domingo, 14 de dezembro de 2008

Entenda a missão brasileira na Antártida



Pesquisadores brasileiros estão desbravando desde o início de dezembro o interior da Antártida. Eles escavam a região próxima ao monte Johns, um dos lugares menos conhecidos da Terra.

A missão dos pesquisadores é fazer perfurações no manto e obter amostras para estudar variações do clima e da composição química da atmosfera nos últimos cinco séculos. Entenda qual é a importância desse estudo.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Brasil perde com interrupção da TRIBUNA, afirma Garibaldi




BRASÍLIA - O presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), prestou homenagem ontem aos jornalistas Helio Fernandes e Villas-Bôas Corrêa. Garibaldi lamentou a interrupção das atividades da TRIBUNA DA IMPRENSA.

"O jornal Tribuna da Imprensa deixou de circular, lamentavelmente, há alguns dias. Espero que a suspensão da circulação do jornal seja por pouco tempo. Só quem tem a perder é o Brasil, somos nós, que queremos que o trabalho da imprensa não sofra constrangimento", disse Garibaldi.

O presidente do Senado lembrou que diretor da TRIBUNA DA IMPRENSA, jornalista Helio Fernandes, denunciou o "cerceamento das atividades do jornal" e o "sufoco financeiro" do periódico.

"Helio deu à Tribuna o vigor e o entusiasmo de toda sua vida. Eu lamento profundamente que isso esteja acontecendo com a Tribuna da Imprensa", acrescentou Garibaldi.

O senador também destacou a trajetória profissional do jornalista Villas-Bôas Corrêa, do "Jornal do Brasil", homenageado ontem pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI), por seus 60 anos de carreira. Para Garibaldi, Villas-Bôas é outro jornalista que merece homenagem da sociedade brasileira.

"Pela sua coragem, pelo seu desassombro, pela maneira como escreve, muitas vezes de uma forma contundente, sobre as instituições brasileiras, ele é, sobretudo, autêntico, um jornalista do qual devemos nos orgulhar. Está sempre a denunciar as mazelas e os equívocos cometidos pelos governos", afirmou Garibaldi.

Os senadores Arthur Virgílio (PSDB-AM), Álvaro Dias (PSDB-PR), Mão Santa (PMDB-PI) e Francisco Dornelles (PP-RJ) associaram-se às palavras do presidente do Senado e também elogiaram a trajetória de ambos os jornalistas.

(Com Agência Senado)

Da Tribuna da Imprensa

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

HELIO FERNANDES E TRIBUNA DA IMPRENSA ONLINE, TODOS OS DIAS, NO PAINEL DO PAIM

PAINEL DO PAIM publica, todos os dias, no blog HELIO FERNANDES ONLINE (PAINEL DO PAIM), além de distribuir pelos seus diversos blogs, toda a matéria constante da Tribuna da Imprensa Online, como vem fazendo, desde que a Tribuna deixou de circular.

Para acessar os artigos de Helio Ferandes, escreva no buscador GOOGLE a expressão HELIO FERNANDES + PAINEL DO PAIM

Trata-se da maneira que encontramos para solidarizarmos com a Tribuna da Imprensa e com o notável jornalista Helio Fernandes, em face das violências, sofridas através de décadas.

Nosso apoio às lutas históricas da TRIBUNA DA IMPRENSA e do denodado jornalista HELIO FERNANDES não se limita, pois, a palavras, mas corresponde a atos concretos.

Esta solidariedade ao vibrante jornal e ao grande Helio Fernandes, é extensiva aos seus colunistas, colaboradores, leitores e funcionários.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Caixas de preciosos tesouros - Arnaldo DeSouteiro

George Shearing e Art Van Damme estão entre os artistas focalizados


Em meio a maior crise na história da indústria fonográfica, o jazz resiste bravamente graças a um público fiel, de alto poder aquisitivo, que não se contenta em comprar músicas pela internet nem acha a menor graça em passar horas fazendo downloads ilegais com a terrível qualidade de som do formato mp3. Apostando neste tipo de consumidor exigente e sofisticado, a Universal coloca no mercado luxuosas caixas apinhadas de preciosos tesouros sonoros: retrospectivas de George Shearing, Art Van Damme e Monty Alexander em suas fases na MPS Records. Todas trazendo detalhados livretos com reproduções das capas originais, fotos raras, textos minuciosos e ficha técnica completa.
Irresistível tentação

A caixa de George Shearing, por exemplo, é uma tentação irresistível para os colecionadores. Batizada “The MPS trio sessions” reúne, em quatro CDs, cinco álbuns completos. Com um significativo detalhe: um deles inteiramente inédito! Todos produzidos na Alemnha (no estúdio da MPS) pelo fundador da empresa, Hans Georg Brunner-Schwer, trazendo o pianista inglês ao lado do baixista dinamarquês Niels-Henning Orsted Pedersen (falecido em 2005, aos 58 anos) e do guitarrista irlandês Louis Stewart; sem bateria, seguindo o formato preferido de Nat “King” Cole. Dispostas em ordem cronológica, as dezenove faixas iniciais foram gravadas em junho de 1977 e divididas em dois LPs. Ambos utilizando temas de Chick Corea como faixas-títulos.

O primeiro, “Windows” (lançado em 78), começa com “Tricotism” (Oscar Pettiford) e termina com o estilizado “Cowboy samba” (de Pedersen), passando por “Tune up”, de Miles Davis. Alcançando o máximo de expressividade emocional nas baladas, Shearing brilha em “Lazy afternoon” (regravada recentemente por Danilo Perez), “Some other spring” e “The Lamp is low”, adaptada da “Pavane” de Ravel. O segundo disco, “500 miles high” (79), que chegou a ser editado em vinil no Brasil, via Copacabana, repete o ecletismo no cardápio: vai de suingados hinos do bebop (“Cheryl”, de Charlie Parker, “Jordu”, de Duke Jordan) às sutilezas de “Here’s that rainy day” e “Invitation”, além do tema-título que se tornou um clássico do estilo fusion ao ser lançado no álbum “Light as a feather”, do Return to Forever.
Requinte e sutileza

Na seqüência, temos sete faixas até então inéditas, preparadas em 1979 para um álbum que chegou a ser batizado “Feeling happy”, mas nunca chegou às lojas e foi agora descoberto pelo produtor Matthias Kunnecke. Destaques: “In your own sweet way” (do meu querido amigo Dave Brubeck), “Alice in wonderland” (coincidentemente também gravada por Brubeck no LP “1975: The duets” com Paul Desmond) e a charmosíssima “The fourth deuce”, do próprio Shearing. Entre as nove músicas do álbum “Getting in the swing of things”, lançado em 1980, figuram “Sweet and lovely”, “Poinciana” (imortalizada por outro estilista incomparável, Ahmad Jamal) e “Sweet Lorraine”.

As últimas nove faixas pertencem ao projeto “On traget”, iniciado em setembro de 79 e completado em novembro de 1980, quando o fabuloso arranjador Robert Farnon, canadense radicado na Inglaterra, adicionou suntuosas orquestrações (a la Claus Ogerman) a temas como “Portrait of Jennie”, “Last night when we were young”, “This is all I ask” e “A nightingale sang in Berkeley Square”. Um dos melhores e mais sofisticados álbuns na carreira de Sir George Shearing, cujo ápice de popularidade ocorreu nos anos 50, com o estouro comercial de seu quinteto.
Sonoridade inconfundível

Outro mestre a se firmar naquela mesma década, com uma sonoridade igualmente inconfundível que descobri na infância, na coleção de LPs de 10 polegadas de meu pai, Art Van Damme também gravou posteriormente para a MPS. Os cinco CDs da caixa “Swinging the accordion on MPS” recuperam nada menos que dez álbuns captados entre 1966 e 1970, totalizando 119 faixas. O maior acordeonista na história do jazz – ainda hoje em plena atividade, assim como Shearing – se esbalda em “That old black magic”, “Robbins nest”, “Topsy” e “Tangerine”, alguns dos temas escolhidos para “Art Van Damme in San Francisco”, seu disco de estréia na companhia, gravado na Califórnia. Todos os álbuns seguintes, porém, foram registrados na Alemanha, a começar por “Ecstasy”, mantendo a formação de quinteto.

Van Damme levou seu guitarrista Freddy Rundquist (sueco radicado nos EUA) e eles se entrosaram perfeitamente com o vibrafonista Heribert Thusek, o baixista Peter Witte e o excepcional batera suíço Charly Antolini, que participaram de cinco discos. Vale a pena observar tal encaixe em faixas como “It could happen to you”, “Autumn in New York”, “Cute” (do recém-falecido Neal Hefti), “Speak low”, “I got rhythm”, “Cherokee”, “Watch what happens” e a bossa extemporânea “Wave”, de Tom Jobim. Aliás, vale frisar que Art Van Damme foi o responsável pela febre do acordeon que tomou conta do Brasil nos anos 50, inspirando dezenas de futuros bossanovistas (inclusive Marcos Valle, Edu Lobo e Eumir Deodato) a estudar o instrumento nas academias de Mario Mascarenhas.
Saxes & flautas

Nas doze faixas de “Art and four brothers” (69), um quarteto de saxofones foi adicionado a partir da inspiração do histórico tema “Four brothers”, escrito por Jimmy Giuffre, em 1947, para a banda de Woody Herman. Mas o cardápio não se limitou àquele período, oscilando entre o pop rasteiro de “Sunny” e da xaroposa “Love is blue”, o jazz refinado de “Snowfall” e “Lush life”, e até “O Barquinho” de Menescal. No projeto seguinte, “Squeezing Art & tender flutes”, os saxes foram trocados por um quarteto de flautas, e o repertório recuperou a compostura, com bonitos arranjos de Christian Schmitz-Steinberg para temas de Mancini (“Cheers”), Ogerman (“How will I forget”), Berlin (“The best thing for you”), Gershwin (“A foggy day”) e Harry Warren (“I only have eyes for you”).

Por fim, os discos “Keep going” e “Blue world”, frutos de quatro sessões em 1970, contaram com o baixista Eberhard Weber, o batera Kenny Clare, o vibrafonista Heribert Thusek e o genial guitarrista Joe Pass, levado à Alemanha por Van Damme, para surpresa e deleite dos dirigentes da MPS. Na prática, o resultado desta união pode ser avaliado em 24 faixas. Entre elas, “Tenderly”, “Gone with the wind”, “It’s easy to remember”, “Too close for comfort”, “Laura”, “Cheek to cheek” e “The things we did last summer”.
Piano abrasador

Apadrinhado por Oscar Peterson, até hoje sua principal influência, o jamaicano Monty Alexander jamais alcançou a popularidade de Shearing ou Van Damme, nem o devido reconhecimento da crítica esnobe, que torce o nariz para virtuoses indomáveis e tecnicamente bem-dotados, prestando um enorme desserviço ao taxá-los erroneamente de exibicionistas. Uma injustiça que vitimou até o próprio Peterson, um deus do piano, e hoje atravanca a carreira de Michel Camilo, por exemplo. Tal raciocínio equivocado – ou “pensamento torto”, como diria Caetano – foi sempre o maior entrave na trajetória de Monty, cuja caixa “Alexander the great – Monty swings on MPS” deveria servir para mostrar ao distinto público como a crítica rancorosa, preconceituosa e mal-intencionada (sempre motivada por inveja) pode prejudicar a vida de um artista.

Os quatro CDs reúnem 42 faixas instrumentais gravadas por Alexander para a MPS, não incluindo o álbum “Montreux Alexander” (previamente relançado separadamente) nem as faixas vocais do disco “Estade”. Também ficaram de fora as sessões mais chegadas a um clima caribenho que geraram “Rass”, “Cobilimbo” e “Monty Alexander/Ernest Ranglin”. O encarte de 28 páginas traz os textos de contracapa dos LPs originais e uma nova entrevista com Monty, realizada pelo historiador Arnold van Kampen.
Virtuose energizado

Autodidata, nosso herói prefere tocar de ouvido, como Erroll Garner, e confessa não ser capaz de ler partituras complicadas. Nem precisava mesmo. Monty é um fenômeno, um virtuose nato, de performances arrebatadoramente exuberantes, como provou logo de cara em seu disco de estréia na MPS, à qual foi recomendado por Peterson. “Here comes the sun”, registrado em 1971 em NY, sob a produção de Don Schlitten, teve Eugene Wright (baixista consagrado no quarteto de Dave Brubeck), Duffy Jackson (bateria) e Montego Joe (congas) viajando da faixa-título de George Harrison ao clássico “So what”, de Miles Davis, com uma escala na linda balada “Where is love”, de Lionel Bart (não confundir com o hit “Where is the love”, que Ralph MacDonald e Bill Eaton escreveram depois para Roberta Flack).

Mas as performances pegam fogo mesmo nas gravações ao vivo, como em “We’ve only just begun”, que documenta uma apresentação no Monticello, um lounge do motel Rowntowner Motor Inn (!), de Rochester, onde Monty cumpria uma temporada em 1971. Wright permanece no baixo, mas Bobby Durham assume a bateria, atuando também nas sessões de “Perception!” (73). O repertório é sempre eclético, às vezes em excesso, abrigando “Ben” (isso mesmo, o sucesso de Michael Jackson), o meloso tema de “Love story” (Francis Lai), “Shaft” (Isaac Hayes) e uma adaptação do célebre Adágio do “Concierto de Aranjuez” (Joaquin Rodrigo).

