Silva, que mora no Suriname há 13 anos, foi para o país participar da atividade do garimpo, saído de Belém (Pará). Ele contou que a violência começou depois que um brasileiro matou um surinamês que, segundo ele, costumava agredir homens e mulheres do Brasil.
Muitos dormiram dentro d'água para escapar da morte; ouça relato
Brasileiros temem chacina no Suriname, diz embaixador
Envie seu relato sobre o ataque contra brasileiros no Suriname
Suriname declarou independência da Holanda em 1975; saiba mais
Brasileiros sofrem ataque na noite de Natal no Suriname
"O rapaz começou a bater nas pessoas por volta das 17h. À noite, ele bateu em um brasileiro que estava jantando em um restaurante, e ele revidou com uma faca", disse Silva, dizendo ainda que o surinamês costumava consumir drogas. "Aí eles [surinameses] decidiram revidar, não quiseram nem saber."
Reprodução | ||
Imagem de TV mostra local do ataque a grupo de brasileiros no Suriname; segundo testemunha, quatro morreram |
De acordo com o relato, cerca de 500 surinameses invadiram o acampamento em que os brasileiros ficam após o garimpo e atacaram por volta de 200 pessoas --entre homens, mulheres e crianças. "A gente não estava preparado, foi uma violência muito grande", afirmou Silva.
Segundo ele, os homens utilizavam paus, facões, pedras e o que tinham a mão para agredir os brasileiros. Além disso, eles saquearam os dois supermercados do local, propriedade de imigrantes chineses e explodiram um posto de gasolina.
De acordo com a BBC Brasil, 20 brasileiras, incluindo uma mulher grávida, teriam sido estupradas durante o incidente.
Silva contou ainda que viu um homem surinamês "cortar a barriga" de uma jovem chamada Érica, de 22 anos, grávida de oito meses. "Estão dizendo aqui que ela morreu, mas eu ainda não sei se é verdade", afirmou.
Arte Folha Online |
O garimpeiro disse que muitos brasileiros passaram a noite no mato, ou dentro da água para fugir dos ataques. "Todos dormiram no mato, dentro d'água, para escapar da morte."
Silva é uma das cerca de 30 pessoas hospedadas no hotel Esmeralda, na capital Paramaribo, para onde a maioria dos atacados foi transferida. De acordo com ele, há mais brasileiros em outros hotéis.
Ele afirmou também que o ministro da Justiça do Suriname foi ao local mais cedo, e que os brasileiros "pediram justiça pelo que aconteceu e ajuda, já que muitas pessoas ficaram sem nada após o ataque".
Albina, que possui cerca de 10 mil habitantes, tem um grande contingente de brasileiros que vão trabalhar com garimpo no outro lado da fronteira --o que é proibido pelas leis daquele território, que ainda pertence aos franceses.
Ajuda
O embaixador brasileiro no Suriname, José Luiz Machado e Costa afirmou que ainda não há uma lista de nomes deste grupo porque, segundo ele, muitos deles não possuem documentos.
De acordo com Costa, "a chancelaria brasileira e o Ministério de Defesa analisam a possibilidade de enviar um avião da Força Aérea com roupas e medicamentos para o local, mas o envio depende das autoridades do Suriname.
Costa disse ainda que dificilmente os brasileiros voltarão para Albina após o ataque. "Não acredito que queiram voltar. Eles estão falando em chacina, em assassinato em massa, eles estão muito assustados", relatou o embaixador.
Segundo ele, os brasileiros que moram em Albina sequer trabalham no país. Eles costumam garimpar na Guiana Francesa, onde a atividade é proibida pelo governo francês. "Eles ficam esperando a vigilância baixar a guarda e vão para lá, e só ficam acampados na beira do rio em Albina", explicou.
Procurada pela Folha Online, a Embaixada do Brasil no Suriname não confirmou as mortes.
Segundo as informações, o embaixador José Luiz Machado e Costa está neste momento visitando os hospitais em que estão as vítimas e terá informações atualizadas mais tarde.
Leia mais notícias sobre o Suriname
- Brasileiros foram atacados com facões e machados no Suriname; 4 são presos
- Brasileiros sofrem ataque na noite de Natal no Suriname
- Governo brasileiro analisa envio de ajuda a vítimas de ataque no Suriname
Leia mais notícias internacionais
- EUA indiciam nigeriano por tentar explodir avião da Delta Airlines
- Hizbollah pede trégua no Líbano para facilitar trabalho do governo
- Polícia revista apartamento em Roma da mulher que derrubou o papa
Especial
Nenhum comentário:
Postar um comentário