sexta-feira, 17 de outubro de 2008

AQUIDAUANA - MS: ARRANCADA PARA ERRADICAÇÃO DO "CORONELISMO" POLÍTICO

Eleições em Aquidauana repercutem no Estado


Crepúsculo dos coronéis
Do Jornal Boca do Povo
www.bocadopovonews.com.br

“Durante décadas os herdeiros do falecido ‘coronel’ Zelito mandaram
e desmandaram na pequena Aquidauana. Nesta eleição o Povo resolveu virar essa página. Quando outras cidades que ainda vivem com o pé no ‘coronelismo’ seguirão esse exemplo?”

O povo de Aquidauana virou a página das elites fazendeiras, forçando a cidade ingressar no surto de progresso ao romper com a esmaecida figura do “coronelismo” que sobreviveu neste Estado desde os primórdios do século passado. A vitória do empresário Fauzi Suleiman (PMDB), que derrotou Odilon Ribeiro, neto do “último dos coronéis”, inaugura uma nova era dos destinos da cidade. Tio do atual prefeito Felipe Orro, Odilon é cunhado do ex-deputado Roberto Moacar Orro, que antes de encerrar sua vida pública presenteou o filho com a administração da cidade.

Felipe Orro foi o derradeiro herdeiro do “coronelismo” inaugurado por seu avô, o ‘coronel’ Zelito, que administrou a cidade por três mandatos a partir de 1958. Felipe foi um prefeito sem tino administrativo. Comenta-se, que as suas mais importantes decisões administrativas e políticas foram comandadas por sua mãe, filha de Zelito, portanto, na atual administração o prefeito que não fez sucessor pode não ter passado de uma espécie de ‘tertius” da própria mãe.

A cidade, considerada portão do Pantanal, famosa pela sua “TFP” (Tradicional Família Pecuarista), manteve até 05 de outubro a hegemonia política da elite fazendeira, até que os currais eleitorais estouraram. O aristocrático e seleto grupo iniciado por Tico Ribeiro, agonizou e capitulou.

A derrota de Odilon Ribeiro fecha as cortinas da “Era de Coronelismo” deixada para trás. Aquidauana se liberta do fantasma com mais de 50 anos de atraso. Sua política da época do “pé-de-botina” ruiu. Nos momentos finais ainda mostrou os ameaçadores dentes de uma engrenagem que teimava em moer o prestígio dos oponentes, sendo necessária a intervenção da Força Nacional para conter os acirrados ânimos. A eleição de Fauzi – o Libertador – pode ser entendida como uma vitória do povo. Muitas cidades sul-matogrossenses ainda vivem no “cabresto político” de decadentes “elites fazendeiras” que ainda mandam na sua política num processo de transferência de poderes para os mais novos. São os “herdeiros” dos antigos “coronéis”. Alguns demonstram inteligência administrativa como o prefeito Humberto Rezende (PMDB), de Terenos, que recebeu a cidade de porteira fechada, presenteada pelo seu avô, o ex-prefeito Alonso Honostório de Rezende, cassado da administração por corrupção e compra de votos. Beto foi reeleito, recebendo nas urnas 74,4% dos votos.

Coronelismo

Símbolo de autoritarismo e impunidade, o coronelismo remonta ao caudilhismo e o caciquismo dos tempos da colonização. Ganhou força no primeiro reinado, chegando ao final do século XIX tomando conta da cena política brasileira.

Conjunto de ações políticas de latifundiários – coronéis – em caráter local, regional ou federal, onde se aplica o domínio econômico e social para a manipulação eleitoral em causa própria ou de particulares, o fenômeno, que se findou em Aquidauana, ainda sobrevive em algumas cidades sul-matogrossenses dependentes da pecuária.

Fenômeno social e político típico da República Velha, caracterizado pelo prestigio de um chefe político e por seu poder de mando, as raízes do coronelismo provem da tradição patriarcal brasileira e do arcaísmo da estrutura agropecuária no interior remoto do país. Surgida com a criação da Guarda Nacional em 1831, pelo governo imperial, as milícias e ordenanças foram extintas e substituídas pela nova corporação.

A Guarda Nacional passou a defender a integridade do império e a Constituição. Como os quadros da corporação eram nomeados pelo governo central ou pelos presidentes de província, iniciou-se um longo processo de tráfico de influencias e corrupção política. Como o Brasil se baseava estruturalmente em oligarquias, esses líderes, os grandes latifundiários e oligarcas, começaram a financiar campanhas políticas de seus afilhados, e ao mesmo tempo ganhar o poder de comandar a Guarda Nacional.