Concertos na Alemanha, em 1974 e 76, para uma platéia de convidados na mansão de Brunner-Schwer, geraram os álbuns “Love and sunshine”, “Unlimited love” e “The way it is”, repletos de momentos explosivos, como as energéticas versões do blues “SKJ” (de Milt Jackson) e do bop “Now’s the time” (Parker), além de “Feel like making love” (hit na voz de Roberta Flack), “Chameleon” (Hancock) e o calypso “Alypso”, do próprio Monty, assessorado por Eberhard Weber, Kenny Clare e o guitarrista jamaicano Ernest Ranglin. O baixista John Clayton e o batera Jeff Hamilton, atualmente no grupo de Diana Krall e líderes da Clayton-Hamilton Orchestra, entram em cena nos petardos “People make the world go round”, “Bluesology” e “Soft winds”. Não fica pedra sobre pedra. E Monty ainda tira onda vocalizando “Estate”, a canção italiana incorporada ao repertório jazzístico depois de recriada por João Gilberto. Haja coração!
George Shearing e Art Van Damme estão entre os artistas focalizados

Arnaldo DeSouteiro

Em meio a maior crise na história da indústria fonográfica, o jazz resiste bravamente graças a um público fiel, de alto poder aquisitivo, que não se contenta em comprar músicas pela internet nem acha a menor graça em passar horas fazendo downloads ilegais com a terrível qualidade de som do formato mp3. Apostando neste tipo de consumidor exigente e sofisticado, a Universal coloca no mercado luxuosas caixas apinhadas de preciosos tesouros sonoros: retrospectivas de George Shearing, Art Van Damme e Monty Alexander em suas fases na MPS Records. Todas trazendo detalhados livretos com reproduções das capas originais, fotos raras, textos minuciosos e ficha técnica completa.
Irresistível tentação

A caixa de George Shearing, por exemplo, é uma tentação irresistível para os colecionadores. Batizada “The MPS trio sessions” reúne, em quatro CDs, cinco álbuns completos. Com um significativo detalhe: um deles inteiramente inédito! Todos produzidos na Alemnha (no estúdio da MPS) pelo fundador da empresa, Hans Georg Brunner-Schwer, trazendo o pianista inglês ao lado do baixista dinamarquês Niels-Henning Orsted Pedersen (falecido em 2005, aos 58 anos) e do guitarrista irlandês Louis Stewart; sem bateria, seguindo o formato preferido de Nat “King” Cole. Dispostas em ordem cronológica, as dezenove faixas iniciais foram gravadas em junho de 1977 e divididas em dois LPs. Ambos utilizando temas de Chick Corea como faixas-títulos.

O primeiro, “Windows” (lançado em 78), começa com “Tricotism” (Oscar Pettiford) e termina com o estilizado “Cowboy samba” (de Pedersen), passando por “Tune up”, de Miles Davis. Alcançando o máximo de expressividade emocional nas baladas, Shearing brilha em “Lazy afternoon” (regravada recentemente por Danilo Perez), “Some other spring” e “The Lamp is low”, adaptada da “Pavane” de Ravel. O segundo disco, “500 miles high” (79), que chegou a ser editado em vinil no Brasil, via Copacabana, repete o ecletismo no cardápio: vai de suingados hinos do bebop (“Cheryl”, de Charlie Parker, “Jordu”, de Duke Jordan) às sutilezas de “Here’s that rainy day” e “Invitation”, além do tema-título que se tornou um clássico do estilo fusion ao ser lançado no álbum “Light as a feather”, do Return to Forever.
Requinte e sutileza

Na seqüência, temos sete faixas até então inéditas, preparadas em 1979 para um álbum que chegou a ser batizado “Feeling happy”, mas nunca chegou às lojas e foi agora descoberto pelo produtor Matthias Kunnecke. Destaques: “In your own sweet way” (do meu querido amigo Dave Brubeck), “Alice in wonderland” (coincidentemente também gravada por Brubeck no LP “1975: The duets” com Paul Desmond) e a charmosíssima “The fourth deuce”, do próprio Shearing. Entre as nove músicas do álbum “Getting in the swing of things”, lançado em 1980, figuram “Sweet and lovely”, “Poinciana” (imortalizada por outro estilista incomparável, Ahmad Jamal) e “Sweet Lorraine”.

As últimas nove faixas pertencem ao projeto “On traget”, iniciado em setembro de 79 e completado em novembro de 1980, quando o fabuloso arranjador Robert Farnon, canadense radicado na Inglaterra, adicionou suntuosas orquestrações (a la Claus Ogerman) a temas como “Portrait of Jennie”, “Last night when we were young”, “This is all I ask” e “A nightingale sang in Berkeley Square”. Um dos melhores e mais sofisticados álbuns na carreira de Sir George Shearing, cujo ápice de popularidade ocorreu nos anos 50, com o estouro comercial de seu quinteto.
Sonoridade inconfundível

Outro mestre a se firmar naquela mesma década, com uma sonoridade igualmente inconfundível que descobri na infância, na coleção de LPs de 10 polegadas de meu pai, Art Van Damme também gravou posteriormente para a MPS. Os cinco CDs da caixa “Swinging the accordion on MPS” recuperam nada menos que dez álbuns captados entre 1966 e 1970, totalizando 119 faixas. O maior acordeonista na história do jazz – ainda hoje em plena atividade, assim como Shearing – se esbalda em “That old black magic”, “Robbins nest”, “Topsy” e “Tangerine”, alguns dos temas escolhidos para “Art Van Damme in San Francisco”, seu disco de estréia na companhia, gravado na Califórnia. Todos os álbuns seguintes, porém, foram registrados na Alemanha, a começar por “Ecstasy”, mantendo a formação de quinteto.

Van Damme levou seu guitarrista Freddy Rundquist (sueco radicado nos EUA) e eles se entrosaram perfeitamente com o vibrafonista Heribert Thusek, o baixista Peter Witte e o excepcional batera suíço Charly Antolini, que participaram de cinco discos. Vale a pena observar tal encaixe em faixas como “It could happen to you”, “Autumn in New York”, “Cute” (do recém-falecido Neal Hefti), “Speak low”, “I got rhythm”, “Cherokee”, “Watch what happens” e a bossa extemporânea “Wave”, de Tom Jobim. Aliás, vale frisar que Art Van Damme foi o responsável pela febre do acordeon que tomou conta do Brasil nos anos 50, inspirando dezenas de futuros bossanovistas (inclusive Marcos Valle, Edu Lobo e Eumir Deodato) a estudar o instrumento nas academias de Mario Mascarenhas.
Saxes & flautas

Nas doze faixas de “Art and four brothers” (69), um quarteto de saxofones foi adicionado a partir da inspiração do histórico tema “Four brothers”, escrito por Jimmy Giuffre, em 1947, para a banda de Woody Herman. Mas o cardápio não se limitou àquele período, oscilando entre o pop rasteiro de “Sunny” e da xaroposa “Love is blue”, o jazz refinado de “Snowfall” e “Lush life”, e até “O Barquinho” de Menescal. No projeto seguinte, “Squeezing Art & tender flutes”, os saxes foram trocados por um quarteto de flautas, e o repertório recuperou a compostura, com bonitos arranjos de Christian Schmitz-Steinberg para temas de Mancini (“Cheers”), Ogerman (“How will I forget”), Berlin (“The best thing for you”), Gershwin (“A foggy day”) e Harry Warren (“I only have eyes for you”).

Por fim, os discos “Keep going” e “Blue world”, frutos de quatro sessões em 1970, contaram com o baixista Eberhard Weber, o batera Kenny Clare, o vibrafonista Heribert Thusek e o genial guitarrista Joe Pass, levado à Alemanha por Van Damme, para surpresa e deleite dos dirigentes da MPS. Na prática, o resultado desta união pode ser avaliado em 24 faixas. Entre elas, “Tenderly”, “Gone with the wind”, “It’s easy to remember”, “Too close for comfort”, “Laura”, “Cheek to cheek” e “The things we did last summer”.
Piano abrasador

Apadrinhado por Oscar Peterson, até hoje sua principal influência, o jamaicano Monty Alexander jamais alcançou a popularidade de Shearing ou Van Damme, nem o devido reconhecimento da crítica esnobe, que torce o nariz para virtuoses indomáveis e tecnicamente bem-dotados, prestando um enorme desserviço ao taxá-los erroneamente de exibicionistas. Uma injustiça que vitimou até o próprio Peterson, um deus do piano, e hoje atravanca a carreira de Michel Camilo, por exemplo. Tal raciocínio equivocado – ou “pensamento torto”, como diria Caetano – foi sempre o maior entrave na trajetória de Monty, cuja caixa “Alexander the great – Monty swings on MPS” deveria servir para mostrar ao distinto público como a crítica rancorosa, preconceituosa e mal-intencionada (sempre motivada por inveja) pode prejudicar a vida de um artista.

Os quatro CDs reúnem 42 faixas instrumentais gravadas por Alexander para a MPS, não incluindo o álbum “Montreux Alexander” (previamente relançado separadamente) nem as faixas vocais do disco “Estade”. Também ficaram de fora as sessões mais chegadas a um clima caribenho que geraram “Rass”, “Cobilimbo” e “Monty Alexander/Ernest Ranglin”. O encarte de 28 páginas traz os textos de contracapa dos LPs originais e uma nova entrevista com Monty, realizada pelo historiador Arnold van Kampen.
Virtuose energizado

Autodidata, nosso herói prefere tocar de ouvido, como Erroll Garner, e confessa não ser capaz de ler partituras complicadas. Nem precisava mesmo. Monty é um fenômeno, um virtuose nato, de performances arrebatadoramente exuberantes, como provou logo de cara em seu disco de estréia na MPS, à qual foi recomendado por Peterson. “Here comes the sun”, registrado em 1971 em NY, sob a produção de Don Schlitten, teve Eugene Wright (baixista consagrado no quarteto de Dave Brubeck), Duffy Jackson (bateria) e Montego Joe (congas) viajando da faixa-título de George Harrison ao clássico “So what”, de Miles Davis, com uma escala na linda balada “Where is love”, de Lionel Bart (não confundir com o hit “Where is the love”, que Ralph MacDonald e Bill Eaton escreveram depois para Roberta Flack).

Mas as performances pegam fogo mesmo nas gravações ao vivo, como em “We’ve only just begun”, que documenta uma apresentação no Monticello, um lounge do motel Rowntowner Motor Inn (!), de Rochester, onde Monty cumpria uma temporada em 1971. Wright permanece no baixo, mas Bobby Durham assume a bateria, atuando também nas sessões de “Perception!” (73). O repertório é sempre eclético, às vezes em excesso, abrigando “Ben” (isso mesmo, o sucesso de Michael Jackson), o meloso tema de “Love story” (Francis Lai), “Shaft” (Isaac Hayes) e uma adaptação do célebre Adágio do “Concierto de Aranjuez” (Joaquin Rodrigo).

Concertos na Alemanha, em 1974 e 76, para uma platéia de convidados na mansão de Brunner-Schwer, geraram os álbuns “Love and sunshine”, “Unlimited love” e “The way it is”, repletos de momentos explosivos, como as energéticas versões do blues “SKJ” (de Milt Jackson) e do bop “Now’s the time” (Parker), além de “Feel like making love” (hit na voz de Roberta Flack), “Chameleon” (Hancock) e o calypso “Alypso”, do próprio Monty, assessorado por Eberhard Weber, Kenny Clare e o guitarrista jamaicano Ernest Ranglin. O baixista John Clayton e o batera Jeff Hamilton, atualmente no grupo de Diana Krall e líderes da Clayton-Hamilton Orchestra, entram em cena nos petardos “People make the world go round”, “Bluesology” e “Soft winds”. Não fica pedra sobre pedra. E Monty ainda tira onda vocalizando “Estate”, a canção italiana incorporada ao repertório jazzístico depois de recriada por João Gilberto. Haja coração!

Da Tribuna da Imprensa

sábado, 6 de dezembro de 2008

Carta de Sarney a Helio Fernandes


Caro Helio

É com inconformismo, lamento e uma sensação de nostalgia que acompanho o fechamento da Tribuna da Imprensa.

Minha lembrança da Tribuna vem dos tempos em que acompanhei na Rua do Lavradio a Carlos Lacerda e Odylo Costa filho, Aluízio Alves e Carlos Castelo Branco, quando assistia a preparação da página de opinião e sentei mesmo à máquina como colaborador anônimo ou no fechamento do artigo de fundo e nos editoriais.

Depois você assumiu a tarefa de um jornal independente, de opinião e de convicções, aguerrido na defesa do Brasil e de seus caminhos. Nunca deixei de considerar importante ouvir a sua palavra, tantas vezes, nunca diminuiu a admiração pela sua bravura, tenacidade em defesa do Brasil.

Espero que a Tribuna da Imprensa ressurja e você continue a dar a sua contribuição fundamental para a imprensa brasileira, como um dos jornalistas mais combativos e brilhantes em nossa imprensa.

