domingo, 14 de dezembro de 2008

Entenda a missão brasileira na Antártida



Pesquisadores brasileiros estão desbravando desde o início de dezembro o interior da Antártida. Eles escavam a região próxima ao monte Johns, um dos lugares menos conhecidos da Terra.

A missão dos pesquisadores é fazer perfurações no manto e obter amostras para estudar variações do clima e da composição química da atmosfera nos últimos cinco séculos. Entenda qual é a importância desse estudo.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Brasil perde com interrupção da TRIBUNA, afirma Garibaldi




BRASÍLIA - O presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), prestou homenagem ontem aos jornalistas Helio Fernandes e Villas-Bôas Corrêa. Garibaldi lamentou a interrupção das atividades da TRIBUNA DA IMPRENSA.

"O jornal Tribuna da Imprensa deixou de circular, lamentavelmente, há alguns dias. Espero que a suspensão da circulação do jornal seja por pouco tempo. Só quem tem a perder é o Brasil, somos nós, que queremos que o trabalho da imprensa não sofra constrangimento", disse Garibaldi.

O presidente do Senado lembrou que diretor da TRIBUNA DA IMPRENSA, jornalista Helio Fernandes, denunciou o "cerceamento das atividades do jornal" e o "sufoco financeiro" do periódico.

"Helio deu à Tribuna o vigor e o entusiasmo de toda sua vida. Eu lamento profundamente que isso esteja acontecendo com a Tribuna da Imprensa", acrescentou Garibaldi.

O senador também destacou a trajetória profissional do jornalista Villas-Bôas Corrêa, do "Jornal do Brasil", homenageado ontem pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI), por seus 60 anos de carreira. Para Garibaldi, Villas-Bôas é outro jornalista que merece homenagem da sociedade brasileira.

"Pela sua coragem, pelo seu desassombro, pela maneira como escreve, muitas vezes de uma forma contundente, sobre as instituições brasileiras, ele é, sobretudo, autêntico, um jornalista do qual devemos nos orgulhar. Está sempre a denunciar as mazelas e os equívocos cometidos pelos governos", afirmou Garibaldi.

Os senadores Arthur Virgílio (PSDB-AM), Álvaro Dias (PSDB-PR), Mão Santa (PMDB-PI) e Francisco Dornelles (PP-RJ) associaram-se às palavras do presidente do Senado e também elogiaram a trajetória de ambos os jornalistas.

(Com Agência Senado)

Da Tribuna da Imprensa

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

HELIO FERNANDES E TRIBUNA DA IMPRENSA ONLINE, TODOS OS DIAS, NO PAINEL DO PAIM

PAINEL DO PAIM publica, todos os dias, no blog HELIO FERNANDES ONLINE (PAINEL DO PAIM), além de distribuir pelos seus diversos blogs, toda a matéria constante da Tribuna da Imprensa Online, como vem fazendo, desde que a Tribuna deixou de circular.

Para acessar os artigos de Helio Ferandes, escreva no buscador GOOGLE a expressão HELIO FERNANDES + PAINEL DO PAIM

Trata-se da maneira que encontramos para solidarizarmos com a Tribuna da Imprensa e com o notável jornalista Helio Fernandes, em face das violências, sofridas através de décadas.

Nosso apoio às lutas históricas da TRIBUNA DA IMPRENSA e do denodado jornalista HELIO FERNANDES não se limita, pois, a palavras, mas corresponde a atos concretos.

Esta solidariedade ao vibrante jornal e ao grande Helio Fernandes, é extensiva aos seus colunistas, colaboradores, leitores e funcionários.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Caixas de preciosos tesouros - Arnaldo DeSouteiro

George Shearing e Art Van Damme estão entre os artistas focalizados


Em meio a maior crise na história da indústria fonográfica, o jazz resiste bravamente graças a um público fiel, de alto poder aquisitivo, que não se contenta em comprar músicas pela internet nem acha a menor graça em passar horas fazendo downloads ilegais com a terrível qualidade de som do formato mp3. Apostando neste tipo de consumidor exigente e sofisticado, a Universal coloca no mercado luxuosas caixas apinhadas de preciosos tesouros sonoros: retrospectivas de George Shearing, Art Van Damme e Monty Alexander em suas fases na MPS Records. Todas trazendo detalhados livretos com reproduções das capas originais, fotos raras, textos minuciosos e ficha técnica completa.
Irresistível tentação

A caixa de George Shearing, por exemplo, é uma tentação irresistível para os colecionadores. Batizada “The MPS trio sessions” reúne, em quatro CDs, cinco álbuns completos. Com um significativo detalhe: um deles inteiramente inédito! Todos produzidos na Alemnha (no estúdio da MPS) pelo fundador da empresa, Hans Georg Brunner-Schwer, trazendo o pianista inglês ao lado do baixista dinamarquês Niels-Henning Orsted Pedersen (falecido em 2005, aos 58 anos) e do guitarrista irlandês Louis Stewart; sem bateria, seguindo o formato preferido de Nat “King” Cole. Dispostas em ordem cronológica, as dezenove faixas iniciais foram gravadas em junho de 1977 e divididas em dois LPs. Ambos utilizando temas de Chick Corea como faixas-títulos.