Devido a esta estrutura, a patente de coronel da Guarda Nacional, passou a ser equivalente a um título nobiliárquico, concedido de preferência aos grandes proprietários de terras. Desta forma conseguiram adquirir autoridade para impor a ordem sobre o povo e escravos. Devido ao seu território continental, portanto à falta de mecanismos de vigilância direta dos coronéis pelo poder central, e pela população pobre e ignorante, o Brasil passou a ser refém dos coronéis, que por sua vez ‘personificaram a invasão particular da autoridade pública”.

O sistema criado pelo coronelismo passou a favorecer os grandes proprietários que iniciaram a invasão, a tomada de terras pela força e a expulsão do pequeno produtor rural, que passou a se transformar numa figura servil em nome dos novos senhores. Portanto, surgiu a figura do coronel sem cargo, qualificado pelo prestígio e pela capacidade de mobilização eleitoral.

O “coronelismo” aquidauanense surgiu depois do episódio da Rusga, e iniciou com a montagem da Fazenda Taboco, numa área de mais de 300 mil hectares. Desses investimentos surgiu a cidade de Aquidauana e implantou-se o poder político nas mãos de uma única família.

Do Jornal Boca do Povo
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Divulgação: Assessoria

postado por Blog do Paim @ 04:18

domingo, 12 de outubro de 2008

'Acabou o tempo da cotovelada, quando o mais forte ou com mais dinheiro tinha espaço'; diz prefeito eleito Fauzi Suleiman



Presidente da Câmara de Aquidauana, Terly Garcia (PP); vice-prefeito Vanildo Neves (PSDB) e prefeito eleito Fauzi Suleiman (PMDB) querem harmonia entre poderes

Foto: Armando Anache/Pantanal News

Para Fauzi Suleiman, "acabou o tempo em que a Câmara de Vereadores era uma secretaria de importância menor da prefeitura. Acabou aquele tempo da Câmara de Vereadores ser um Poder subalterno."

O prefeito eleito manteve reunião, na sala do presidente da Câmara, Terly Gracia [PP, o mais votado, reeleito com 1.029 votos], com a presença dos vereadores Vicente Gaeta [PT, eleito com 545 votos], Cipriano Mendes [ PT, reeleito com 615 votos], Wezer Rodrigues [PPS, 927 votos], Clésio Fialho [PSL, 900 votos] e Antônio da Coeso [PSB, 519 votos]. Os três primeiros foram eleitos pela coligação "Aquidauana Tem Futuro", de Fauzi Suleiman. Os outros três, pela coligação "Aquidauana Com a Força do Povo", de Odilon Ribeiro (PDT).

Não participaram da reunião os vereadores Tião Sereia [PP, reeleito com 815 votos], Corrêa Filho [PP, que já foi vereador e retorna à Câmara na próxima legislatura, com 663 votos] e Eulálio Abel Barbosa [PDT, que já foi vereador e retorna com 814 votos].

Antes da reunião com os vereadores, Fauzi Suleiman visitou o gabinete de Cipriano Mendes (PT), que foi reeleito para o terceiro mandato consecutivo. Ali estavam o vereador eleito pelo PT, Vicente Gaeta; e o secretário-geral do PT de Aquidauana, Nabil Jaffal. Eles conversaram sobre a atuação da bancada do PT na Cãmara, a partir de 2009 e acertaram detalhes do almoço que terão hoje (11), em Campo Grande, com o senador Delcídio do Amaral (PT-MS).

Nesta tarde de sábado (11), o prefeito eleito Fauzi Suleiman participará de uma "carreata" pelas ruas da cidade, a partir do bairro Nova Aquidauana.

Leia, abaixo, a íntegra da entrevista concedida pelo prefeito eleito Fauzi Suleiman, depois do encontro que começou às 15h20 e durou pouco mais de uma hora, à rádio Independente e Portal Pantanal News:



Armando de Amorim Anache: Prefeito eleito Fauzi Suleiman, como foi a reunião, na tarde de ontem (10), com os novos e com os vereadores reeleitos de Aquidauana?

Fauzi Suleiman: Foi uma reunião muito produtiva, na qual a gente procurou, em primeiro lugar, nos apresentar aqui e, também, cada um dos vereadores se apresentar, porque muitos estão tendo, pela primeira vez, a oportunidade de conversar entre si. Então, foi uma reunião muito produtiva, na qual pudemos explicar o nosso desejo, a nossa proposta para os quatro anos de mandato e, principalmente, o comportamento e a maneira da gente se conduzir, em relação à Câmara de Vereadores, ao Poder Legislativo, ao longo desses quatro anos.