Um abraço e a solidariedade do

José Sarney

Tribuna

Jornalista Hélio Fernandes
Surpreso e entristecido, tomei conhecimento ontem de que a Tribuna não mais circulará em Brasília e, hoje (03/12), estupefato, fiquei sabendo que a Tribuna está suspensa. Acompanhei o lançamento do jornal em 1949 e sou seu leitor assíduo até hoje. Lembro-me de uma frase que V. S. pronunciou numa conferência sobre a liberdade de imprensa no CACO, em janeiro de 1964: a liberdade de imprensa acabou, quando Gutenberg inventou a máquina de imprimir.

Mesmo assim, a Tribuna sempre foi o mais independente possível, corajosa, honesta e democrática. No execrável período entreguista de FH foi o único jornal de oposição verdadeira. Espero que logo retorne, contando com a boa vontade do ministro relator do STF. Cordiais saudações
Roberto Azambuja - Brasília (DF)

Mineiro

Querido Helio Fernandes,
Apesar da frase genial de seu mano, Millôr Fernandes, em que diz: "Mineiro só é solidário no câncer", venho com fé solidarizar-me neste momento tão triste para os meios de comunicação e torcer que os nossos juízes usem o bom senso e façam justiça a nossa Tribuna da Imprensa, que teve o privilégio de ter sido fundada pelo maior líder de nosso País : "Carlos Lacerda".
Aceite o meu abraço,
Evaldo Augusto Torres Alves - São Paulo

Solidariedade

Tribuna
Helio Fernandes,
Pior do que a ditadura militar é a ditadura imposta pelo Partido dos Trabalhadores. Esse ministro não deve ter noção nenhuma do que representa a TRIBUNA para o Brasil. Não sou esquerdista, nem sou Brizolista, mas sempre gostei de ler a TRIBUNA. Mas acho que se o presidente da República fosse o senhor JOSÉ SERRA, decerto o jornal ainda estaria circulando normalmente nas bancas, e não seria atingido por uma truculenta ação de petistas. APRENDA UMA COISA:

Jornal de Petista é o tal do "O DIA "(QUE , A PROPÓSITO, DIGA-SE DE PASSAGEM, é HORROROSO...
João Neto - Juiz de Fora (MG)

Pelego

Quero através deste, externar o meu mais profundo respeito e admiração pela TRIBUNA DA IMPRENSA. A linha editorial deste jornal é isenta e imparcial, trabalhando sempre com a verdade dos fatos, sem manipulá-los.

Externo também a minha INDIGNAÇÃO e REVOLTA pela forma que o poder (in)judiciário, que está no andar acima da PRIMEIRA INSTÂNCIA, tratou e trata a situação jurídica do jornal TRIBUNA DA IMPRENSA e o Jornalista HELIO FERNANDES com total DESPREZO, INDIFERENÇA e POUCO CASO.

Foi através deste diário que, com suas matérias e seus colunistas, aprendi a compreender fatos e situações que fazem parte da história deste PAÍS e do mundo, e a compreender, também, fatos e situações atuais do cotidiano brasileiro como um todo e do mundo.

Diz um provérbio chinês: "Jamais se desespere frente a sombrias aflições de sua vida, pois de densas nuvens negras cai água límpida e fecunda."

Como afirma o jornalista HELIO FERNANDES, o resto da imprensa é amestrada e adestrada, se utiliza de verbas públicas de publicidade para poder sobreviver.

NÃO DESISTA NUNCA HELIO FERNANDES, POIS O SR. É BRASILEIRO.
José Lauro de Oliveira Pereira - São Gonçalo (RJ)

Apoio

Minha integral solidariedade ao jornalista Helio Fernandes e a toda a equipe do "Tribuna da Imprensa", meu querido jornal diário na internet. Espero que essa pausa seja temporária.
Paulo Couto Teixeira - Brasília (DF)

Solidariedade

É uma pena que a Tribuna não faça parte da "cosa nostra" da comunicação brasileira. Como vc. com esse sobrenome Fernandes, vai querer compartilhar das famiglias Frias, Mesquita, Marinho, Civita, Saad, que manipulam as informações dependendo das "verbas publicitárias e ou de " outros" interesses bancários?

Ora jornalista, seu jornal está muito acima destes jornalões e telejornalões. Suas verdades nuas e cruas serão sempre lidas onde quer que as publique. Parabéns pela coragem. Se vc. tivesse um Dantas no seu nome, talvez seu processo fosse caminhar mais rapidamente no STF.
Um abraço
Cid Costa - São Paulo (SP)

Parabéns ao Argemiro Ferreira, pelo seu artigo publicado em 03-12-08. Repito: os que condenaram(com escarcéu/barulho)o fechamento de um canal de TV na Venezuela, não defenderam com a mesma ênfase o que está acontecendo com esta Tribuna. Mudam apenas a forma, o método, as pessoas, as palavras....Têm medo da concorrência? Como defendem a livre iniciativa? Acham que serão ETERNAMENTE inatingíveis?

Apostam na memória curta do povo? Acham que o povo já esqueceu o que foi publicado numa revista semanal: "o jornal tal....é feito para INTELIGÊNCIA MEDIANA...." É preciso enxergar além.....MUITO ALÉM DO HORIZONTE. Os jornalões não aprenderam e nunca aprenderão. E pior: ainda "pensam" que podem nos ensinar o que eles nunca entenderam e jamais entenderão

A Tribuna deve fazer uma campanha, de assinaturas, inclusive divulgar nº de conta, agência, banco....RESISTIR É PRECISO E PRECIOSO! Parabéns à Tribuna e seu corpo Funcional e Jornalístico!
Luiz Santos - Recife (PE)


Bomba

Caro Helio.
A notícia da interrupção da circulação da nossa Tribuna nos caiu como uma bomba atômica. Só podemos torcer para que as adversidades sejam superadas e a nossa divisão de infantaria nacionalista retorne às trincheiras o mais prontamente possível.
Geraldo Luís Lino - Rio de Janeiro (RJ)

Não esmoreçam

"Grande abraço, não esmoreçam, a luta continua!"
Léa Vaz Pizzi, diretora da Associação dos Artistas Líricos

Democracia

Eu nunca acreditei que a democracia fosse o prato desses aí que estão no poder. Independente de militares ou civis, todos querem o poder. Cadê aqueles que defendem a imprensa? Os direitos humanos? Só quando é contra o Estado? A TI é a maior linha de inteligência da nossa imprensa e fico triste por só conseguir ler pela internet, abaixo todos os falsos profetas.
Pedro Rodrigues da Silva - Alegre (ES)

Apoio

Todo apoio as lutas da Tribuna da Imprensa: Brasil outros 500
Luiz Cesar da Costa - Porto Alegre (RS)

Solidariedade

Prezado Jornalista Helio Fernandes, conte comigo, ainda que parcos os meus recursos abra uma conta e peça a ajuda de BRASILEIROS NACIONALISTAS, na sua luta em prestar uma JORNALISMO sem aspas e fundamentado na VERDADE. Sempre li a Tribuna desde 1980, quando eu ajudava meu irmão a vender JORNAL na estação das BARCAS na Praça XVI. Sempre fui leitor deste informativo HERÓICO E NACIONALISTA, meu abraço a você, grande Helio e a toda sua equipe. Vai ser feiota justiça, Helio, Deus está contigo. Do amigo aqui em Salvador.
Carlos de Jesus - Salvador (BA)

Parabéns

Primeiro, parabéns pela excelente matéria publicada no dia 30/11/08 por este m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-o Jornal Tribuna, e pela sua competência em divulgar a verdade doa a quem doer e isso deveria servir de exemplo para o Judiciário que o persegue, assim como para todos aqueles que se vendem por contos de réis. Obrigado por publicar a matéria verdadeira neste dia, nos orgulhamos disso.

E parabéns por não se curvar diante desse Judiciário impróprio que estraga, destrói e maldiz o povo, os pobres que não têm vez. É muito lamentável termos que ficar lendo matérias como as que escreveu em "ter que fechar o Jornal por pouco tempo", aliás isso foi fantástico. O poder Judiciário acabou neste País, não existe mais orgulho da Justiça que é c-e-g-a para os poderosos, s-u-r-d-a para os mais necessitados (vide a violência em todo o Rio) e m-u-d-a quando deve e não nos paga. Estamos estarrecidos com tudo isso e pedimos a DEUS que o ajude a manter esse perfil de verdadeiro único representante legal na imprensa brasileira. (...).
Jorge Almeida Arruda - Rio de Janeiro (RJ)

Processo

Conforme a lei, o processo do sr. Helio Fernandes tem prioridade na tramitação, devido aos seus 80 anos de idade. Mas, como o min. Joaquim Barbosa foi indicado pelo pres. Lula para o STF, talvez ele esteja "fazendo média" com seu padrinho, progorrando essa despesa à União.
Geraldo Cordeiro de Carvalho - Paulo Afonso (BA)

Aposentados

Gostaria de saber o que os senadores pretendem com essas vigílias? Nenhum órgão de imprensa noticia. O povo não toma conhecimento, não sabe de nada e não participa. O curioso é que o senador Paulo Paim - que se diz defensor dos aposentados - votou a favor da taxação dos velhinhos aposentados, pensionistas, viúvas, inativos em 11%.

Vamos começar um movimento para derrubar os 11%. A própria senadora Heloisa Helena, denunciou que a aprovação dos 11% foi comprada com o dinheiro do mensalão. Será que Paim vai convocar os seus pares para uma vigília em favor da anulação da votação que instituiu A TAXAÇÃO DOS INATIVOS?
Antonio Carlos Ferro Costa - Brasília (DF)

Leia o Correio eletrônico de ontem
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sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

PAINEL DO PAIM solidariza com a Tribuna da Imprensa pelas violências sofridas através de décadas

Como afirmação de minha solidariedade à Tribuna de Imprensa, a Helio Fernandes e aos seus colaboradores, estou publicando, diariamente, em diversos dos meus blogs, englobados sob o título de PAINEL DO PAIM, toda a matéria constante da Tribuna da Imprensa Online.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

A TRIBUNA interrompe momentamente a circulação (Helio Fernandes - Tribuna da Imprensa, de 1 de dezembro de 2008)

POR CULPA DA JUSTIÇA MOROSA,
TENDENCIOSA, DESCUIDADA, DISPLICENTE,
VERDADEIRAMENTE INJUSTA E AUSENTE,
TÃO DITATORIAL QUANTO A DITADURA

O douto procurador-geral da República, Claudio Fonteles, recusou o AGRAVO da União, identificando-o como PROTELATÓRIO.

O imodesto ministro Joaquim Barbosa recebeu o AGRAVO da União, sabendo que era PROTELATÓRIO. Levou 2 anos e meio para entender.

Com a mente revoltada e o coração sangrando, escrevo serenamente, mas com a certeza de que é um libelo que atinge, vai atingir e quero mesmo que atinja o sistema Judiciário. As palavras que coloquei como título desta comunicação representam a ignomínia judicial, que se considera poderosa e inatingível, mas é apenas covarde e insensível.

Retira-se dessa acusação global apenas a primeira instância. O juiz que em 1979 recebeu a ação desta Tribuna da Imprensa examinou imediatamente a questão e dividiu a ação em duas. Uma chamada de LÍQUIDA, que decidiu imediatamente e que, lógico, foi objeto de recursos indevidos, malévolos e protelatórios, que é a que está na mesa do ministro Joaquim Barbosa.

A outra, denominada de ILÍQUIDA, juntava e junta prejuízos ainda maiores, como desvalorização do título do jornal, lucros cessantes, páginas em branco durante 10 anos, perseguição aos anunciantes, que intimidados pessoalmente pelo então diretor da Receita deixavam de anunciar.

(Esse diretor da Receita Federal, Orlando Travancas, era feroz na perseguição e na intimidação. Não demorou muito, foi flagrado em crime de extorsão e corrupção, não quiseram prendê-lo, seria desmoralização para o regime. Foi aposentado luxuosamente, com proventos financeiros "generosos").

A ação ILÍQUIDA dependia de PERÍCIA, que vem desde 1982, e não foi feita por irresponsabilidade e falta de interesse de dois lados. Acreditamos que agora andará em velocidade para recuperar o tempo perdido. Na ação dita LÍQUIDA, o competente juiz de primeira instância, cumprindo o seu dever, sem temor ou dificuldade, condenava a União ao pagamento da INDENIZAÇÃO devida a esta Tribuna.

Que sabendo dos obstáculos que enfrentaria, dos sacrifícios a que seria submetida, assumiu sem qualquer restrição a resistência ao autoritarismo e à permanente e intransigente defesa do interesse nacional, tão sacrificado. "Combatíamos o bom combate", como disse o Apóstolo Paulo.

De 1982 (primeira e única sentença) até este ano de 2008 (26 anos), a decisão do competente juiz de primeira instância foi naufragando na impunidade, no descuido, na imprudência dos chamados MAGISTRADOS SUPERIORES.

Nesses 26 anos, desembargadores que não tinham nenhum adjetivo, mas lutavam arduamente para ganhar a complementação de DESEMBARGADORES FEDERAIS, nem ligavam para a justiça ou a injustiça. Importantes, se consideravam insubstituíveis e incomparáveis, não queriam que alguém pensasse ou admitisse que eram inferiores. Lógico, cuidando da ambição pessoal, não podiam perder tempo FAZENDO JUSTIÇA. Que era o que o juiz de primeira instância compreendeu e decidiu imediatamente.