O primeiro, “Windows” (lançado em 78), começa com “Tricotism” (Oscar Pettiford) e termina com o estilizado “Cowboy samba” (de Pedersen), passando por “Tune up”, de Miles Davis. Alcançando o máximo de expressividade emocional nas baladas, Shearing brilha em “Lazy afternoon” (regravada recentemente por Danilo Perez), “Some other spring” e “The Lamp is low”, adaptada da “Pavane” de Ravel. O segundo disco, “500 miles high” (79), que chegou a ser editado em vinil no Brasil, via Copacabana, repete o ecletismo no cardápio: vai de suingados hinos do bebop (“Cheryl”, de Charlie Parker, “Jordu”, de Duke Jordan) às sutilezas de “Here’s that rainy day” e “Invitation”, além do tema-título que se tornou um clássico do estilo fusion ao ser lançado no álbum “Light as a feather”, do Return to Forever.
Requinte e sutileza

Na seqüência, temos sete faixas até então inéditas, preparadas em 1979 para um álbum que chegou a ser batizado “Feeling happy”, mas nunca chegou às lojas e foi agora descoberto pelo produtor Matthias Kunnecke. Destaques: “In your own sweet way” (do meu querido amigo Dave Brubeck), “Alice in wonderland” (coincidentemente também gravada por Brubeck no LP “1975: The duets” com Paul Desmond) e a charmosíssima “The fourth deuce”, do próprio Shearing. Entre as nove músicas do álbum “Getting in the swing of things”, lançado em 1980, figuram “Sweet and lovely”, “Poinciana” (imortalizada por outro estilista incomparável, Ahmad Jamal) e “Sweet Lorraine”.

As últimas nove faixas pertencem ao projeto “On traget”, iniciado em setembro de 79 e completado em novembro de 1980, quando o fabuloso arranjador Robert Farnon, canadense radicado na Inglaterra, adicionou suntuosas orquestrações (a la Claus Ogerman) a temas como “Portrait of Jennie”, “Last night when we were young”, “This is all I ask” e “A nightingale sang in Berkeley Square”. Um dos melhores e mais sofisticados álbuns na carreira de Sir George Shearing, cujo ápice de popularidade ocorreu nos anos 50, com o estouro comercial de seu quinteto.
Sonoridade inconfundível

Outro mestre a se firmar naquela mesma década, com uma sonoridade igualmente inconfundível que descobri na infância, na coleção de LPs de 10 polegadas de meu pai, Art Van Damme também gravou posteriormente para a MPS. Os cinco CDs da caixa “Swinging the accordion on MPS” recuperam nada menos que dez álbuns captados entre 1966 e 1970, totalizando 119 faixas. O maior acordeonista na história do jazz – ainda hoje em plena atividade, assim como Shearing – se esbalda em “That old black magic”, “Robbins nest”, “Topsy” e “Tangerine”, alguns dos temas escolhidos para “Art Van Damme in San Francisco”, seu disco de estréia na companhia, gravado na Califórnia. Todos os álbuns seguintes, porém, foram registrados na Alemanha, a começar por “Ecstasy”, mantendo a formação de quinteto.

Van Damme levou seu guitarrista Freddy Rundquist (sueco radicado nos EUA) e eles se entrosaram perfeitamente com o vibrafonista Heribert Thusek, o baixista Peter Witte e o excepcional batera suíço Charly Antolini, que participaram de cinco discos. Vale a pena observar tal encaixe em faixas como “It could happen to you”, “Autumn in New York”, “Cute” (do recém-falecido Neal Hefti), “Speak low”, “I got rhythm”, “Cherokee”, “Watch what happens” e a bossa extemporânea “Wave”, de Tom Jobim. Aliás, vale frisar que Art Van Damme foi o responsável pela febre do acordeon que tomou conta do Brasil nos anos 50, inspirando dezenas de futuros bossanovistas (inclusive Marcos Valle, Edu Lobo e Eumir Deodato) a estudar o instrumento nas academias de Mario Mascarenhas.
Saxes & flautas

Nas doze faixas de “Art and four brothers” (69), um quarteto de saxofones foi adicionado a partir da inspiração do histórico tema “Four brothers”, escrito por Jimmy Giuffre, em 1947, para a banda de Woody Herman. Mas o cardápio não se limitou àquele período, oscilando entre o pop rasteiro de “Sunny” e da xaroposa “Love is blue”, o jazz refinado de “Snowfall” e “Lush life”, e até “O Barquinho” de Menescal. No projeto seguinte, “Squeezing Art & tender flutes”, os saxes foram trocados por um quarteto de flautas, e o repertório recuperou a compostura, com bonitos arranjos de Christian Schmitz-Steinberg para temas de Mancini (“Cheers”), Ogerman (“How will I forget”), Berlin (“The best thing for you”), Gershwin (“A foggy day”) e Harry Warren (“I only have eyes for you”).

Por fim, os discos “Keep going” e “Blue world”, frutos de quatro sessões em 1970, contaram com o baixista Eberhard Weber, o batera Kenny Clare, o vibrafonista Heribert Thusek e o genial guitarrista Joe Pass, levado à Alemanha por Van Damme, para surpresa e deleite dos dirigentes da MPS. Na prática, o resultado desta união pode ser avaliado em 24 faixas. Entre elas, “Tenderly”, “Gone with the wind”, “It’s easy to remember”, “Too close for comfort”, “Laura”, “Cheek to cheek” e “The things we did last summer”.
Piano abrasador

Apadrinhado por Oscar Peterson, até hoje sua principal influência, o jamaicano Monty Alexander jamais alcançou a popularidade de Shearing ou Van Damme, nem o devido reconhecimento da crítica esnobe, que torce o nariz para virtuoses indomáveis e tecnicamente bem-dotados, prestando um enorme desserviço ao taxá-los erroneamente de exibicionistas. Uma injustiça que vitimou até o próprio Peterson, um deus do piano, e hoje atravanca a carreira de Michel Camilo, por exemplo. Tal raciocínio equivocado – ou “pensamento torto”, como diria Caetano – foi sempre o maior entrave na trajetória de Monty, cuja caixa “Alexander the great – Monty swings on MPS” deveria servir para mostrar ao distinto público como a crítica rancorosa, preconceituosa e mal-intencionada (sempre motivada por inveja) pode prejudicar a vida de um artista.