Nós queremos criar um novo paradigma na política, uma nova forma de conduzir na política, nós queremos exercer a liderança política de Aquidauana de uma forma diferente. E foi isso que a gente veio dizer aqui, para os nossos vereadores eleitos e reeleitos.

Armando de Amorim Anache: Estavam aqui, na reunião, vereadores que, no ano que vem, formarão as bancadas de situação e oposição. Como foi a conversa com os vereadores que, a princípio, deverão integrar a oposição ao seu governo?

Fauzi Suleiman: Eu acho que a eleição está encerrada, não é, Armando? Agora, o partido de todos nós é Aquidauana. Nós temos é que lutar para fazer a cidade se desenvolver. Na situação ou na oposição, tos estarão trabalhando em prol de Aquidauana. Eu imagino a democracia como um sistema, é como se fosse um daqueles relógios de corda, que tem várias engrenagens. Uma roda para a direita, outra roda para a esquerda, mas o que interessa é que fazem o ponteiro se movimentar para uma direção, que interessa para todos. Então, o fato de serem da oposição não significa que serão contra o Fauzi. Muito pelo contrário, uma oposição sadia, uma oposição responsável, que é o que, com certeza, nós teremos nessa Câmara, porque a gente vê aqui um nível excepcional. Acho que os vereadores que foram eleitos, tanto na situação quanto na oposição, são vereadores que ..., muitos têm uma trajetória de lutas, de sonho de ser vereador e, com certeza, não quiseram conquistar esse mandato por outra razão que não fosse prestar um grande trabalho para a população de Aquidauana.

Então, a oposição e a situação estarão ajudando a cidade de Aquidauana e, ajudando a cidade, estarão ajudando a nossa administração.

Armando de Amorim Anache: Quais os principais pontos dessa reunião que o senhor poderia adiantar à população, já que ela foi a portas fechadas?

Fauzi Suleiman: O ponto principal é o apreço que nós temos pelo Poder Legislativo. Nós viemos garantir, aqui, que nós teremos, a partir no ano que vem, um prefeito que respeita o Poder Legislativo. E respeitar o Poder Legislativo significa respeitar a sua autonomia política, financeira... E é assim que nós queremos nos conduzir ao longo do nosso mandato. Não vai ter um orçamento da Câmara na mão do prefeito. O orçamento é o da Câmara. Esse dinheiro não é do Poder Executivo, mas do Legislativo. É lógico que nós precisamos de muitos recursos para fazer a cidade se desenvolver, e queremos que nenhuma decisão autônoma, da própria Câmara, se puderem devolver uma parte desses recursos, para que a gente possa investir na melhoria da vida do nosso povo, isso vai ser uma coisa muito positiva para todos nós. Agora, essa é uma decisão que caberá à Câmara tomar, a Câmara decidir. Nós só garantimos essa questão do respeito a essas autonomias financeira e política da Câmara, o desejo que nós temos, de estabelecer uma grande parceria com a nossa Câmara de Vereadores. Até comentava, aqui, que nós queremos implementar uma coisa simples, mas demonstrando esse apreço, na verdade. Existe cidade do nosso estado em que não há uma obra que seja inaugurada, sem o nome do prefeito ou do vice-prefeito ou do secretário da pasta. E dos vereadores? De todos os vereadores da Câmara, não é? Eu acho que aqui estão todos que se elegeram. Eles foram abençoados pela vontade de Deus e pela vontade popular. Então, fazemos parte desse momento ímpar da história da cidade. Caberá a nós, ao longo de quatro anos, dirigir os destinos dessa cidade. Então, que todos nós tenhamos a dimensão dessa responsabilidade e, também, compartilhemos dela em toda a sua esfera.

Então, essas medidas simples, assim, é que nós queremos tomar, para mostrar a valorização desse Poder e, principalmente, que nós tenhamos Aquidauana numa direção única, numa direção para o progresso, avançando, criando oportunidades para a nossa cidade. Fazendo com que a qualidade do serviço que o Poder tem que prestar, seja no Executivo ou no Legislativo - porque também o Legislativo é um prestador de serviços ao nosso povo -, seja condição fundamental. Que nós tenhamos aqui [na Câmara de Vereadores] uma assessoria jurídica, uma assessoria contábil, que nós tenhamos uma grande equipe de comunicação, para que a população conheça, verdadeiramente, o que é esse Poder.