Em 26 de março de 1981, a ditadura agonizante mas vingativa explodiu prédios, máquinas e demais dependências desta Tribuna. Podíamos acrescentar isso na própria ação ou começar nova, com mais esse prejuízo colossal. Não quisemos. É fato também facilmente comprovável, não protestamos nem reivindicamos judicialmente em relação a mais esse terrorismo. Financeiro, econômico, irreparável.

Outro fato que também é acusação contra DESEMBARGADORES FEDERAIS facilmente comprovável verificando o andamento, quer dizer, a paralisação do processo: vários DESEMBARGADORES FEDERAIS ficaram 2, 3 e até 4 anos com o processo engavetado. Alguns devolviam o processo pela razão maior de todas: caíam na EXPULSÓRIA. Mas continuavam fazendo parte do esquema e sistema de atrasar a eficácia da prestação jurisdicional. Necessária nova distribuição, isso era feito lentamente, esqueciam inteiramente da importância de fazer justiça.

E o próprio Supremo Tribunal Federal não pode ser considerado INOCENTE ou DESCONHECEDOR do processo. Pois há quase 3 anos ele está na mesa do ministro Joaquim Barbosa, "esperavam um negro subserviente, encontraram um magistrado que veio para fazer justiça". Na prática está desmentindo a teoria. Negro ou branco, não importa a cor e sim a I-N-S-E-N-S-I-B-I-L-I-D-A-D-E como magistrado.

O ministro Joaquim Barbosa, do STF, com extrema boa vontade, recebeu o recurso inócuo da União, verdadeira litigância de má-fé, que sabia ser apenas PROTELATÓRIO. Os autos estão descansando em seu gabinete desde abril de 2006. Postura diferente adotou o douto procurador-geral da República, Cláudio Lemos Fonteles, que há mais de 2 anos já fulminara o teratológico recurso como INADMISSÍVEL, sem razão de ser, vez que almeja REDISCUTIR o que já tinha sido pacificado nas instâncias inferiores, ou seja, o direito líquido e certo desta Tribuna da Imprensa ser indenizada por conta de danos morais e prejuízos materiais de vulto que sofrera, em decorrência de atos truculentos e de censura permanente dos governantes dos anos de chumbo e que quase levaram o jornal à falência.

Inexplicavelmente, repita-se, o bravo (ou bravateiro?) Joaquim Barbosa aceitou o afrontoso apelo da União que nem deveria ser conhecido, por conta quem sabe de um cochilo, displicência ou então não tem a sabedoria jurídica que tanto apregoa.

Não quero ir mais longe, lembrar apenas o seguinte: a Tribuna da Imprensa não será FECHADA pela indolência da Justiça, que, sem perceber, a castiga tanto ou mais do que a ditadura, na medida em que por inaceitável MOROSIDADE está retardando a implementação da execução de sentença condenatória da ré, União Federal, e sua maior devedora.

ASSIM, suspenderemos por alguns meses a circulação deste jornal, que entra, coincidentemente, no ano 60 da sua existência. 14 com Carlos Lacerda, 46 com este repórter. Não transigimos, não conversamos, não negociamos a opinião aberta e franca pela recompensa escondida mas relevante. Poderíamos ter cedido, concedido, concordado, conquistaríamos a riqueza falsa e inconsciente, mas GLORIOSA E DURADOURA.

Vivemos num mundo dominado pela VISIBILIDADE e a RECIPROCIDADE. Como não nos entregamos nunca, como ninguém neste jornal distribui visibilidade para receber reciprocidade, estamos em situação dificílima.

Nesse quadro, já dissemos e reiteramos que essa primeira indenização será toda destinada ao pagamento de DÍVIDAS obrigatórias contraídas por causa da perseguição incessante comprovadamente sofrida.

Em matéria de tempo, uma parte do Judiciário foi mais ditatorial do que a ditadura. Esta perseguiu o jornal das mais variadas formas, por 20 anos. A Justiça quer ver se chega aos 30 anos, por conta de sua repugnante MOROSIDADE, TÃO RUINOSA e imoral quanto a ilimitada violência perpetrada pela ditadura.

Se vivo fosse, o jurista Ruy Barbosa por certo processaria os lenientes julgadores do processo indenizatório ajuizado pela Tribuna contra a União há quase 30 anos e sem pagamento algum até hoje, porque para Ruy, que é tão festejado e citado, mas não imitado, JUSTIÇA ATRASADA NÃO É JUSTIÇA, SENÃO INJUSTIÇA QUALIFICADA E MANIFESTA. Até breve. Muito breve.

PS - "A única coisa que devemos temer é o próprio medo. O medo inominável, injustificável, sem razão de ser. Medo que paralisa os esforços e transforma um avanço vitorioso numa derrota ou numa retirada desastrosa". Franklin Delano Roosevelt, 4 de março de 1933. Um dia antes de tomar posse pela primeira vez como presidente e já pronto para lançar o New Deal.

Helio Fernandes

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Acirrada a tertúlia entre Legislativo e Judiciário (Carlos Chagas - Tribuna da Imprensa)

BRASÍLIA - Com uma semana de atraso o presidente do Supremo Tribunal Federal deu resposta ao presidente do Congresso, que de corpo presente havia acusado o Judiciário de pensar que era Legislativo. Na sessão destinada a referendar a decisão do Tribunal Superior Eleitoral que considerou pertencerem os mandatos aos partidos, não aos mandatários, Gilmar Mendes declarou ser a lentidão do Congresso o motivo para os tribunais superiores agirem como agem.

Não havia razão para Garibaldi Alves estar no julgamento, mas cinco minutos depois, em seu gabinete na presidência do Senado, era informado por um araponga das palavras do ministro. Demorou pouco para entrar em contato com o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, desencadeando uma espécie de operação-relâmpago, destinada a colocar em votação entre os deputados o projeto de lei já aprovado no Senado, estabelecendo janelas para parlamentares escapulirem da fidelidade partidária.

Isso porque, conforme dispôs o Supremo, acompanhando o TSE, quem mudou de partido desde o ano passado deve perder o mandato. Seria um desastre para a classe política. A idéia é ver aprovado o projeto ainda este ano, estabelecendo que de quatro em quatro anos os parlamentares poderão trocar de legenda sem perder o mandato. Mais ainda: que até a sanção da lei, fica o passado completamente apagado, quer dizer, quem mudou está mudado e pronto.

Caso a estratégia dos presidentes do Senado e da Câmara dê certo, haverá que aguardar a tréplica de Gilmar Mendes, talvez baseada no fato de que a decisão do Tribunal Superior Eleitoral e do Supremo Tribunal Federal vale durante o período anterior à nova lei. Prevê-se nova tertúlia entre o Judiciário e o Legislativo, sob os olhares felizes do Executivo.
Não dá para entender

Até o final da semana o preço do barril de petróleo caiu para 56 dólares, no mercado internacional. Três meses atrás estava em 144 dólares. Não se discute o prejuízo das empresas petrolíferas, pois nenhuma delas abriu a boca para protestar. Pelo contrário, estão felizes, alardeando lucros jamais registrados.

Fica para outro dia analisar os meandros dessa megaespeculação mundial capaz de ter favorecido árabes e não árabes, inclusive caboclos como nós, através da Petrobras. A empresa jamais ganhou tanto como agora, parabéns para ela. Apenas uma pergunta fica no ar: para o consumidor de gasolina, óleo diesel e demais derivados, os preços nas bombas eram uns, com o petróleo a 144 dólares. Por que, então, não baixaram, se o petróleo recuou para 56 dólares?

Tem gente faturando além do lógico, melhor seria dizer, tem gente roubando. Em toda a cadeia que vai da extração à venda final, calam-se todos. Sequer explicam a causa de a lei mundial do mercado não valer quando o vento sopra a seu favor. Esse é mais um exemplo da falácia do modelo neoliberal que nos assola.
Se o PT não fizer besteira...

Do Rio Grande do Sul chegam notícias de estar mal a imagem da governadora Yeda Crusius. Caso o minuano não mude de rumo, dificilmente ela se arriscará a disputar um segundo mandato, em 2010. Como a sucessão gaúcha só perde para a sucessão nacional, em termos de interesse público faz muito que começaram as especulações.

O PT, como oposição derrotada, vê crescerem suas chances de voltar ao Palácio Piratini, mas só se tomar juízo. Continuando a disputa infantil entre Tarso Genro e Olívio Dutra, o resultado será a derrota de ambos, o que for escolhido candidato e o que for preterido. Há quem suponha que se Dilma Rousseff não emplacar como candidata ao Palácio do Planalto seria a indicada do presidente Lula para disputar a sucessão gaúcha. O problema é que se o chefe do governo se der ao trabalho de percorrer a Rua da Praia, de preferência incógnito, sairá com a certeza de que a chefe da Casa Civil teria mais chances no plano federal do que no estadual. Não sensibiliza um chimango, nem um maragato.

O candidato de que o PT dispõe, com reais possibilidades de vitória, é o senador Paulo Paim. Não por ser o primeiro negro a ocupar o governo do Rio Grande, porque Alceu Collares já ocupou, mas por haver-se tornado o campeão das causas populares. Os esparsos projeto de melhoria dos aposentados, dos assalariados e dos desvaforecidos têm sido de sua lavra, no Congresso.

Registre-se o fato de que o presidente Lula deixou de gostar de Paim, apesar de terem morado juntos numa república brasiliense, durante os tempos da Assembléia Nacional Constituinte. A cúpula do PT acha o senador independente demais, ele que votou contra o arrocho previdenciário aprovado por instâncias do governo Lula. Quando o presidente vai ao Rio Grande, levando parlamentares gaúchos, sempre se esquece de convidar Paim. Não importa, se os companheiros quiserem ganhar a eleição, será com ele e mais ninguém.
Outro favorito

Por falar nas sucessões estaduais, registram-se hoje tendências claras em diversos estados. Poderão mudar, é claro, mas se as eleições se realizassem no próximo domingo teriam grandes chances:

Paulo Paim, no Rio Grande do Sul, Beto Richa, no Paraná, Patrus Ananias, em Minas, Sérgio Cabral, no Rio, Jacques Wagner, na Bahia, Jarbas Vasconcelos, em Pernambuco, Cid Gomes, no Ceará, José Maranhão, na Paraíba, Edison Lobão, no Maranhão, e Íris Resende, em Goiás, entre outros.

Valeria o leitor anotar essas previsões para cobrá-las em outubro de 2010 e ter a certeza de como são vãs as especulações jornalísticas. De qualquer forma, como dos 26 estados e o Distrito Federal citamos apenas dez, fica em aberto o leque para dezessete palpites.

sábado, 15 de novembro de 2008

Líderes do G20 convocam nova reunião para o dia 30 de abril

Washington, 15 nov (EFE).- Os Chefes de Estado e de Governo do Grupo dos Vinte (G20, que reúne os países mais ricos e os principais emergentes) decidiram dar hoje um maior peso aos países emergentes e em desenvolvimento nas instituições financeiras e convocaram uma nova cúpula para o dia 30 de abril.

A declaração final adotada após a Cúpula de Chefes de Estado e de Governo do G20 não especifica, no entanto, o local no qual acontecerá a próxima reunião.
UOL

domingo, 9 de novembro de 2008

Português: Mudança de Regras

Conheça as Novas Regras Ortográficas

As novas regras da língua portuguesa mexem com acentuação e hífen.
G1 elaborou tabela que traz regras atuais e o que vai mudar em cada uma.

Do G1, em São Paulo


Veja as regras atuais e o que vai mudar na língua portuguesa:



Alfabeto
Nova Regra
O alfabeto será formado por 26 letras
Como é
As letras “k”, “w” e “y” não são consideradas integrantes do alfabeto
Como será
Essas letras serão usadas em unidades de medida, nomes próprios, palavras estrangeiras e outras palavras em geral. Exemplos: km, kg, watt, playground, William, Kafka, kafkiano.





Trema
Nova regra
Não existirá mais o trema na língua portuguesa. Será mantido apenas em casos de nomes estrangeiros. Exemplo: Müller, mülleriano.
Como é
Agüentar, conseqüência, cinqüenta, freqüência, tranqüilo, lingüiça, bilíngüe.
Como será
Aguentar, consequência, cinquenta, frequência, tranquilo, linguiça, bilíngue.





Acentuação – ditongos “ei” e “oi”
Nova regra
Os ditongos abertos “ei” e “oi” não serão mais acentuados em palavras paroxítonas
Como é
Assembléia, platéia, idéia, colméia, boléia, Coréia, bóia, paranóia, jibóia, apóio, heróico, paranóico
Como será
Assembleia, plateia, ideia, colmeia, boleia, Coreia, boia, paranoia, jiboia, apoio, heroico, paranoico.
Obs: Nos ditongos abertos de palavras oxítonas terminadas em éi, éu e ói e monossílabas o acento continua: herói, constrói, dói, anéis, papéis, troféu, céu, chapéu.