Os quatro CDs reúnem 42 faixas instrumentais gravadas por Alexander para a MPS, não incluindo o álbum “Montreux Alexander” (previamente relançado separadamente) nem as faixas vocais do disco “Estade”. Também ficaram de fora as sessões mais chegadas a um clima caribenho que geraram “Rass”, “Cobilimbo” e “Monty Alexander/Ernest Ranglin”. O encarte de 28 páginas traz os textos de contracapa dos LPs originais e uma nova entrevista com Monty, realizada pelo historiador Arnold van Kampen.
Virtuose energizado

Autodidata, nosso herói prefere tocar de ouvido, como Erroll Garner, e confessa não ser capaz de ler partituras complicadas. Nem precisava mesmo. Monty é um fenômeno, um virtuose nato, de performances arrebatadoramente exuberantes, como provou logo de cara em seu disco de estréia na MPS, à qual foi recomendado por Peterson. “Here comes the sun”, registrado em 1971 em NY, sob a produção de Don Schlitten, teve Eugene Wright (baixista consagrado no quarteto de Dave Brubeck), Duffy Jackson (bateria) e Montego Joe (congas) viajando da faixa-título de George Harrison ao clássico “So what”, de Miles Davis, com uma escala na linda balada “Where is love”, de Lionel Bart (não confundir com o hit “Where is the love”, que Ralph MacDonald e Bill Eaton escreveram depois para Roberta Flack).

Mas as performances pegam fogo mesmo nas gravações ao vivo, como em “We’ve only just begun”, que documenta uma apresentação no Monticello, um lounge do motel Rowntowner Motor Inn (!), de Rochester, onde Monty cumpria uma temporada em 1971. Wright permanece no baixo, mas Bobby Durham assume a bateria, atuando também nas sessões de “Perception!” (73). O repertório é sempre eclético, às vezes em excesso, abrigando “Ben” (isso mesmo, o sucesso de Michael Jackson), o meloso tema de “Love story” (Francis Lai), “Shaft” (Isaac Hayes) e uma adaptação do célebre Adágio do “Concierto de Aranjuez” (Joaquin Rodrigo).

Concertos na Alemanha, em 1974 e 76, para uma platéia de convidados na mansão de Brunner-Schwer, geraram os álbuns “Love and sunshine”, “Unlimited love” e “The way it is”, repletos de momentos explosivos, como as energéticas versões do blues “SKJ” (de Milt Jackson) e do bop “Now’s the time” (Parker), além de “Feel like making love” (hit na voz de Roberta Flack), “Chameleon” (Hancock) e o calypso “Alypso”, do próprio Monty, assessorado por Eberhard Weber, Kenny Clare e o guitarrista jamaicano Ernest Ranglin. O baixista John Clayton e o batera Jeff Hamilton, atualmente no grupo de Diana Krall e líderes da Clayton-Hamilton Orchestra, entram em cena nos petardos “People make the world go round”, “Bluesology” e “Soft winds”. Não fica pedra sobre pedra. E Monty ainda tira onda vocalizando “Estate”, a canção italiana incorporada ao repertório jazzístico depois de recriada por João Gilberto. Haja coração!
George Shearing e Art Van Damme estão entre os artistas focalizados

Arnaldo DeSouteiro

Em meio a maior crise na história da indústria fonográfica, o jazz resiste bravamente graças a um público fiel, de alto poder aquisitivo, que não se contenta em comprar músicas pela internet nem acha a menor graça em passar horas fazendo downloads ilegais com a terrível qualidade de som do formato mp3. Apostando neste tipo de consumidor exigente e sofisticado, a Universal coloca no mercado luxuosas caixas apinhadas de preciosos tesouros sonoros: retrospectivas de George Shearing, Art Van Damme e Monty Alexander em suas fases na MPS Records. Todas trazendo detalhados livretos com reproduções das capas originais, fotos raras, textos minuciosos e ficha técnica completa.
Irresistível tentação

A caixa de George Shearing, por exemplo, é uma tentação irresistível para os colecionadores. Batizada “The MPS trio sessions” reúne, em quatro CDs, cinco álbuns completos. Com um significativo detalhe: um deles inteiramente inédito! Todos produzidos na Alemnha (no estúdio da MPS) pelo fundador da empresa, Hans Georg Brunner-Schwer, trazendo o pianista inglês ao lado do baixista dinamarquês Niels-Henning Orsted Pedersen (falecido em 2005, aos 58 anos) e do guitarrista irlandês Louis Stewart; sem bateria, seguindo o formato preferido de Nat “King” Cole. Dispostas em ordem cronológica, as dezenove faixas iniciais foram gravadas em junho de 1977 e divididas em dois LPs. Ambos utilizando temas de Chick Corea como faixas-títulos.

