-las em outubro de 2010 e ter a certeza de como são vãs as especulações jornalísticas. De qualquer forma, como dos 26 estados e o Distrito Federal citamos apenas dez, fica em aberto o leque para dezessete palpites.

sábado, 15 de novembro de 2008

Líderes do G20 convocam nova reunião para o dia 30 de abril

Washington, 15 nov (EFE).- Os Chefes de Estado e de Governo do Grupo dos Vinte (G20, que reúne os países mais ricos e os principais emergentes) decidiram dar hoje um maior peso aos países emergentes e em desenvolvimento nas instituições financeiras e convocaram uma nova cúpula para o dia 30 de abril.

A declaração final adotada após a Cúpula de Chefes de Estado e de Governo do G20 não especifica, no entanto, o local no qual acontecerá a próxima reunião.
UOL

domingo, 9 de novembro de 2008

Português: Mudança de Regras

Conheça as Novas Regras Ortográficas

As novas regras da língua portuguesa mexem com acentuação e hífen.
G1 elaborou tabela que traz regras atuais e o que vai mudar em cada uma.

Do G1, em São Paulo


Veja as regras atuais e o que vai mudar na língua portuguesa:



Alfabeto
Nova Regra
O alfabeto será formado por 26 letras
Como é
As letras “k”, “w” e “y” não são consideradas integrantes do alfabeto
Como será
Essas letras serão usadas em unidades de medida, nomes próprios, palavras estrangeiras e outras palavras em geral. Exemplos: km, kg, watt, playground, William, Kafka, kafkiano.





Trema
Nova regra
Não existirá mais o trema na língua portuguesa. Será mantido apenas em casos de nomes estrangeiros. Exemplo: Müller, mülleriano.
Como é
Agüentar, conseqüência, cinqüenta, freqüência, tranqüilo, lingüiça, bilíngüe.
Como será
Aguentar, consequência, cinquenta, frequência, tranquilo, linguiça, bilíngue.





Acentuação – ditongos “ei” e “oi”
Nova regra
Os ditongos abertos “ei” e “oi” não serão mais acentuados em palavras paroxítonas
Como é
Assembléia, platéia, idéia, colméia, boléia, Coréia, bóia, paranóia, jibóia, apóio, heróico, paranóico
Como será
Assembleia, plateia, ideia, colmeia, boleia, Coreia, boia, paranoia, jiboia, apoio, heroico, paranoico.
Obs: Nos ditongos abertos de palavras oxítonas terminadas em éi, éu e ói e monossílabas o acento continua: herói, constrói, dói, anéis, papéis, troféu, céu, chapéu.





Acentuação – “i” e “u” formando hiato
Nova regra
Não se acentuarão mais "i" e "u" tônicos formando hiato quando vierem depois de ditongo
Como é
baiúca, boiúna, feiúra, feiúme, bocaiúva
Como será
baiuca, boiuna, feiura, feiume, bocaiuva
Obs 1: Se a palavra for oxítona e o “i” ou “u” estiverem em posição final o acento permanece: tuiuiú, Piauí.
Obs 2: Nos demais “i” e “u” tônicos, formando hiato, o acento continua. Exemplo: saúde, saída, gaúcho.





Hiato
Nova regra
Os hiatos "oo" e "ee" não serão mais acentuados
Como é
enjôo, vôo, perdôo, abençôo, povôo, crêem, dêem, lêem, vêem, relêem
Como será
enjoo, voo, perdoo, abençoo, povoo, creem, deem, leem, veem, releem





Palavras homônimas
Nova regra
Não existirá mais o acento diferencial em palavras homônimas (grafia igual, som e sentido diferentes)
Como é
Pára/para, péla/pela, pêlo/pelo, pêra/pera, pólo/polo
Como será
para, pela, pelo, pera, polo
Obs 1: O acento diferencial ainda permanece no verbo poder (pôde, quando usado no passado) e no verbo pôr (para diferenciar da preposição por).
Obs 2: É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as palavras forma/fôrma. Em alguns casos, o uso do acento deixa a frase mais clara. Exemplo: Qual é a forma da fôrma do bolo?