Acentuação – “i” e “u” formando hiato
Nova regra
Não se acentuarão mais "i" e "u" tônicos formando hiato quando vierem depois de ditongo
Como é
baiúca, boiúna, feiúra, feiúme, bocaiúva
Como será
baiuca, boiuna, feiura, feiume, bocaiuva
Obs 1: Se a palavra for oxítona e o “i” ou “u” estiverem em posição final o acento permanece: tuiuiú, Piauí.
Obs 2: Nos demais “i” e “u” tônicos, formando hiato, o acento continua. Exemplo: saúde, saída, gaúcho.





Hiato
Nova regra
Os hiatos "oo" e "ee" não serão mais acentuados
Como é
enjôo, vôo, perdôo, abençôo, povôo, crêem, dêem, lêem, vêem, relêem
Como será
enjoo, voo, perdoo, abençoo, povoo, creem, deem, leem, veem, releem





Palavras homônimas
Nova regra
Não existirá mais o acento diferencial em palavras homônimas (grafia igual, som e sentido diferentes)
Como é
Pára/para, péla/pela, pêlo/pelo, pêra/pera, pólo/polo
Como será
para, pela, pelo, pera, polo
Obs 1: O acento diferencial ainda permanece no verbo poder (pôde, quando usado no passado) e no verbo pôr (para diferenciar da preposição por).
Obs 2: É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as palavras forma/fôrma. Em alguns casos, o uso do acento deixa a frase mais clara. Exemplo: Qual é a forma da fôrma do bolo?






Hífen – “r” e “s”
Nova regra
O hífen não será mais utilizado em prefixos terminados em vogal seguida de palavras iniciadas com "r" ou "s". Nesse caso, essas letras deverão ser duplicadas.
Como é
ante-sala, auto-retrato, anti-social, anti-rugas, arqui-rival, auto-regulamentação, auto-sugestão, contra-senso, contra-regra, contra-senha, extra-regimento, infra-som, ultra-sonografia, semi-real, supra-renal.
Como será
antessala, autorretrato, antissocial, antirrugas, arquirrival, autorregulamentação, autossugestão, contrassenso, contrarregra, contrassenha, extrarregimento, infrassom, ultrassonografia, semirreal, suprarrenal.




Hífen – mesma vogal
Nova Regra
O hífen será utilizado quando o prefixo terminar com uma vogal e a segunda palavra começar com a mesma vogal.
Como é
antiibérico, antiinflamatório, antiinflacionário, antiimperialista, arquiinimigo, arquiirmandade, microondas, microônibus.
Como será
anti-ibérico, anti-inflamatório, anti-inflacionário, anti-imperialista, arqui-inimigo, arqui-irmandade, micro-ondas, micro-ônibus.





Hífen – vogais diferentes
Nova regra
O hífen não será utilizado quando o prefixo terminar em vogal diferente da que inicia a segunda palavra.
Como é
auto-afirmação, auto-ajuda, auto-aprendizagem, auto-escola, auto-estrada, auto-instrução, co-autor, contra-exemplo, contra-indicação, contra-ordem, extra-escolar, extra-oficial, infra-estrutura, intra-ocular, intra-uterino, neo-expressionista, neo-imperialista, semi-aberto, semi-árido, semi-automático
Como será
autoafirmação, autoajuda, autoaprendizagem, autoescola, autoestrada, autoinstrução, coautor, contraexemplo, contraindicação, contraordem, extraescolar, extraoficial, infraestrutura, intraocular, intrauterino, neoexpressionista, neoimperialista, semiaberto, semiárido, semiautomático.
Obs: A regra não se encaixa quando a palavra seguinte iniciar por h: anti-herói, anti-higiênico, extra-humano, semi-herbáceo.

Fonte: Claúdia Beltrão, professora de português da Central de Concursos

sábado, 8 de novembro de 2008

O Globo imitando site de Aquidauana: “Barack Hussein Obama"

(Publicado no site da FM PAN de Aquidauana - MS)

Durante a campanha política em Aquidauana, não poupamos criticas a um site local que insistia em utilizar um nome de nulo apelo jornalístico para designar o candidato favorito Fauzi Suleiman, depois eleito Prefeito.


O tempo só veio confirmar a justeza de nossas afirmações, uma vez que o colunista Argemiro Ferreira, em artigo publicado na Tribuna de Imprensa, de hoje, encosta o jornal O Globo “na parede”, em face de habitual procedimento semelhante.


Sem maiores comentários, o que é absolutamente desnecessário, transcrevemos o seguinte trecho da coluna de Argemiro Ferreira:


“E aquele "Hussein" do jornal "O Globo"?

...

O respeito a Ali, Carter e Clinton

Fiquei implicado com a celebração triunfalista de "O Globo". Primeiro, por achar que o tributo era mais aos recursos técnicos da empresa, que se deu ao luxo de atualizar o resultado, divulgado tarde demais, em três primeiras páginas diferentes. As que circularam a tempo de pegar a distribuição normal certamente não tinham o resultado definitivo da votação - e para os demais jornais, não se justificava o custo da espera.


Era então apenas uma primeira página para efeito de relações públicas, feito jornalístico menor. Mas houve ainda a decisão, insólita e de mau gosto, da manchete "Presidente Barack Hussein Obama". No tempo em que eu fazia título no copy desk de "O Globo", o lutador de box que ganhou o título mundial dos pesos pesados, o bailarino que fora Cassius Clay ao nascer, adotou como adulto o nome Muhammad Ali - e assim era identificado na mídia.


Mesmo depois, quando os eleitores americanos elegeram um presidente chamado James Earl Carter Jr., o jornal da família Marinho só o chamava pelo nome adotado por ele, Jimmy Carter. E bem mais tarde, em 1992, ao ser eleito o candidato cujo nome original era William Jefferson Blythe III (o Clinton veio depois, era do padrasto), nas páginas de "O Globo" sempre foi (e continua a ser, até hoje) apenas Bill Clinton.


Que gênio do jornalismo teria decidido agora - e com que intenção - mandar o mancheteiro preferir aquele "Barack Hussein Obama", que os jornais em geral não usam nem em textos, quanto mais como manchete, quando a opção normal é pela economia de letras? Não sabia "O Globo" que aquele nome do meio, demonizado para preparar a invasão do Iraque, só é falado pelos odiadores do presidente eleito? E em especial os extremistas de "talk shows" do mais baixo nível?


Orgulho de ser único no mundo


Não afirmo que a intenção tenha sido ofensiva. Não vi antes textos ofensivos no jornal sobre Obama - nem na coluna pouco inspirada de Merval Pereira. Mas o "oba, oba!" da página 6 celebrou a opção como positiva. Relatou com orgulho ter sido aquela primeira página mostrada várias vezes na CNN, ao mesmo tempo em que um locutor explicava que foi a única no mundo a incluir aquele "Hussein" no nome do presidente eleito.”

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Veneno de cobra pode ajudar no combate ao câncer

Uma substância presente no veneno de certas cobras é capaz de impedir metástases - que ocorrem quando o câncer se espalha pelo organismo. O estudo foi desenvolvido pela pesquisadora Thereza Christina Barja-Fidalgo, da Universidade Estadual do Rio Uerj. A equipe coordenada por ela comprovou que proteínas isoladas do veneno de serpentes, as desintegrinas, reduzem a capacidade de ativação e de migração das células cancerígenas pelo organismo.

» Novo Exame de câncer chega ao País
» Estudo liga pouco sono a câncer de mama
» Genoma de paciente com câncer é decodificado
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Ao trabalhar com desintegrinas do veneno de espécies como a Bothrops jararaca, muito comum no Brasil, e as serpentes asiáticas Agkistrodon rhodostoma e Trimeresurus flavoviridis, Thereza Christina observou que estas substâncias são capazes de reduzir significativamente a proliferação e a migração de células de um tipo de melanoma, altamente metastásico em camundongos.

"A metástase do melanoma se dá por meio do sangue. Quanto mais vascularizado o órgão, maiores são as chances de as células tumorais proliferarem e atingirem os pulmões, por exemplo", afirma Christina, acrescentando que, além de diminuir as chances de formação de mais tumores, a ação das desintegrinas diminui também a atividade das células do melanoma, inibindo o crescimento acelerado do tumor.

Thereza Christina explica que a proliferação e a sobrevivência da célula cancerosa depende de sua capacidade de aderir a outras células e também de migrar dentro do organismo. Para isso, é necessário que ocorra a interação entre as próprias células, que é feita por proteínas da família das integrinas.

O trabalho, desenvolvido no Laboratório de Farmacologia Bioquímica e Celular do Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes (Ibrag), servirá de base para novos estudos que busquem a cura do câncer. "Acredito que essa pesquisa servirá de subsídio para um melhor entendimento da fisiologia da célula tumoral", diz Thereza Christina.

Em busca de um medicamento
A pesquisadora pondera que, embora nos experimentos com camundongos as desintegrinas tenham se mostrado bastante promissoras na terapia contra tumores e metástases, estas proteínas ainda devem ser encaradas como protótipos para o desenvolvimento de novas drogas. Pelo menos por enquanto não há previsão de quando ela será testada em humanos.

Segundo a cientista, sua obtenção a partir de veneno bruto ainda é cara e de pouco rendimento. "O veneno das cobras é uma matéria-prima muito cara. Estamos tentando obter fontes mais baratas de desintegrinas. Para tanto, estamos criando bactérias capazes de produzir essas proteínas responsáveis pela ligação seletiva a integrinas, obtendo assim uma fonte barata da substância", diz.

O Dia

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Obama é, mesmo, o "Bamba"!: Eleito 1º negro na presidência dos Estados Unidos




Democrata Barack Obama era favorito desde o estouro da crise financeira nos EUA, em meados de setembro

O democrata Barack Obama foi eleito no começo da madrugada desta quarta-feira o primeiro presidente negro dos Estados Unidos e o 44º da história do país. O republicano John McCain já telefonou a Obama parabenizando-o pela vitória e fez seu primeiro discurso após a derrota dizendo "aplaudir" o caráter histórico da vitória de Obama.

O atual presidente do país, o republicano George W. Bush, também já telefonou para Obama para dar os parabéns.

Nascido em Honolulu, no Havaí, em 4 de agosto de 1961, Barack Hussein Obama é senador por Illinois em seu primeiro mandato. Ele passou a juventude na ilha americana, onde se destacou pelo serviço comunitário. Com um bom histórico escolar, Obama formou-se em direito na tradicional pela Universidade Harvard, onde conheceu sua mulher, Michelle, e trabalhou como professor e defensor dos direitos civis em Chicago, antes de ser eleito senador.
Obama era um rosto pouco conhecido no cenário nacional até vencer as acirradas primárias democratas contra Hillary Clinton --tida como grande favorita na disputa presidencial. A experiência da disputa com a ex-primeira-dama fortaleceu sua estratégia de campanha e a mostrou que a promessa de mudança em tempos de insatisfação política funcionava.

Com o slogan "Mudança na qual podemos acreditar", Obama entrou como preferido na disputa presidencial contra o veterano republicano John McCain.

O resultado confirma a vantagem consolidada nas pesquisas após o estouro da crise financeira norte americana que assola as Bolsas de todo o mundo.

O voto popular, porém, ainda precisa ser confirmado pelos colégios eleitorais, no processo de votação indireta americano. Como nos EUA a eleição presidencial é indireta, quem efetivamente define o novo presidente são os representantes dos colégios eleitorais. Cada Estado tem um número de representantes proporcional à sua população e o colégio tende a endossar o candidato escolhido pelo voto popular.

Economia

A vantagem, apontam analistas políticos, foi consolidada pelo estouro da crise financeira, em meados de setembro, com a quebra do tradicional banco Lehman Brothers. "Nenhum dos dois [presidenciáveis] realmente apresentou uma solução real para a crise em curto prazo, mas Obama foi quem mostrou melhor aos eleitores que era capaz de retomar o crescimento da economia americana", disse Donald Kettl, professor de ciência política da Universidade da Pensilvânia.

Para o professor, Obama criou uma imagem de otimismo e tranqüilidade que os americanos queriam ver em seu candidato. "Ele é um político muito bom, mostrou que é calmo e inspirou confiança com sua retórica afiada. Obama se tornou um movimento político", disse, em entrevista por telefone à Folha Online, da Filadélfia.

Obama se beneficiou ainda do erro do rival republicano que, meses antes da crise financeira abalar a economia mundial, admitiu que a economia não era seu ponto forte e foi duramente criticado.

Recordes

A vitória de Obama marca ainda o sucesso de sua estratégia de campanha baseada em objetivos grandiosos e financiada pela maior arrecadação de verbas da história da política americana.

"Obama buscou novas fontes e formas de financiamento. Ele aliou os tradicionais grandes doadores com as vantagens e inovações da internet", disse Marie Gottschalk, professora de ciência política da Universidade da Pensilvânia e especialista em campanhas políticas, em entrevista à Folha Online, por telefone. O segredo do sucesso do senador, aponta Gottschalk, foi criar um entusiasmo inédito entre os jovens que se mobilizaram não apenas para votar, mas para arrecadar doações e incentivar mais pessoas a participarem do processo político.

Na internet, Obama provou que estava disposto a dar voz a todos os cidadãos. A campanha democrata montou 700 centros de jovens pró-Obama e, no Facebook, site de relacionamentos, mantém dois milhões de "amigos" contra 500 mil de McCain. Os jovens também aumentaram as platéias de seus comícios, que chegaram a reunir 100 mil pessoas.