O primeiro, “Windows” (lançado em 78), começa com “Tricotism” (Oscar Pettiford) e termina com o estilizado “Cowboy samba” (de Pedersen), passando por “Tune up”, de Miles Davis. Alcançando o máximo de expressividade emocional nas baladas, Shearing brilha em “Lazy afternoon” (regravada recentemente por Danilo Perez), “Some other spring” e “The Lamp is low”, adaptada da “Pavane” de Ravel. O segundo disco, “500 miles high” (79), que chegou a ser editado em vinil no Brasil, via Copacabana, repete o ecletismo no cardápio: vai de suingados hinos do bebop (“Cheryl”, de Charlie Parker, “Jordu”, de Duke Jordan) às sutilezas de “Here’s that rainy day” e “Invitation”, além do tema-título que se tornou um clássico do estilo fusion ao ser lançado no álbum “Light as a feather”, do Return to Forever.
Requinte e sutileza

Na seqüência, temos sete faixas até então inéditas, preparadas em 1979 para um álbum que chegou a ser batizado “Feeling happy”, mas nunca chegou às lojas e foi agora descoberto pelo produtor Matthias Kunnecke. Destaques: “In your own sweet way” (do meu querido amigo Dave Brubeck), “Alice in wonderland” (coincidentemente também gravada por Brubeck no LP “1975: The duets” com Paul Desmond) e a charmosíssima “The fourth deuce”, do próprio Shearing. Entre as nove músicas do álbum “Getting in the swing of things”, lançado em 1980, figuram “Sweet and lovely”, “Poinciana” (imortalizada por outro estilista incomparável, Ahmad Jamal) e “Sweet Lorraine”.

As últimas nove faixas pertencem ao projeto “On traget”, iniciado em setembro de 79 e completado em novembro de 1980, quando o fabuloso arranjador Robert Farnon, canadense radicado na Inglaterra, adicionou suntuosas orquestrações (a la Claus Ogerman) a temas como “Portrait of Jennie”, “Last night when we were young”, “This is all I ask” e “A nightingale sang in Berkeley Square”. Um dos melhores e mais sofisticados álbuns na carreira de Sir George Shearing, cujo ápice de popularidade ocorreu nos anos 50, com o estouro comercial de seu quinteto.
Sonoridade inconfundível

Outro mestre a se firmar naquela mesma década, com uma sonoridade igualmente inconfundível que descobri na infância, na coleção de LPs de 10 polegadas de meu pai, Art Van Damme também gravou posteriormente para a MPS. Os cinco CDs da caixa “Swinging the accordion on MPS” recuperam nada menos que dez álbuns captados entre 1966 e 1970, totalizando 119 faixas. O maior acordeonista na história do jazz – ainda hoje em plena atividade, assim como Shearing – se esbalda em “That old black magic”, “Robbins nest”, “Topsy” e “Tangerine”, alguns dos temas escolhidos para “Art Van Damme in San Francisco”, seu disco de estréia na companhia, gravado na Califórnia. Todos os álbuns seguintes, porém, foram registrados na Alemanha, a começar por “Ecstasy”, mantendo a formação de quinteto.

Van Damme levou seu guitarrista Freddy Rundquist (sueco radicado nos EUA) e eles se entrosaram perfeitamente com o vibrafonista Heribert Thusek, o baixista Peter Witte e o excepcional batera suíço Charly Antolini, que participaram de cinco discos. Vale a pena observar tal encaixe em faixas como “It could happen to you”, “Autumn in New York”, “Cute” (do recém-falecido Neal Hefti), “Speak low”, “I got rhythm”, “Cherokee”, “Watch what happens” e a bossa extemporânea “Wave”, de Tom Jobim. Aliás, vale frisar que Art Van Damme foi o responsável pela febre do acordeon que tomou conta do Brasil nos anos 50, inspirando dezenas de futuros bossanovistas (inclusive Marcos Valle, Edu Lobo e Eumir Deodato) a estudar o instrumento nas academias de Mario Mascarenhas.
Saxes & flautas

Nas doze faixas de “Art and four brothers” (69), um quarteto de saxofones foi adicionado a partir da inspiração do histórico tema “Four brothers”, escrito por Jimmy Giuffre, em 1947, para a banda de Woody Herman. Mas o cardápio não se limitou àquele período, oscilando entre o pop rasteiro de “Sunny” e da xaroposa “Love is blue”, o jazz refinado de “Snowfall” e “Lush life”, e até “O Barquinho” de Menescal. No projeto seguinte, “Squeezing Art & tender flutes”, os saxes foram trocados por um quarteto de flautas, e o repertório recuperou a compostura, com bonitos arranjos de Christian Schmitz-Steinberg para temas de Mancini (“Cheers”), Ogerman (“How will I forget”), Berlin (“The best thing for you”), Gershwin (“A foggy day”) e Harry Warren (“I only have eyes for you”).

Por fim, os discos “Keep going” e “Blue world”, frutos de quatro sessões em 1970, contaram com o baixista Eberhard Weber, o batera Kenny Clare, o vibrafonista Heribert Thusek e o genial guitarrista Joe Pass, levado à Alemanha por Van Damme, para surpresa e deleite dos dirigentes da MPS. Na prática, o resultado desta união pode ser avaliado em 24 faixas. Entre elas, “Tenderly”, “Gone with the wind”, “It’s easy to remember”, “Too close for comfort”, “Laura”, “Cheek to cheek” e “The things we did last summer”.
Piano abrasador

Apadrinhado por Oscar Peterson, até hoje sua principal influência, o jamaicano Monty Alexander jamais alcançou a popularidade de Shearing ou Van Damme, nem o devido reconhecimento da crítica esnobe, que torce o nariz para virtuoses indomáveis e tecnicamente bem-dotados, prestando um enorme desserviço ao taxá-los erroneamente de exibicionistas. Uma injustiça que vitimou até o próprio Peterson, um deus do piano, e hoje atravanca a carreira de Michel Camilo, por exemplo. Tal raciocínio equivocado – ou “pensamento torto”, como diria Caetano – foi sempre o maior entrave na trajetória de Monty, cuja caixa “Alexander the great – Monty swings on MPS” deveria servir para mostrar ao distinto público como a crítica rancorosa, preconceituosa e mal-intencionada (sempre motivada por inveja) pode prejudicar a vida de um artista.