Hífen – “r” e “s”
Nova regra
O hífen não será mais utilizado em prefixos terminados em vogal seguida de palavras iniciadas com "r" ou "s". Nesse caso, essas letras deverão ser duplicadas.
Como é
ante-sala, auto-retrato, anti-social, anti-rugas, arqui-rival, auto-regulamentação, auto-sugestão, contra-senso, contra-regra, contra-senha, extra-regimento, infra-som, ultra-sonografia, semi-real, supra-renal.
Como será
antessala, autorretrato, antissocial, antirrugas, arquirrival, autorregulamentação, autossugestão, contrassenso, contrarregra, contrassenha, extrarregimento, infrassom, ultrassonografia, semirreal, suprarrenal.




Hífen – mesma vogal
Nova Regra
O hífen será utilizado quando o prefixo terminar com uma vogal e a segunda palavra começar com a mesma vogal.
Como é
antiibérico, antiinflamatório, antiinflacionário, antiimperialista, arquiinimigo, arquiirmandade, microondas, microônibus.
Como será
anti-ibérico, anti-inflamatório, anti-inflacionário, anti-imperialista, arqui-inimigo, arqui-irmandade, micro-ondas, micro-ônibus.





Hífen – vogais diferentes
Nova regra
O hífen não será utilizado quando o prefixo terminar em vogal diferente da que inicia a segunda palavra.
Como é
auto-afirmação, auto-ajuda, auto-aprendizagem, auto-escola, auto-estrada, auto-instrução, co-autor, contra-exemplo, contra-indicação, contra-ordem, extra-escolar, extra-oficial, infra-estrutura, intra-ocular, intra-uterino, neo-expressionista, neo-imperialista, semi-aberto, semi-árido, semi-automático
Como será
autoafirmação, autoajuda, autoaprendizagem, autoescola, autoestrada, autoinstrução, coautor, contraexemplo, contraindicação, contraordem, extraescolar, extraoficial, infraestrutura, intraocular, intrauterino, neoexpressionista, neoimperialista, semiaberto, semiárido, semiautomático.
Obs: A regra não se encaixa quando a palavra seguinte iniciar por h: anti-herói, anti-higiênico, extra-humano, semi-herbáceo.

Fonte: Claúdia Beltrão, professora de português da Central de Concursos

sábado, 8 de novembro de 2008

O Globo imitando site de Aquidauana: “Barack Hussein Obama"

(Publicado no site da FM PAN de Aquidauana - MS)

Durante a campanha política em Aquidauana, não poupamos criticas a um site local que insistia em utilizar um nome de nulo apelo jornalístico para designar o candidato favorito Fauzi Suleiman, depois eleito Prefeito.


O tempo só veio confirmar a justeza de nossas afirmações, uma vez que o colunista Argemiro Ferreira, em artigo publicado na Tribuna de Imprensa, de hoje, encosta o jornal O Globo “na parede”, em face de habitual procedimento semelhante.


Sem maiores comentários, o que é absolutamente desnecessário, transcrevemos o seguinte trecho da coluna de Argemiro Ferreira:


“E aquele "Hussein" do jornal "O Globo"?

...

O respeito a Ali, Carter e Clinton

Fiquei implicado com a celebração triunfalista de "O Globo". Primeiro, por achar que o tributo era mais aos recursos técnicos da empresa, que se deu ao luxo de atualizar o resultado, divulgado tarde demais, em três primeiras páginas diferentes. As que circularam a tempo de pegar a distribuição normal certamente não tinham o resultado definitivo da votação - e para os demais jornais, não se justificava o custo da espera.


Era então apenas uma primeira página para efeito de relações públicas, feito jornalístico menor. Mas houve ainda a decisão, insólita e de mau gosto, da manchete "Presidente Barack Hussein Obama". No tempo em que eu fazia título no copy desk de "O Globo", o lutador de box que ganhou o título mundial dos pesos pesados, o bailarino que fora Cassius Clay ao nascer, adotou como adulto o nome Muhammad Ali - e assim era identificado na mídia.