"Obama levou a demagogia a um outro nível. Embora seja apenas um palpite, já que ainda não temos os dados sobre o perfil dos eleitores, é muito provável que a vitória de Obama seja resultado do entusiasmo inédito que ele causou nos jovens", avalia Gottschalk, acrescentando que o democrata deve influenciar a estratégia das próximas campanhas presidenciais nos EUA.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

AQUIDAUANA - MS: ARRANCADA PARA ERRADICAÇÃO DO "CORONELISMO" POLÍTICO

Eleições em Aquidauana repercutem no Estado


Crepúsculo dos coronéis
Do Jornal Boca do Povo
www.bocadopovonews.com.br

“Durante décadas os herdeiros do falecido ‘coronel’ Zelito mandaram
e desmandaram na pequena Aquidauana. Nesta eleição o Povo resolveu virar essa página. Quando outras cidades que ainda vivem com o pé no ‘coronelismo’ seguirão esse exemplo?”

O povo de Aquidauana virou a página das elites fazendeiras, forçando a cidade ingressar no surto de progresso ao romper com a esmaecida figura do “coronelismo” que sobreviveu neste Estado desde os primórdios do século passado. A vitória do empresário Fauzi Suleiman (PMDB), que derrotou Odilon Ribeiro, neto do “último dos coronéis”, inaugura uma nova era dos destinos da cidade. Tio do atual prefeito Felipe Orro, Odilon é cunhado do ex-deputado Roberto Moacar Orro, que antes de encerrar sua vida pública presenteou o filho com a administração da cidade.

Felipe Orro foi o derradeiro herdeiro do “coronelismo” inaugurado por seu avô, o ‘coronel’ Zelito, que administrou a cidade por três mandatos a partir de 1958. Felipe foi um prefeito sem tino administrativo. Comenta-se, que as suas mais importantes decisões administrativas e políticas foram comandadas por sua mãe, filha de Zelito, portanto, na atual administração o prefeito que não fez sucessor pode não ter passado de uma espécie de ‘tertius” da própria mãe.

A cidade, considerada portão do Pantanal, famosa pela sua “TFP” (Tradicional Família Pecuarista), manteve até 05 de outubro a hegemonia política da elite fazendeira, até que os currais eleitorais estouraram. O aristocrático e seleto grupo iniciado por Tico Ribeiro, agonizou e capitulou.

A derrota de Odilon Ribeiro fecha as cortinas da “Era de Coronelismo” deixada para trás. Aquidauana se liberta do fantasma com mais de 50 anos de atraso. Sua política da época do “pé-de-botina” ruiu. Nos momentos finais ainda mostrou os ameaçadores dentes de uma engrenagem que teimava em moer o prestígio dos oponentes, sendo necessária a intervenção da Força Nacional para conter os acirrados ânimos. A eleição de Fauzi – o Libertador – pode ser entendida como uma vitória do povo. Muitas cidades sul-matogrossenses ainda vivem no “cabresto político” de decadentes “elites fazendeiras” que ainda mandam na sua política num processo de transferência de poderes para os mais novos. São os “herdeiros” dos antigos “coronéis”. Alguns demonstram inteligência administrativa como o prefeito Humberto Rezende (PMDB), de Terenos, que recebeu a cidade de porteira fechada, presenteada pelo seu avô, o ex-prefeito Alonso Honostório de Rezende, cassado da administração por corrupção e compra de votos. Beto foi reeleito, recebendo nas urnas 74,4% dos votos.

Coronelismo

Símbolo de autoritarismo e impunidade, o coronelismo remonta ao caudilhismo e o caciquismo dos tempos da colonização. Ganhou força no primeiro reinado, chegando ao final do século XIX tomando conta da cena política brasileira.

Conjunto de ações políticas de latifundiários – coronéis – em caráter local, regional ou federal, onde se aplica o domínio econômico e social para a manipulação eleitoral em causa própria ou de particulares, o fenômeno, que se findou em Aquidauana, ainda sobrevive em algumas cidades sul-matogrossenses dependentes da pecuária.

Fenômeno social e político típico da República Velha, caracterizado pelo prestigio de um chefe político e por seu poder de mando, as raízes do coronelismo provem da tradição patriarcal brasileira e do arcaísmo da estrutura agropecuária no interior remoto do país. Surgida com a criação da Guarda Nacional em 1831, pelo governo imperial, as milícias e ordenanças foram extintas e substituídas pela nova corporação.

A Guarda Nacional passou a defender a integridade do império e a Constituição. Como os quadros da corporação eram nomeados pelo governo central ou pelos presidentes de província, iniciou-se um longo processo de tráfico de influencias e corrupção política. Como o Brasil se baseava estruturalmente em oligarquias, esses líderes, os grandes latifundiários e oligarcas, começaram a financiar campanhas políticas de seus afilhados, e ao mesmo tempo ganhar o poder de comandar a Guarda Nacional.

Devido a esta estrutura, a patente de coronel da Guarda Nacional, passou a ser equivalente a um título nobiliárquico, concedido de preferência aos grandes proprietários de terras. Desta forma conseguiram adquirir autoridade para impor a ordem sobre o povo e escravos. Devido ao seu território continental, portanto à falta de mecanismos de vigilância direta dos coronéis pelo poder central, e pela população pobre e ignorante, o Brasil passou a ser refém dos coronéis, que por sua vez ‘personificaram a invasão particular da autoridade pública”.

O sistema criado pelo coronelismo passou a favorecer os grandes proprietários que iniciaram a invasão, a tomada de terras pela força e a expulsão do pequeno produtor rural, que passou a se transformar numa figura servil em nome dos novos senhores. Portanto, surgiu a figura do coronel sem cargo, qualificado pelo prestígio e pela capacidade de mobilização eleitoral.

O “coronelismo” aquidauanense surgiu depois do episódio da Rusga, e iniciou com a montagem da Fazenda Taboco, numa área de mais de 300 mil hectares. Desses investimentos surgiu a cidade de Aquidauana e implantou-se o poder político nas mãos de uma única família.

Do Jornal Boca do Povo
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Divulgação: Assessoria

postado por Blog do Paim @ 04:18

domingo, 12 de outubro de 2008

'Acabou o tempo da cotovelada, quando o mais forte ou com mais dinheiro tinha espaço'; diz prefeito eleito Fauzi Suleiman



Presidente da Câmara de Aquidauana, Terly Garcia (PP); vice-prefeito Vanildo Neves (PSDB) e prefeito eleito Fauzi Suleiman (PMDB) querem harmonia entre poderes

Foto: Armando Anache/Pantanal News

Para Fauzi Suleiman, "acabou o tempo em que a Câmara de Vereadores era uma secretaria de importância menor da prefeitura. Acabou aquele tempo da Câmara de Vereadores ser um Poder subalterno."

O prefeito eleito manteve reunião, na sala do presidente da Câmara, Terly Gracia [PP, o mais votado, reeleito com 1.029 votos], com a presença dos vereadores Vicente Gaeta [PT, eleito com 545 votos], Cipriano Mendes [ PT, reeleito com 615 votos], Wezer Rodrigues [PPS, 927 votos], Clésio Fialho [PSL, 900 votos] e Antônio da Coeso [PSB, 519 votos]. Os três primeiros foram eleitos pela coligação "Aquidauana Tem Futuro", de Fauzi Suleiman. Os outros três, pela coligação "Aquidauana Com a Força do Povo", de Odilon Ribeiro (PDT).

Não participaram da reunião os vereadores Tião Sereia [PP, reeleito com 815 votos], Corrêa Filho [PP, que já foi vereador e retorna à Câmara na próxima legislatura, com 663 votos] e Eulálio Abel Barbosa [PDT, que já foi vereador e retorna com 814 votos].

Antes da reunião com os vereadores, Fauzi Suleiman visitou o gabinete de Cipriano Mendes (PT), que foi reeleito para o terceiro mandato consecutivo. Ali estavam o vereador eleito pelo PT, Vicente Gaeta; e o secretário-geral do PT de Aquidauana, Nabil Jaffal. Eles conversaram sobre a atuação da bancada do PT na Cãmara, a partir de 2009 e acertaram detalhes do almoço que terão hoje (11), em Campo Grande, com o senador Delcídio do Amaral (PT-MS).

Nesta tarde de sábado (11), o prefeito eleito Fauzi Suleiman participará de uma "carreata" pelas ruas da cidade, a partir do bairro Nova Aquidauana.

Leia, abaixo, a íntegra da entrevista concedida pelo prefeito eleito Fauzi Suleiman, depois do encontro que começou às 15h20 e durou pouco mais de uma hora, à rádio Independente e Portal Pantanal News:



Armando de Amorim Anache: Prefeito eleito Fauzi Suleiman, como foi a reunião, na tarde de ontem (10), com os novos e com os vereadores reeleitos de Aquidauana?

Fauzi Suleiman: Foi uma reunião muito produtiva, na qual a gente procurou, em primeiro lugar, nos apresentar aqui e, também, cada um dos vereadores se apresentar, porque muitos estão tendo, pela primeira vez, a oportunidade de conversar entre si. Então, foi uma reunião muito produtiva, na qual pudemos explicar o nosso desejo, a nossa proposta para os quatro anos de mandato e, principalmente, o comportamento e a maneira da gente se conduzir, em relação à Câmara de Vereadores, ao Poder Legislativo, ao longo desses quatro anos.

Nós queremos criar um novo paradigma na política, uma nova forma de conduzir na política, nós queremos exercer a liderança política de Aquidauana de uma forma diferente. E foi isso que a gente veio dizer aqui, para os nossos vereadores eleitos e reeleitos.

Armando de Amorim Anache: Estavam aqui, na reunião, vereadores que, no ano que vem, formarão as bancadas de situação e oposição. Como foi a conversa com os vereadores que, a princípio, deverão integrar a oposição ao seu governo?

Fauzi Suleiman: Eu acho que a eleição está encerrada, não é, Armando? Agora, o partido de todos nós é Aquidauana. Nós temos é que lutar para fazer a cidade se desenvolver. Na situação ou na oposição, tos estarão trabalhando em prol de Aquidauana. Eu imagino a democracia como um sistema, é como se fosse um daqueles relógios de corda, que tem várias engrenagens. Uma roda para a direita, outra roda para a esquerda, mas o que interessa é que fazem o ponteiro se movimentar para uma direção, que interessa para todos. Então, o fato de serem da oposição não significa que serão contra o Fauzi. Muito pelo contrário, uma oposição sadia, uma oposição responsável, que é o que, com certeza, nós teremos nessa Câmara, porque a gente vê aqui um nível excepcional. Acho que os vereadores que foram eleitos, tanto na situação quanto na oposição, são vereadores que ..., muitos têm uma trajetória de lutas, de sonho de ser vereador e, com certeza, não quiseram conquistar esse mandato por outra razão que não fosse prestar um grande trabalho para a população de Aquidauana.

Então, a oposição e a situação estarão ajudando a cidade de Aquidauana e, ajudando a cidade, estarão ajudando a nossa administração.

Armando de Amorim Anache: Quais os principais pontos dessa reunião que o senhor poderia adiantar à população, já que ela foi a portas fechadas?

Fauzi Suleiman: O ponto principal é o apreço que nós temos pelo Poder Legislativo. Nós viemos garantir, aqui, que nós teremos, a partir no ano que vem, um prefeito que respeita o Poder Legislativo. E respeitar o Poder Legislativo significa respeitar a sua autonomia política, financeira... E é assim que nós queremos nos conduzir ao longo do nosso mandato. Não vai ter um orçamento da Câmara na mão do prefeito. O orçamento é o da Câmara. Esse dinheiro não é do Poder Executivo, mas do Legislativo. É lógico que nós precisamos de muitos recursos para fazer a cidade se desenvolver, e queremos que nenhuma decisão autônoma, da própria Câmara, se puderem devolver uma parte desses recursos, para que a gente possa investir na melhoria da vida do nosso povo, isso vai ser uma coisa muito positiva para todos nós. Agora, essa é uma decisão que caberá à Câmara tomar, a Câmara decidir. Nós só garantimos essa questão do respeito a essas autonomias financeira e política da Câmara, o desejo que nós temos, de estabelecer uma grande parceria com a nossa Câmara de Vereadores. Até comentava, aqui, que nós queremos implementar uma coisa simples, mas demonstrando esse apreço, na verdade. Existe cidade do nosso estado em que não há uma obra que seja inaugurada, sem o nome do prefeito ou do vice-prefeito ou do secretário da pasta. E dos vereadores? De todos os vereadores da Câmara, não é? Eu acho que aqui estão todos que se elegeram. Eles foram abençoados pela vontade de Deus e pela vontade popular. Então, fazemos parte desse momento ímpar da história da cidade. Caberá a nós, ao longo de quatro anos, dirigir os destinos dessa cidade. Então, que todos nós tenhamos a dimensão dessa responsabilidade e, também, compartilhemos dela em toda a sua esfera.