Os quatro CDs reúnem 42 faixas instrumentais gravadas por Alexander para a MPS, não incluindo o álbum “Montreux Alexander” (previamente relançado separadamente) nem as faixas vocais do disco “Estade”. Também ficaram de fora as sessões mais chegadas a um clima caribenho que geraram “Rass”, “Cobilimbo” e “Monty Alexander/Ernest Ranglin”. O encarte de 28 páginas traz os textos de contracapa dos LPs originais e uma nova entrevista com Monty, realizada pelo historiador Arnold van Kampen.
Virtuose energizado

Autodidata, nosso herói prefere tocar de ouvido, como Erroll Garner, e confessa não ser capaz de ler partituras complicadas. Nem precisava mesmo. Monty é um fenômeno, um virtuose nato, de performances arrebatadoramente exuberantes, como provou logo de cara em seu disco de estréia na MPS, à qual foi recomendado por Peterson. “Here comes the sun”, registrado em 1971 em NY, sob a produção de Don Schlitten, teve Eugene Wright (baixista consagrado no quarteto de Dave Brubeck), Duffy Jackson (bateria) e Montego Joe (congas) viajando da faixa-título de George Harrison ao clássico “So what”, de Miles Davis, com uma escala na linda balada “Where is love”, de Lionel Bart (não confundir com o hit “Where is the love”, que Ralph MacDonald e Bill Eaton escreveram depois para Roberta Flack).

Mas as performances pegam fogo mesmo nas gravações ao vivo, como em “We’ve only just begun”, que documenta uma apresentação no Monticello, um lounge do motel Rowntowner Motor Inn (!), de Rochester, onde Monty cumpria uma temporada em 1971. Wright permanece no baixo, mas Bobby Durham assume a bateria, atuando também nas sessões de “Perception!” (73). O repertório é sempre eclético, às vezes em excesso, abrigando “Ben” (isso mesmo, o sucesso de Michael Jackson), o meloso tema de “Love story” (Francis Lai), “Shaft” (Isaac Hayes) e uma adaptação do célebre Adágio do “Concierto de Aranjuez” (Joaquin Rodrigo).

Concertos na Alemanha, em 1974 e 76, para uma platéia de convidados na mansão de Brunner-Schwer, geraram os álbuns “Love and sunshine”, “Unlimited love” e “The way it is”, repletos de momentos explosivos, como as energéticas versões do blues “SKJ” (de Milt Jackson) e do bop “Now’s the time” (Parker), além de “Feel like making love” (hit na voz de Roberta Flack), “Chameleon” (Hancock) e o calypso “Alypso”, do próprio Monty, assessorado por Eberhard Weber, Kenny Clare e o guitarrista jamaicano Ernest Ranglin. O baixista John Clayton e o batera Jeff Hamilton, atualmente no grupo de Diana Krall e líderes da Clayton-Hamilton Orchestra, entram em cena nos petardos “People make the world go round”, “Bluesology” e “Soft winds”. Não fica pedra sobre pedra. E Monty ainda tira onda vocalizando “Estate”, a canção italiana incorporada ao repertório jazzístico depois de recriada por João Gilberto. Haja coração!

Da Tribuna da Imprensa

sábado, 6 de dezembro de 2008

Carta de Sarney a Helio Fernandes


Caro Helio

É com inconformismo, lamento e uma sensação de nostalgia que acompanho o fechamento da Tribuna da Imprensa.

Minha lembrança da Tribuna vem dos tempos em que acompanhei na Rua do Lavradio a Carlos Lacerda e Odylo Costa filho, Aluízio Alves e Carlos Castelo Branco, quando assistia a preparação da página de opinião e sentei mesmo à máquina como colaborador anônimo ou no fechamento do artigo de fundo e nos editoriais.

Depois você assumiu a tarefa de um jornal independente, de opinião e de convicções, aguerrido na defesa do Brasil e de seus caminhos. Nunca deixei de considerar importante ouvir a sua palavra, tantas vezes, nunca diminuiu a admiração pela sua bravura, tenacidade em defesa do Brasil.

Espero que a Tribuna da Imprensa ressurja e você continue a dar a sua contribuição fundamental para a imprensa brasileira, como um dos jornalistas mais combativos e brilhantes em nossa imprensa.

Um abraço e a solidariedade do

José Sarney

Tribuna

Jornalista Hélio Fernandes
Surpreso e entristecido, tomei conhecimento ontem de que a Tribuna não mais circulará em Brasília e, hoje (03/12), estupefato, fiquei sabendo que a Tribuna está suspensa. Acompanhei o lançamento do jornal em 1949 e sou seu leitor assíduo até hoje. Lembro-me de uma frase que V. S. pronunciou numa conferência sobre a liberdade de imprensa no CACO, em janeiro de 1964: a liberdade de imprensa acabou, quando Gutenberg inventou a máquina de imprimir.

Mesmo assim, a Tribuna sempre foi o mais independente possível, corajosa, honesta e democrática. No execrável período entreguista de FH foi o único jornal de oposição verdadeira. Espero que logo retorne, contando com a boa vontade do ministro relator do STF. Cordiais saudações
Roberto Azambuja - Brasília (DF)

Mineiro

Querido Helio Fernandes,
Apesar da frase genial de seu mano, Millôr Fernandes, em que diz: "Mineiro só é solidário no câncer", venho com fé solidarizar-me neste momento tão triste para os meios de comunicação e torcer que os nossos juízes usem o bom senso e façam justiça a nossa Tribuna da Imprensa, que teve o privilégio de ter sido fundada pelo maior líder de nosso País : "Carlos Lacerda".
Aceite o meu abraço,
Evaldo Augusto Torres Alves - São Paulo