Mesmo depois, quando os eleitores americanos elegeram um presidente chamado James Earl Carter Jr., o jornal da família Marinho só o chamava pelo nome adotado por ele, Jimmy Carter. E bem mais tarde, em 1992, ao ser eleito o candidato cujo nome original era William Jefferson Blythe III (o Clinton veio depois, era do padrasto), nas páginas de "O Globo" sempre foi (e continua a ser, até hoje) apenas Bill Clinton.


Que gênio do jornalismo teria decidido agora - e com que intenção - mandar o mancheteiro preferir aquele "Barack Hussein Obama", que os jornais em geral não usam nem em textos, quanto mais como manchete, quando a opção normal é pela economia de letras? Não sabia "O Globo" que aquele nome do meio, demonizado para preparar a invasão do Iraque, só é falado pelos odiadores do presidente eleito? E em especial os extremistas de "talk shows" do mais baixo nível?


Orgulho de ser único no mundo


Não afirmo que a intenção tenha sido ofensiva. Não vi antes textos ofensivos no jornal sobre Obama - nem na coluna pouco inspirada de Merval Pereira. Mas o "oba, oba!" da página 6 celebrou a opção como positiva. Relatou com orgulho ter sido aquela primeira página mostrada várias vezes na CNN, ao mesmo tempo em que um locutor explicava que foi a única no mundo a incluir aquele "Hussein" no nome do presidente eleito.”

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Veneno de cobra pode ajudar no combate ao câncer

Uma substância presente no veneno de certas cobras é capaz de impedir metástases - que ocorrem quando o câncer se espalha pelo organismo. O estudo foi desenvolvido pela pesquisadora Thereza Christina Barja-Fidalgo, da Universidade Estadual do Rio Uerj. A equipe coordenada por ela comprovou que proteínas isoladas do veneno de serpentes, as desintegrinas, reduzem a capacidade de ativação e de migração das células cancerígenas pelo organismo.

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Ao trabalhar com desintegrinas do veneno de espécies como a Bothrops jararaca, muito comum no Brasil, e as serpentes asiáticas Agkistrodon rhodostoma e Trimeresurus flavoviridis, Thereza Christina observou que estas substâncias são capazes de reduzir significativamente a proliferação e a migração de células de um tipo de melanoma, altamente metastásico em camundongos.

"A metástase do melanoma se dá por meio do sangue. Quanto mais vascularizado o órgão, maiores são as chances de as células tumorais proliferarem e atingirem os pulmões, por exemplo", afirma Christina, acrescentando que, além de diminuir as chances de formação de mais tumores, a ação das desintegrinas diminui também a atividade das células do melanoma, inibindo o crescimento acelerado do tumor.

Thereza Christina explica que a proliferação e a sobrevivência da célula cancerosa depende de sua capacidade de aderir a outras células e também de migrar dentro do organismo. Para isso, é necessário que ocorra a interação entre as próprias células, que é feita por proteínas da família das integrinas.

O trabalho, desenvolvido no Laboratório de Farmacologia Bioquímica e Celular do Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes (Ibrag), servirá de base para novos estudos que busquem a cura do câncer. "Acredito que essa pesquisa servirá de subsídio para um melhor entendimento da fisiologia da célula tumoral", diz Thereza Christina.

Em busca de um medicamento
A pesquisadora pondera que, embora nos experimentos com camundongos as desintegrinas tenham se mostrado bastante promissoras na terapia contra tumores e metástases, estas proteínas ainda devem ser encaradas como protótipos para o desenvolvimento de novas drogas. Pelo menos por enquanto não há previsão de quando ela será testada em humanos.

Segundo a cientista, sua obtenção a partir de veneno bruto ainda é cara e de pouco rendimento. "O veneno das cobras é uma matéria-prima muito cara. Estamos tentando obter fontes mais baratas de desintegrinas. Para tanto, estamos criando bactérias capazes de produzir essas proteínas responsáveis pela ligação seletiva a integrinas, obtendo assim uma fonte barata da substância", diz.

O Dia

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Obama é, mesmo, o "Bamba"!: Eleito 1º negro na presidência dos Estados Unidos




Democrata Barack Obama era favorito desde o estouro da crise financeira nos EUA, em meados de setembro

O democrata Barack Obama foi eleito no começo da madrugada desta quarta-feira o primeiro presidente negro dos Estados Unidos e o 44º da história do país. O republicano John McCain já telefonou a Obama parabenizando-o pela vitória e fez seu primeiro discurso após a derrota dizendo "aplaudir" o caráter histórico da vitória de Obama.