Então, tudo isso demanda ter uma estrutura financeira, para poder garantir que esses serviços sejam prestados, que se dê resposta, acima de tudo, à sociedade. Nós somos uma cidade de dimensão, praticamente, continental. A gente voa de avião por Aquidauana, sem descer no chão, por duas horas. É uma cidade extraordinária e essa Câmara não tem, até hoje, um veículo, por exemplo, para permitir aos vereadores a visita a distritos ou a zona rural, fiscalizando e acompanhando. Então, eu acho que nós temos que lutar para melhorar essa condição. O que a gente tem dito é que a democracia não é o melhor regime só porque a gente vota. Ela é o melhor regime político porque ela resolve os problemas da sociedade. E a gente só vai resolver problemas da sociedade qualificando o poder público, seja o Executivo, o Legislativo ou o Judiciário.

Armando de Amorim Anache: Todo prefeito, normalmente, diz que não se mete em eleição de Mesa Diretora de Câmara de Vereadores. Como será essa questão, da eleição da Mesa Diretora, em 1.º de janeiro, com o prefeito Fauzi Suleiman?

Fauzi Suleiman: Eu não quero participar como prefeito, mas quero participar como liderança política da cidade. Eu acho que a gente tem um capital de relacionamento, que nós construímos, e isso é uma coisa muito importante. Nós estamos exercendo a liderança em Aquidauana de uma forma diferente. Acabou o tempo da cotovelada, quando quem queria ganhar espaço, era porque era mais forte ou porque tinha dinheiro. Não, a partir de agora nós temos um exercício diferente de liderança. Eu tive 15 mil votos. É um capital político que a população de Aquidauana nos deu, para liderar essa cidade, não é? Mas queremos exercer essa liderança com justiça, com sabedoria, com equilíbrio e, com toda certeza, quero ter um papel junto com os nossos parceiros, com a nossa bancada aqui [na Câmara de Vereadores], ajudando a construir um nome - que seja de consenso, em primeiro lugar, no nosso grupo -, e que, também, consiga atrair os votos dos candidatos que foram eleitos na outra chapa.

Então, eu quero que haja um grande parceiro do Executivo, também aqui [na Câmara]. Não quero tratar o Poder Legislativo como subalterno. Muito pelo contrário. Acabou o tempo em que a Câmara de Vereadores era uma secretaria de importância menor da prefeitura. Acabou aquele tempo da Câmara de Vereadores ser um Poder subalterno. Não! Nós queremos esse Poder respeitado, mas é importante que haja uma grande sintonia do prefeito com o presidente da Câmara. Enquanto liderança política e junto com os meus amigos, que tenho aqui dentro da Câmara. E tenho amigos na situação e na oposição e eu quero ajudar a ter esse quadro, de um presidente da Câmara que seja mais alinhado, mais afinado, nesse momento que Aquidauana passará a viver a partir de primeiro de janeiro de 2009.

Armando de Amorim Anache: Faltam dois meses e meio para a sua posse, prefeito eleito Fauzi Suleiman. A sua equipe de transição já trabalha na Prefeitura de Aquidauana?

Fauzi Suleiman: Não. Nós estamos fazendo o primeiro contato, hoje. Fizemos aqui, com o ex-secretário Wezer Rodrigues, pedindo que fosse aberta essa ponte de transição, para que a gente possa começar a apresentar, inclusive, a nossa equipe, que nós estamos constituindo, ainda, até terça [dia 14] ou quarta-feira [dia 15] da semana que vem, quando pretendo apresenta-la para que a gente possa, dentro da administração, fazer a transição.

A equipe terá um técnico em cada área da administração, para a gente poder ter um dimensionamento da situação da prefeitura. O que tem de projetos, o que tem de recursos. Quais são as contas, as dívidas que nós temos, quais são as responsabilidades que passam para os nossos cuidados, a partir de primeiro de janeiro. Então, nós já conversamos, hoje [ontem, dia 10], com o ex-secretário Wezer Rodrigues, atual vereador eleito, para que seja aberto esse canal de comunicação e que essa equipe já entre na prefeitura, se não for possível na semana que vem, na próxima; para poder ter acesso a essas informações e começar a municiar a nossa equipe, para poder ter a dimensão da responsabilidade que nós vamos assumir a partir de primeiro de janeiro.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Crise pode ser uma das maiores da história, diz presidente Lula

"Talvez seja uma das maiores crises econômicas que o mundo já viu. Poderemos correr riscos, porque uma recessão em caráter mundial pode trazer prejuízos para todos nós", afirmou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No encontro que teve, em Manaus, com o venezuelano Hugo Chávez, o boliviano Evo Morales e o equatoriano Rafael Correa, o presidente Lula reiterou que é hora de confiar na economia brasileira e na força do nosso mercado interno.

SINOPSE RADIOBRÁS