Solidariedade

Tribuna
Helio Fernandes,
Pior do que a ditadura militar é a ditadura imposta pelo Partido dos Trabalhadores. Esse ministro não deve ter noção nenhuma do que representa a TRIBUNA para o Brasil. Não sou esquerdista, nem sou Brizolista, mas sempre gostei de ler a TRIBUNA. Mas acho que se o presidente da República fosse o senhor JOSÉ SERRA, decerto o jornal ainda estaria circulando normalmente nas bancas, e não seria atingido por uma truculenta ação de petistas. APRENDA UMA COISA:

Jornal de Petista é o tal do "O DIA "(QUE , A PROPÓSITO, DIGA-SE DE PASSAGEM, é HORROROSO...
João Neto - Juiz de Fora (MG)

Pelego

Quero através deste, externar o meu mais profundo respeito e admiração pela TRIBUNA DA IMPRENSA. A linha editorial deste jornal é isenta e imparcial, trabalhando sempre com a verdade dos fatos, sem manipulá-los.

Externo também a minha INDIGNAÇÃO e REVOLTA pela forma que o poder (in)judiciário, que está no andar acima da PRIMEIRA INSTÂNCIA, tratou e trata a situação jurídica do jornal TRIBUNA DA IMPRENSA e o Jornalista HELIO FERNANDES com total DESPREZO, INDIFERENÇA e POUCO CASO.

Foi através deste diário que, com suas matérias e seus colunistas, aprendi a compreender fatos e situações que fazem parte da história deste PAÍS e do mundo, e a compreender, também, fatos e situações atuais do cotidiano brasileiro como um todo e do mundo.

Diz um provérbio chinês: "Jamais se desespere frente a sombrias aflições de sua vida, pois de densas nuvens negras cai água límpida e fecunda."

Como afirma o jornalista HELIO FERNANDES, o resto da imprensa é amestrada e adestrada, se utiliza de verbas públicas de publicidade para poder sobreviver.

NÃO DESISTA NUNCA HELIO FERNANDES, POIS O SR. É BRASILEIRO.
José Lauro de Oliveira Pereira - São Gonçalo (RJ)

Apoio

Minha integral solidariedade ao jornalista Helio Fernandes e a toda a equipe do "Tribuna da Imprensa", meu querido jornal diário na internet. Espero que essa pausa seja temporária.
Paulo Couto Teixeira - Brasília (DF)

Solidariedade

É uma pena que a Tribuna não faça parte da "cosa nostra" da comunicação brasileira. Como vc. com esse sobrenome Fernandes, vai querer compartilhar das famiglias Frias, Mesquita, Marinho, Civita, Saad, que manipulam as informações dependendo das "verbas publicitárias e ou de " outros" interesses bancários?

Ora jornalista, seu jornal está muito acima destes jornalões e telejornalões. Suas verdades nuas e cruas serão sempre lidas onde quer que as publique. Parabéns pela coragem. Se vc. tivesse um Dantas no seu nome, talvez seu processo fosse caminhar mais rapidamente no STF.
Um abraço
Cid Costa - São Paulo (SP)

Parabéns ao Argemiro Ferreira, pelo seu artigo publicado em 03-12-08. Repito: os que condenaram(com escarcéu/barulho)o fechamento de um canal de TV na Venezuela, não defenderam com a mesma ênfase o que está acontecendo com esta Tribuna. Mudam apenas a forma, o método, as pessoas, as palavras....Têm medo da concorrência? Como defendem a livre iniciativa? Acham que serão ETERNAMENTE inatingíveis?

Apostam na memória curta do povo? Acham que o povo já esqueceu o que foi publicado numa revista semanal: "o jornal tal....é feito para INTELIGÊNCIA MEDIANA...." É preciso enxergar além.....MUITO ALÉM DO HORIZONTE. Os jornalões não aprenderam e nunca aprenderão. E pior: ainda "pensam" que podem nos ensinar o que eles nunca entenderam e jamais entenderão

A Tribuna deve fazer uma campanha, de assinaturas, inclusive divulgar nº de conta, agência, banco....RESISTIR É PRECISO E PRECIOSO! Parabéns à Tribuna e seu corpo Funcional e Jornalístico!
Luiz Santos - Recife (PE)


Bomba

Caro Helio.
A notícia da interrupção da circulação da nossa Tribuna nos caiu como uma bomba atômica. Só podemos torcer para que as adversidades sejam superadas e a nossa divisão de infantaria nacionalista retorne às trincheiras o mais prontamente possível.
Geraldo Luís Lino - Rio de Janeiro (RJ)

Não esmoreçam

"Grande abraço, não esmoreçam, a luta continua!"
Léa Vaz Pizzi, diretora da Associação dos Artistas Líricos

Democracia

Eu nunca acreditei que a democracia fosse o prato desses aí que estão no poder. Independente de militares ou civis, todos querem o poder. Cadê aqueles que defendem a imprensa? Os direitos humanos? Só quando é contra o Estado? A TI é a maior linha de inteligência da nossa imprensa e fico triste por só conseguir ler pela internet, abaixo todos os falsos profetas.
Pedro Rodrigues da Silva - Alegre (ES)

Apoio

Todo apoio as lutas da Tribuna da Imprensa: Brasil outros 500
Luiz Cesar da Costa - Porto Alegre (RS)

Solidariedade

Prezado Jornalista Helio Fernandes, conte comigo, ainda que parcos os meus recursos abra uma conta e peça a ajuda de BRASILEIROS NACIONALISTAS, na sua luta em prestar uma JORNALISMO sem aspas e fundamentado na VERDADE. Sempre li a Tribuna desde 1980, quando eu ajudava meu irmão a vender JORNAL na estação das BARCAS na Praça XVI. Sempre fui leitor deste informativo HERÓICO E NACIONALISTA, meu abraço a você, grande Helio e a toda sua equipe. Vai ser feiota justiça, Helio, Deus está contigo. Do amigo aqui em Salvador.
Carlos de Jesus - Salvador (BA)

Parabéns

Primeiro, parabéns pela excelente matéria publicada no dia 30/11/08 por este m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-o Jornal Tribuna, e pela sua competência em divulgar a verdade doa a quem doer e isso deveria servir de exemplo para o Judiciário que o persegue, assim como para todos aqueles que se vendem por contos de réis. Obrigado por publicar a matéria verdadeira neste dia, nos orgulhamos disso.