O atual presidente do país, o republicano George W. Bush, também já telefonou para Obama para dar os parabéns.

Nascido em Honolulu, no Havaí, em 4 de agosto de 1961, Barack Hussein Obama é senador por Illinois em seu primeiro mandato. Ele passou a juventude na ilha americana, onde se destacou pelo serviço comunitário. Com um bom histórico escolar, Obama formou-se em direito na tradicional pela Universidade Harvard, onde conheceu sua mulher, Michelle, e trabalhou como professor e defensor dos direitos civis em Chicago, antes de ser eleito senador.
Obama era um rosto pouco conhecido no cenário nacional até vencer as acirradas primárias democratas contra Hillary Clinton --tida como grande favorita na disputa presidencial. A experiência da disputa com a ex-primeira-dama fortaleceu sua estratégia de campanha e a mostrou que a promessa de mudança em tempos de insatisfação política funcionava.

Com o slogan "Mudança na qual podemos acreditar", Obama entrou como preferido na disputa presidencial contra o veterano republicano John McCain.

O resultado confirma a vantagem consolidada nas pesquisas após o estouro da crise financeira norte americana que assola as Bolsas de todo o mundo.

O voto popular, porém, ainda precisa ser confirmado pelos colégios eleitorais, no processo de votação indireta americano. Como nos EUA a eleição presidencial é indireta, quem efetivamente define o novo presidente são os representantes dos colégios eleitorais. Cada Estado tem um número de representantes proporcional à sua população e o colégio tende a endossar o candidato escolhido pelo voto popular.

Economia

A vantagem, apontam analistas políticos, foi consolidada pelo estouro da crise financeira, em meados de setembro, com a quebra do tradicional banco Lehman Brothers. "Nenhum dos dois [presidenciáveis] realmente apresentou uma solução real para a crise em curto prazo, mas Obama foi quem mostrou melhor aos eleitores que era capaz de retomar o crescimento da economia americana", disse Donald Kettl, professor de ciência política da Universidade da Pensilvânia.

Para o professor, Obama criou uma imagem de otimismo e tranqüilidade que os americanos queriam ver em seu candidato. "Ele é um político muito bom, mostrou que é calmo e inspirou confiança com sua retórica afiada. Obama se tornou um movimento político", disse, em entrevista por telefone à Folha Online, da Filadélfia.

Obama se beneficiou ainda do erro do rival republicano que, meses antes da crise financeira abalar a economia mundial, admitiu que a economia não era seu ponto forte e foi duramente criticado.

Recordes

A vitória de Obama marca ainda o sucesso de sua estratégia de campanha baseada em objetivos grandiosos e financiada pela maior arrecadação de verbas da história da política americana.

"Obama buscou novas fontes e formas de financiamento. Ele aliou os tradicionais grandes doadores com as vantagens e inovações da internet", disse Marie Gottschalk, professora de ciência política da Universidade da Pensilvânia e especialista em campanhas políticas, em entrevista à Folha Online, por telefone. O segredo do sucesso do senador, aponta Gottschalk, foi criar um entusiasmo inédito entre os jovens que se mobilizaram não apenas para votar, mas para arrecadar doações e incentivar mais pessoas a participarem do processo político.

Na internet, Obama provou que estava disposto a dar voz a todos os cidadãos. A campanha democrata montou 700 centros de jovens pró-Obama e, no Facebook, site de relacionamentos, mantém dois milhões de "amigos" contra 500 mil de McCain. Os jovens também aumentaram as platéias de seus comícios, que chegaram a reunir 100 mil pessoas.

"Obama levou a demagogia a um outro nível. Embora seja apenas um palpite, já que ainda não temos os dados sobre o perfil dos eleitores, é muito provável que a vitória de Obama seja resultado do entusiasmo inédito que ele causou nos jovens", avalia Gottschalk, acrescentando que o democrata deve influenciar a estratégia das próximas campanhas presidenciais nos EUA.