Então, essas medidas simples, assim, é que nós queremos tomar, para mostrar a valorização desse Poder e, principalmente, que nós tenhamos Aquidauana numa direção única, numa direção para o progresso, avançando, criando oportunidades para a nossa cidade. Fazendo com que a qualidade do serviço que o Poder tem que prestar, seja no Executivo ou no Legislativo - porque também o Legislativo é um prestador de serviços ao nosso povo -, seja condição fundamental. Que nós tenhamos aqui [na Câmara de Vereadores] uma assessoria jurídica, uma assessoria contábil, que nós tenhamos uma grande equipe de comunicação, para que a população conheça, verdadeiramente, o que é esse Poder.

Então, tudo isso demanda ter uma estrutura financeira, para poder garantir que esses serviços sejam prestados, que se dê resposta, acima de tudo, à sociedade. Nós somos uma cidade de dimensão, praticamente, continental. A gente voa de avião por Aquidauana, sem descer no chão, por duas horas. É uma cidade extraordinária e essa Câmara não tem, até hoje, um veículo, por exemplo, para permitir aos vereadores a visita a distritos ou a zona rural, fiscalizando e acompanhando. Então, eu acho que nós temos que lutar para melhorar essa condição. O que a gente tem dito é que a democracia não é o melhor regime só porque a gente vota. Ela é o melhor regime político porque ela resolve os problemas da sociedade. E a gente só vai resolver problemas da sociedade qualificando o poder público, seja o Executivo, o Legislativo ou o Judiciário.

Armando de Amorim Anache: Todo prefeito, normalmente, diz que não se mete em eleição de Mesa Diretora de Câmara de Vereadores. Como será essa questão, da eleição da Mesa Diretora, em 1.º de janeiro, com o prefeito Fauzi Suleiman?

Fauzi Suleiman: Eu não quero participar como prefeito, mas quero participar como liderança política da cidade. Eu acho que a gente tem um capital de relacionamento, que nós construímos, e isso é uma coisa muito importante. Nós estamos exercendo a liderança em Aquidauana de uma forma diferente. Acabou o tempo da cotovelada, quando quem queria ganhar espaço, era porque era mais forte ou porque tinha dinheiro. Não, a partir de agora nós temos um exercício diferente de liderança. Eu tive 15 mil votos. É um capital político que a população de Aquidauana nos deu, para liderar essa cidade, não é? Mas queremos exercer essa liderança com justiça, com sabedoria, com equilíbrio e, com toda certeza, quero ter um papel junto com os nossos parceiros, com a nossa bancada aqui [na Câmara de Vereadores], ajudando a construir um nome - que seja de consenso, em primeiro lugar, no nosso grupo -, e que, também, consiga atrair os votos dos candidatos que foram eleitos na outra chapa.

Então, eu quero que haja um grande parceiro do Executivo, também aqui [na Câmara]. Não quero tratar o Poder Legislativo como subalterno. Muito pelo contrário. Acabou o tempo em que a Câmara de Vereadores era uma secretaria de importância menor da prefeitura. Acabou aquele tempo da Câmara de Vereadores ser um Poder subalterno. Não! Nós queremos esse Poder respeitado, mas é importante que haja uma grande sintonia do prefeito com o presidente da Câmara. Enquanto liderança política e junto com os meus amigos, que tenho aqui dentro da Câmara. E tenho amigos na situação e na oposição e eu quero ajudar a ter esse quadro, de um presidente da Câmara que seja mais alinhado, mais afinado, nesse momento que Aquidauana passará a viver a partir de primeiro de janeiro de 2009.

Armando de Amorim Anache: Faltam dois meses e meio para a sua posse, prefeito eleito Fauzi Suleiman. A sua equipe de transição já trabalha na Prefeitura de Aquidauana?

Fauzi Suleiman: Não. Nós estamos fazendo o primeiro contato, hoje. Fizemos aqui, com o ex-secretário Wezer Rodrigues, pedindo que fosse aberta essa ponte de transição, para que a gente possa começar a apresentar, inclusive, a nossa equipe, que nós estamos constituindo, ainda, até terça [dia 14] ou quarta-feira [dia 15] da semana que vem, quando pretendo apresenta-la para que a gente possa, dentro da administração, fazer a transição.

A equipe terá um técnico em cada área da administração, para a gente poder ter um dimensionamento da situação da prefeitura. O que tem de projetos, o que tem de recursos. Quais são as contas, as dívidas que nós temos, quais são as responsabilidades que passam para os nossos cuidados, a partir de primeiro de janeiro. Então, nós já conversamos, hoje [ontem, dia 10], com o ex-secretário Wezer Rodrigues, atual vereador eleito, para que seja aberto esse canal de comunicação e que essa equipe já entre na prefeitura, se não for possível na semana que vem, na próxima; para poder ter acesso a essas informações e começar a municiar a nossa equipe, para poder ter a dimensão da responsabilidade que nós vamos assumir a partir de primeiro de janeiro.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Crise pode ser uma das maiores da história, diz presidente Lula

"Talvez seja uma das maiores crises econômicas que o mundo já viu. Poderemos correr riscos, porque uma recessão em caráter mundial pode trazer prejuízos para todos nós", afirmou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No encontro que teve, em Manaus, com o venezuelano Hugo Chávez, o boliviano Evo Morales e o equatoriano Rafael Correa, o presidente Lula reiterou que é hora de confiar na economia brasileira e na força do nosso mercado interno.

SINOPSE RADIOBRÁS

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Ideologia e eleições levam a colapso de pacote nos EUA

BRUNO GARCEZ
da BBC Brasil em Washington

A rejeição pela Câmara do megapacote econômico de US$ 700 bilhões proposto pelo governo americano tem raízes tanto ideológicas como eleitorais.

A maior parte dos que congressistas que rejeitaram o projeto é formada pelos republicanos do presidente George W. Bush, a despeito de todos os apelos do líder americano para que a proposta fosse aprovada em caráter de urgência.

Veja a cronologia da crise nos mercados financeiros
Entenda a crise que atinge a economia dos EUA

A proposta havia sido submetida a um série de mudanças nos últimos dias, após discussões entre lideranças dos dois partidos e parecia caminhar para a aprovação.

Mas acabou sendo derrubada na tarde desta segunda-feira por 228 votos contra 205. Era necessário um total de 218 votos para ratificar o projeto.

Somente 65 republicanos votaram pelo projeto, contra 133 que foram contrários. Ao todo, 140 democratas ratificaram o pacote, e outros 95 votaram contra.

Socialismo

A ala mais conservadora do Partido Republicano é radicalmente contrária à intervenção do Estado na economia e julga que o pacote seria um "cheque em branco" para o sistema financeiro às custas do contribuinte americano.

A maior parte da cifra bilionária do pacote seria gerada por meio de impostos.

Os congressistas contam estar recebebendo milhares de telefonemas de seus eleitores, pedindo que eles não votem por uma proposta que auxiliaria grandes instituições financeiras em detrimento do cidadão comum.

Em entrevista ao jornal "The New York Times", o parlamentar Jeb Hensarling, do Estado do Texas, resumiu o estado de espírito da facção mais à direita dos republicanos.

"Nos pediram para escolher entre o caos financeiro e a falência do contribuinte, de um lado, e a estrada para o socialismo, do outro", afirmou Hensarling. "E tínhamos que fazer isso em 24 horas."

Além disso, muitos representantes do Congresso são candidatos à reeleição, e a aprovação da proposta econômica, impopular junto a muitos eleitores, poderia prejudicar suas possibilidades nas urnas.

O fato de a aprovação do pacote estar sendo pressionada por um presidente cujo índice de aprovação é inferior a 30% também influenciou a decisão de parlamentares que não querem ser identificados com o impopular líder republicano.

Objeções

Os congressistas republicanos levantaram objeções tanto quanto ao conteúdo do pacote como à pressa com que o documento de mais de 100 páginas foi colocado em votação.

No fim de semana, líderes partidários haviam chegado a um acordo em relação a pontos polêmicos, como mecanismos de supervisão do mercado financeiro, proteção para os contribuintes e limites aos salários de executivos de instituições financeiras.

As concessões, porém, não foram suficientes para convencer boa parte dos congressistas a seguir a orientação dos líderes no plenário.

Depois da votação, líderes republicanos sugeriram que a culpa era dos democratas, que não teriam conseguido mobilizar sua maioria na Câmara.

sábado, 20 de setembro de 2008

Crise financeira está apenas começando, diz Nobel de economia

da Efe, em Washington

O pacote de intervenção em grande escala nos mercados, anunciado pelo governo dos Estados Unidos, está errado porque a raiz do problema não está diretamente na crise imobiliária, segundo o Nobel de economia Joseph Stiglitz, para quem "isto é só o começo".

Os mercados receberam com entusiasmo o anúncio de uma intervenção de centenas de bilhões de dólares, mas Stiglitz disse em entrevista à Agência Efe que o cidadão comum deveria estar muito preocupado, pois o país está à beira de uma recessão.

Em lugar de comprar a dívida "tóxica" dos bancos, que ninguém quer, o governo deveria conseguir a renegociação das hipotecas das pessoas que estão com a corda no pescoço, disse.

Stiglitz acredita que a crise é uma conseqüência da "má gestão" da Administração republicana e do Federal Reserve (Fed, o BC americano), que não supervisionou corretamente o sistema financeiro e injetou em Wall Street liquidez antes da crise.

O economista também vincula o problema ao Iraque, que é "A Guerra dos Três Trilhões de Dólares" ("The Three Trillion Dollar War", no original), segundo diz o título de seu último livro, no qual exibe uma estimativa "conservadora" do custo do conflito para os Estados Unidos.

Stiglitz, que recebeu o Nobel de economia em 2001 e que agora é professor na Universidade de Columbia, fala dos democratas com conhecimento do governo, pois foi o principal conselheiro econômico de Bill Clinton quando este foi presidente.

Atualmente, é assessor de Barack Obama, candidato presidencial democrata, mas na entrevista disse falar em nome próprio.

EFE: Qual a sua opinião sobre o programa de intervenção nos mercados financeiros anunciado pelo governo dos EUA?.

Stiglitz: Acho que não é suficiente, nem foi feito de forma correta, nem aborda o problema fundamental, que é a grande quantidade de execuções de hipotecas. O sistema está debilitado pelo peso da dívida, e parte desta se deve à guerra do Iraque.

EFE: O senhor vê um vínculo direto entre este conflito e a crise financeira?

Stiglitz: A guerra contribuiu para o enfraquecimento da economia. Em 2008-2009 está previsto que tenhamos o maior déficit fiscal de nossa história.

A guerra também contribuiu para a alta do preço do petróleo. Drenamos nossa economia para comprar petróleo. Isso foi o motivo da ampla liquidez (fornecida pelo Fed antes da crise): diminuir os efeitos de uma despesa tão alta no Iraque. Mas certamente se criou um problema para o futuro com isso.

EFE: É surpreendente que a economia americana continue crescendo, embora lentamente, apesar da crise financeira. Como o senhor vê suas perspectivas?

Stiglitz: O desemprego subiu para 6,1% e provavelmente crescerá mais. Essa é uma das razões pelas quais isto é só o princípio da crise.

Dirigimo-nos lentamente rumo a um descarrilamento econômico que intensificará os problemas financeiros. À medida que as receitas caírem, os preços da moradia descerão mais e haverá mais despejos de inquilinos. Portanto, estamos dentro de uma espiral e ninguém faz nada para interrompê-la.

Há uma probabilidade significativa de recessão nos próximos trimestres.

EFE: Como avalia a situação atual dos mercados?

Stiglitz: A situação é muito pior do que o senhor imagina. Isso já foi demonstrado quando o mercado monetário quase entrou em colapso na quinta-feira.

Inclusive gigantes industriais podem enfrentar problemas de liquidez agora. Os problemas são muito graves. É lógico que após oito anos de má gestão econômica (o mandato de George W. Bush) há esta falta de confiança.

EFE: O que o Governo deveria fazer para frear a crise?

Stiglitz: Podemos incentivar a renegociação das hipotecas para que menos pessoas tenham de declarar a falência. Não ajuda ninguém o fato de as pessoas serem obrigadas a sair de suas casas.

domingo, 24 de agosto de 2008

24 de agosto de 1954: Getulio Vargas suicida-se

* No início de agosto de 1954, o chefe da guarda pessoal de Getúlio Vargas, Gregório Fortunato, por iniciativa própria ou a mando de algum político getulista, contratou capangas para assassinarem o principal líder da oposição, o deputado e jornalista Carlos Lacerda, um dos maiores responsáveis pelas críticas que eram feitas ao presidente. Com isso, pretendeu-se silenciar o opositor, mas o resultado foi o pior possível para o governo que, segundo a imprensa, passou a se ver mergulhado em um "mar de lama". No atentado, saiu morto um oficial da Aeronáutica que trabalhava também como segurança do jornalista. A partir daí o governo expunha sua fragilidade: o crime cometido não tinha justificativas e, além do mais, ficou provado que fora arquitetado dentro do Palácio do Governo. Desgastado diante da opinião pública, Vargas escapa de uma nova deposição apelando para o suicídio.

O tiro que desfechou no coração, no dia 24 de agosto de 1954, veio acompanhado de uma carta-testamento que se transformaria num dos mais conhecidos documentos históricos brasileiros. Nela, Vargas fazia uma declaração nacionalista e de amor ao povo.