E parabéns por não se curvar diante desse Judiciário impróprio que estraga, destrói e maldiz o povo, os pobres que não têm vez. É muito lamentável termos que ficar lendo matérias como as que escreveu em "ter que fechar o Jornal por pouco tempo", aliás isso foi fantástico. O poder Judiciário acabou neste País, não existe mais orgulho da Justiça que é c-e-g-a para os poderosos, s-u-r-d-a para os mais necessitados (vide a violência em todo o Rio) e m-u-d-a quando deve e não nos paga. Estamos estarrecidos com tudo isso e pedimos a DEUS que o ajude a manter esse perfil de verdadeiro único representante legal na imprensa brasileira. (...).
Jorge Almeida Arruda - Rio de Janeiro (RJ)

Processo

Conforme a lei, o processo do sr. Helio Fernandes tem prioridade na tramitação, devido aos seus 80 anos de idade. Mas, como o min. Joaquim Barbosa foi indicado pelo pres. Lula para o STF, talvez ele esteja "fazendo média" com seu padrinho, progorrando essa despesa à União.
Geraldo Cordeiro de Carvalho - Paulo Afonso (BA)

Aposentados

Gostaria de saber o que os senadores pretendem com essas vigílias? Nenhum órgão de imprensa noticia. O povo não toma conhecimento, não sabe de nada e não participa. O curioso é que o senador Paulo Paim - que se diz defensor dos aposentados - votou a favor da taxação dos velhinhos aposentados, pensionistas, viúvas, inativos em 11%.

Vamos começar um movimento para derrubar os 11%. A própria senadora Heloisa Helena, denunciou que a aprovação dos 11% foi comprada com o dinheiro do mensalão. Será que Paim vai convocar os seus pares para uma vigília em favor da anulação da votação que instituiu A TAXAÇÃO DOS INATIVOS?
Antonio Carlos Ferro Costa - Brasília (DF)

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sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

PAINEL DO PAIM solidariza com a Tribuna da Imprensa pelas violências sofridas através de décadas

Como afirmação de minha solidariedade à Tribuna de Imprensa, a Helio Fernandes e aos seus colaboradores, estou publicando, diariamente, em diversos dos meus blogs, englobados sob o título de PAINEL DO PAIM, toda a matéria constante da Tribuna da Imprensa Online.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

A TRIBUNA interrompe momentamente a circulação (Helio Fernandes - Tribuna da Imprensa, de 1 de dezembro de 2008)

POR CULPA DA JUSTIÇA MOROSA,
TENDENCIOSA, DESCUIDADA, DISPLICENTE,
VERDADEIRAMENTE INJUSTA E AUSENTE,
TÃO DITATORIAL QUANTO A DITADURA

O douto procurador-geral da República, Claudio Fonteles, recusou o AGRAVO da União, identificando-o como PROTELATÓRIO.

O imodesto ministro Joaquim Barbosa recebeu o AGRAVO da União, sabendo que era PROTELATÓRIO. Levou 2 anos e meio para entender.

Com a mente revoltada e o coração sangrando, escrevo serenamente, mas com a certeza de que é um libelo que atinge, vai atingir e quero mesmo que atinja o sistema Judiciário. As palavras que coloquei como título desta comunicação representam a ignomínia judicial, que se considera poderosa e inatingível, mas é apenas covarde e insensível.

Retira-se dessa acusação global apenas a primeira instância. O juiz que em 1979 recebeu a ação desta Tribuna da Imprensa examinou imediatamente a questão e dividiu a ação em duas. Uma chamada de LÍQUIDA, que decidiu imediatamente e que, lógico, foi objeto de recursos indevidos, malévolos e protelatórios, que é a que está na mesa do ministro Joaquim Barbosa.

A outra, denominada de ILÍQUIDA, juntava e junta prejuízos ainda maiores, como desvalorização do título do jornal, lucros cessantes, páginas em branco durante 10 anos, perseguição aos anunciantes, que intimidados pessoalmente pelo então diretor da Receita deixavam de anunciar.

(Esse diretor da Receita Federal, Orlando Travancas, era feroz na perseguição e na intimidação. Não demorou muito, foi flagrado em crime de extorsão e corrupção, não quiseram prendê-lo, seria desmoralização para o regime. Foi aposentado luxuosamente, com proventos financeiros "generosos").

A ação ILÍQUIDA dependia de PERÍCIA, que vem desde 1982, e não foi feita por irresponsabilidade e falta de interesse de dois lados. Acreditamos que agora andará em velocidade para recuperar o tempo perdido. Na ação dita LÍQUIDA, o competente juiz de primeira instância, cumprindo o seu dever, sem temor ou dificuldade, condenava a União ao pagamento da INDENIZAÇÃO devida a esta Tribuna.

Que sabendo dos obstáculos que enfrentaria, dos sacrifícios a que seria submetida, assumiu sem qualquer restrição a resistência ao autoritarismo e à permanente e intransigente defesa do interesse nacional, tão sacrificado. "Combatíamos o bom combate", como disse o Apóstolo Paulo.