* Trecho retirado do livro:
Maria Celina D'Araujo, A Era Vargas. 1. ed. São Paulo: Moderna, 1997. 103p. il. (Coleção polêmica)

CARTA-TESTAMENTO


Documento legado pelo presidente Getúlio Vargas e divulgado logo após seu suicídio, ocorrido por volta das oito horas da manhã de 24 de agosto de 1954. Na carta, Getúlio denunciava que uma campanha subterrânea dos grupos internacionais aliara-se à dos grupos nacionais, procurando criar obstáculos ao regime de proteção ao trabalho, às limitações dos lucros excessivos e às propostas de criação da Petrobrás e da Eletrobrás. A mensagem, dirigida ao povo brasileiro, concluía: "Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte. Nada receio.Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história."

A Carta-Testamento, foi encontrada por Ernani Amaral Peixoto, governador do estado do Rio de Janeiro e genro de Getúlio, em cima de uma mesinha de cabeceira do quarto presidencial. O documento foi lido em voz alta por Osvaldo Aranha, ministro da Fazenda, para um grupo de pessoas que se encontrava no palácio do Catete e em seguida transmitido por telefone para a Rádio Nacional. Antes das nove horas da manhã, a mensagem começou a ser irradiada para todo o país.

A crise de agosto

A crise política, que caracterizou praticamente todo o segundo governo de Getúlio Vargas (1951-1954), ganhou uma nova dimensão a partir do Atentado da Toneleros. Nesse episódio, ocorrido em 5 de agosto de 1954, foi assassinado o major-aviador Rubens Vaz e levemente ferido o jornalista Carlos Lacerda, que ganhara notoriedade pelo combate sistemático a Getúlio nas páginas da Tribuna da Imprensa.

As investigações que se seguiram logo revelaram o envolvimento de integrantes da guarda pessoal do presidente no atentado. Os ataques da oposição ao governo tornaram-se mais violentos. No Congresso, a bancada da União Democrática Nacional (UDN) exigia insistentemente a destituição de Vargas. A grande maioria da oficialidade da Aeronáutica e da Marinha e um setor significativo do Exército compartilhavam do ponto de vista udenista. Na imprensa, prosseguiam as denúncias de corrupção e irregularidades administrativas incriminando familiares e elementos ligados ao presidente.

Em 22 de agosto, os brigadeiros da Aeronáutica enviaram um documento a Vargas exigindo sua renúncia. No dia seguinte, a alta oficialidade da Marinha declarou-se solidária aos seus colegas da Força Aérea. A situação agravou-se ainda mais na noite do dia 23, quando o ministro da Guerra, Euclides Zenóbio da Costa, informou o presidente sobre a existência de um manifesto assinado por vários generais do Exército, entre os quais Álvaro Fiúza de Castro, Canrobert Pereira da Costa, Juarez Távora, Humberto Castelo Branco, Peri Bevilacqua e Henrique Lott, em apoio à reivindicação dos brigadeiros. Embora se recusasse a renunciar, Getúlio decidiu discutir imediatamente a questão com o ministério.

A reunião ministerial teve início às três horas da madrugada de 24 de agosto. Como narra Foster Dulles, "Getúlio perguntou a cada ministro o que, na sua opinião, deveria ser feito. Zenóbio da Costa disse que a situação estava-se agravando, e que uma ampla maioria dos oficiais que comandavam tropas provavelmente não obedeceria às ordens que lhe fossem dadas para entrar em ação contra a Força Aérea e a Marinha. Se recebesse instruções neste sentido ele daria essas ordens, mas muito sangue iria correr, e o resultado seria incerto. O ministro da Marinha Renato Guillobel observou que a Marinha 'já se manifestou ao lado da Aeronáutica'. O Ministro da Aeronáutica Epaminondas Gomes dos Santos disse que nada havia que pudesse fazer para modificar a atitude da sua corporação". Mais adiante, o governador Amaral Peixoto lançou a proposta do licenciamento do presidente. Tancredo Neves, ministro da Justiça, fez uma contraproposta, afirmando que o povo deveria ser consultado através do Parlamento. A discussão prosseguiu, mas sem atingir nenhum resultado concreto. Foi então que Getúlio tomou a palavra e declarou: "Já que o ministério não chega a nenhuma conclusão, eu vou decidir. Determino que os ministros militares mantenham a ordem pública. Se conseguirem, eu apresentarei o meu pedido de licença. No caso contrário, os revoltosos encontrarão aqui dentro do palácio o meu cadáver." E retirou-se da sala.

Depois da saída de Getúlio, os ministros e demais participantes da reunião julgaram conveniente redigir um comunicado anunciando ao povo a decisão adotada. Tancredo Neves escreveu a nota, que foi levada por Osvaldo Aranha a Vargas para obter sua aprovação. Às 4:45h da madrugada, o país era informado da resolução do presidente: "-Deliberou o presidente Vargas, com integral solidariedade dos seus ministros, entrar em licença, passando o governo a seu substituto legal, desde que seja mantida a ordem, respeitados os poderes constituídos e honrados os compromissos solenemente assumidos perante a nação pelos oficiais generais das nossas forças armadas. Em caso contrário, persistiria inabalável no seu propósito de defender suas prerrogativas constitucionais com o sacrifício, se necessário, de sua própria vida."

Após a reunião, Zenóbio encontrou-se com os generais oposicionistas no Ministério da Guerra, sendo convencido por estes de que o afastamento do presidente teria de ser definitivo. A correlação de forças era desfavorável aos partidários de Getúlio. As primeiras notícias de que os generais se haviam decidido por um ultimato final a Vargas - agora apoiado pelo próprio ministro da Guerra - chegaram ao Catete às sete horas da manhã. Benjamin Vargas comunicou ao irmão a decisão dos militares, que significava na prática sua deposição. Minutos depois, Getúlio suicidou-se com um tiro no coração.

Repercussões

O impacto provocado pelo suicídio de Getúlio e pela imediata divulgação da CartaTestamento foi imenso. Manifestações populares sucederam-se em todo o país, sobretudo nas grandes cidades. No centro do Rio de Janeiro ocorreram numerosos comícios denunciando o envolvimento norte-americano na morte de Vargas, bem como as responsabilidades da UDN e de toda a oposição. Grupos de centenas de pessoas, armadas de pedaços de madeira e dando vivas ao ex-presidente, percorreram as ruas da cidade rasgando cartazes de propaganda eleitoral dos canditatos antigetulistas.

As sedes dos jornais O Globo e Tribuna da Imprensa e da Rádio Globo foram atacadas por populares, e dois caminhões de entrega de O Globo foram incendiados. O ataque à embaixada dos Estados Unidos e ao prédio da Standard Oil foi rechaçado a bala por soldados, saindo feridos dois populares. os edificios da Light & Power e da Companhia Telefônica também foram atacados. O cortejo que acompanhou o corpo de Getúlio Vargas do palácio do Catete ao aeroporto Santos Dumont - de onde foi trasladado para São Borja, no Rio Grande do Sul - reuniu a maior multidão da história do Rio.

Os incidentes não se limitaram ao Rio de Janeiro. Em São Paulo, milhares de operários entraram em greve de protesto e promoveram manifestações de rua no centro da cidade. Cerca de 20.000 pessoas tentaram depredar o edifício onde estavam instalados os jornais dos Diários Associados, sendo impedidas por policiais. Em Porto Alegre, populares queimaram as sedes de dois jornais antivarguistas - O Estado do Rio Grande do Sul e o Diário de Notícias -,e da Rádio Farroupilha, depredando ainda um banco e o consulado dos EUA. Em Belo Horizonte e em Recife também ocorreram manifestações.

No plano político, as conseqüências do suicídio e da Carta-Testamento não foram menores. Após meses de pressão sobre Getúlio, a oposição - tornada governo com a posse de João Café Filho na presidência da República - viu-se obrigada a recuar frente às dimensões da reação popular. Na opinião de Thomas Skidmore, "durante a sua campanha, os antigetulistas tinham concentrado o fogo do ataque na pessoa de Getúlio. Através do seu ato final de sacrifício, Getúlio neutralizou as vantagens políticas e psicológicas que seus oponentes haviam acumulado".

A UDN esperava alcançar uma grande vitória nas eleições legislativas de outubro de 1954, capaz de lhe permitir - acreditavam os mais otimistas - até mesmo o controle do Congresso. A campanha udenista, centrada em denúncias de corrupção e de desmandos administrativos, ganhara novo alento com o Atentado da Toneleros e seus desdobramentos. No entanto, as circunstâncias que envolveram a morte de Vargas modificaram o quadro político e a UDN acabou sendo a principal derrotada no pleito, perdendo dez das 84 cadeiras que detinha no Parlamento.

Os acontecimentos do 24 de agosto também marcaram profundamente o comportamento do Partido Comunista Brasileiro (PCB). Até o suicídio de Vargas, os comunistas faziam cerradas críticas ao seu governo, acusando-o de submeter-se aos interesses dos Estados Unidos e de recorrer à violência e ao terror contra o povo brasileiro. O PCB mudou radicalmente de atitude após a morte de Getúlio e a divulgação da Carta-Testamento. Na edição de 25 de agosto de 1954, o jornal comunista Imprensa Popular acusou o "lmperialismo norte-americano" de responsável pela morte de Vargas e o governo de Café Filho de ser formado "por agentes furiosos dos monopólios de Wall Street". Em discurso proferido na Câmara dos Deputados no dia 24, o parlamentar comunista Roberto Morena afirmou não ser aquele o momento para "salientar as divergências que tivemos com o extinto presidente da República" e lançou um apelo em prol da constituição de uma frente única "em defesa da livre organização dos partidos, com eleições livres e democráticas; em defesa da Constituição contra a intromissão de generais fascistas que, a serviço da embaixada americana, querem intervir nos destinos do nosso país".

O conteúdo nacionalista da Carta-Testamento foi também imediatamente incorporado ao programa do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Em nota oficial, emitida em 25 de agosto, a comissão executiva nacional e a bancada federal do partido deram integral apoio aos "princípios consubstanciados na última carta do presidente Getúlio Vargas, que são: a) combate aos abusos do poder econômico; b) defesa do regime de liberdade social; c) luta pela libertação econômica do povo brasileiro".

O debate sobre a autenticidade

A autenticidade da Carta-Testamento foi motivo de viva controvérsia. Os depoimentos de Alzira Vargas do Amaral Peixoto, Osvaldo Aranha, José Américo de Almeida, João Batista Luzardo e de outras pessoas intimamente ligadas a Getúlio e que com ele viveram a crise política de agosto de 1954 são as únicas fontes de informação sobre a mensagem do presidente.

Apesar de existirem alguns pontos discordantes nesses depoimentos, todos são unânimes em atribuir a Getúlio a autoria da carta. Outro dado fora de discussão é a participação - maior ou menor - na elaboração do - documento do jornalista José Soares Maciel Filho, o redator favorito dos discursos de Getúlio. Segundo Alzira Vargas, Maciel se teria limitado a inserir no documento as cifras que o ilustram e a datilografá-lo. Já Miguel Teixeira afirmou que Osvaldo Aranha tivera um encontro com Maciel, no qual o jornalista confidenciara que Vargas o havia encarregado da redação final do documento, tendo-lhe dado um pedaço de papel no qual estaria contida a idéia do manifesto e as frases finais. De acordo com Teixeira, o restante teria Sido iniciativa exclusiva de Maciel.

Outro elemento obrigatório ao se abordar a Carta-Testamento é o bilhete encontrado na mesa do gabinete presidencial e entregue a Alzira Vargas na noite de 18 de agosto. O bilhete, escrito a lápis com a letra de Vargas, tinha cerca de três linhas e dizia: "A sanha dos meus inimigos deixo o legado na minha morte. Levo o pesar de não ter feito pelos humildes tudo o que desejava." No dia seguinte, Alzira interpelou o pai sobre o significado daquelas palavras, mas Vargas lhe assegurou que não pretendia suicidar-se. Na realidade, o conteúdo do bilhete foi aproveitado no texto do documento final de Getúlio.

Além do exemplar encontrado no leito de morte de Vargas, a Carta-Testamento teve mais três cópias conhecidas. Alzira Vargas achou, entre os papéis retirados do cofre do pai, uma cópia assinada da carta, com erros de datilografia e correções, e uma cópia em carbono sem assinatura. Encontrou também algumas anotações a lápis - que constituiriam a minuta do documento - com a letra de Getúlio. Existe ainda um último exemplar da carta, que teria sido entregue por Getúlio a João Goulart pouco antes da reunião ministerial da madrugada do dia 24. Goulart, que viajaria naquele mesmo dia para o Rio Grande do Sul e em seguida para Buenos Aires, teria guardado a carta sem lê-la. Segundo Alzira Vargas, Goulart divulgaria a carta na Argentina, caso a crise política brasileira tivesse como desfecho um golpe militar.

As acusações de que a Carta-Testamento era apócrifa seguiram-se imediatamente à sua publicação. A imprensa antigetulista - amplamente majoritária - e a UDN trataram de divulgar a versão de que a carta teria sido elaborada por elementos interessados em explorar politicamente a morte de Vargas com fins eleitorais. Esses elementos estariam ao mesmo tempo empenhados em impedir - através do impacto causado pelo documento - a continuação das investigações contra Vargas iniciadas com o Atentado da Toneleros.

Sérgio Lamarão