De 1982 (primeira e única sentença) até este ano de 2008 (26 anos), a decisão do competente juiz de primeira instância foi naufragando na impunidade, no descuido, na imprudência dos chamados MAGISTRADOS SUPERIORES.

Nesses 26 anos, desembargadores que não tinham nenhum adjetivo, mas lutavam arduamente para ganhar a complementação de DESEMBARGADORES FEDERAIS, nem ligavam para a justiça ou a injustiça. Importantes, se consideravam insubstituíveis e incomparáveis, não queriam que alguém pensasse ou admitisse que eram inferiores. Lógico, cuidando da ambição pessoal, não podiam perder tempo FAZENDO JUSTIÇA. Que era o que o juiz de primeira instância compreendeu e decidiu imediatamente.

Em 26 de março de 1981, a ditadura agonizante mas vingativa explodiu prédios, máquinas e demais dependências desta Tribuna. Podíamos acrescentar isso na própria ação ou começar nova, com mais esse prejuízo colossal. Não quisemos. É fato também facilmente comprovável, não protestamos nem reivindicamos judicialmente em relação a mais esse terrorismo. Financeiro, econômico, irreparável.

Outro fato que também é acusação contra DESEMBARGADORES FEDERAIS facilmente comprovável verificando o andamento, quer dizer, a paralisação do processo: vários DESEMBARGADORES FEDERAIS ficaram 2, 3 e até 4 anos com o processo engavetado. Alguns devolviam o processo pela razão maior de todas: caíam na EXPULSÓRIA. Mas continuavam fazendo parte do esquema e sistema de atrasar a eficácia da prestação jurisdicional. Necessária nova distribuição, isso era feito lentamente, esqueciam inteiramente da importância de fazer justiça.

E o próprio Supremo Tribunal Federal não pode ser considerado INOCENTE ou DESCONHECEDOR do processo. Pois há quase 3 anos ele está na mesa do ministro Joaquim Barbosa, "esperavam um negro subserviente, encontraram um magistrado que veio para fazer justiça". Na prática está desmentindo a teoria. Negro ou branco, não importa a cor e sim a I-N-S-E-N-S-I-B-I-L-I-D-A-D-E como magistrado.

O ministro Joaquim Barbosa, do STF, com extrema boa vontade, recebeu o recurso inócuo da União, verdadeira litigância de má-fé, que sabia ser apenas PROTELATÓRIO. Os autos estão descansando em seu gabinete desde abril de 2006. Postura diferente adotou o douto procurador-geral da República, Cláudio Lemos Fonteles, que há mais de 2 anos já fulminara o teratológico recurso como INADMISSÍVEL, sem razão de ser, vez que almeja REDISCUTIR o que já tinha sido pacificado nas instâncias inferiores, ou seja, o direito líquido e certo desta Tribuna da Imprensa ser indenizada por conta de danos morais e prejuízos materiais de vulto que sofrera, em decorrência de atos truculentos e de censura permanente dos governantes dos anos de chumbo e que quase levaram o jornal à falência.

Inexplicavelmente, repita-se, o bravo (ou bravateiro?) Joaquim Barbosa aceitou o afrontoso apelo da União que nem deveria ser conhecido, por conta quem sabe de um cochilo, displicência ou então não tem a sabedoria jurídica que tanto apregoa.

Não quero ir mais longe, lembrar apenas o seguinte: a Tribuna da Imprensa não será FECHADA pela indolência da Justiça, que, sem perceber, a castiga tanto ou mais do que a ditadura, na medida em que por inaceitável MOROSIDADE está retardando a implementação da execução de sentença condenatória da ré, União Federal, e sua maior devedora.

ASSIM, suspenderemos por alguns meses a circulação deste jornal, que entra, coincidentemente, no ano 60 da sua existência. 14 com Carlos Lacerda, 46 com este repórter. Não transigimos, não conversamos, não negociamos a opinião aberta e franca pela recompensa escondida mas relevante. Poderíamos ter cedido, concedido, concordado, conquistaríamos a riqueza falsa e inconsciente, mas GLORIOSA E DURADOURA.

Vivemos num mundo dominado pela VISIBILIDADE e a RECIPROCIDADE. Como não nos entregamos nunca, como ninguém neste jornal distribui visibilidade para receber reciprocidade, estamos em situação dificílima.

Nesse quadro, já dissemos e reiteramos que essa primeira indenização será toda destinada ao pagamento de DÍVIDAS obrigatórias contraídas por causa da perseguição incessante comprovadamente sofrida.

Em matéria de tempo, uma parte do Judiciário foi mais ditatorial do que a ditadura. Esta perseguiu o jornal das mais variadas formas, por 20 anos. A Justiça quer ver se chega aos 30 anos, por conta de sua repugnante MOROSIDADE, TÃO RUINOSA e imoral quanto a ilimitada violência perpetrada pela ditadura.

Se vivo fosse, o jurista Ruy Barbosa por certo processaria os lenientes julgadores do processo indenizatório ajuizado pela Tribuna contra a União há quase 30 anos e sem pagamento algum até hoje, porque para Ruy, que é tão festejado e citado, mas não imitado, JUSTIÇA ATRASADA NÃO É JUSTIÇA, SENÃO INJUSTIÇA QUALIFICADA E MANIFESTA. Até breve. Muito breve.

PS - "A única coisa que devemos temer é o próprio medo. O medo inominável, injustificável, sem razão de ser. Medo que paralisa os esforços e transforma um avanço vitorioso numa derrota ou numa retirada desastrosa". Franklin Delano Roosevelt, 4 de março de 1933. Um dia antes de tomar posse pela primeira vez como presidente e já pronto para lançar o New Deal.

Helio Fernandes