Pela primeira vez, Zelaya falou na possibilidade de não retornar ao poder como presidente e de planos posteriores às eleições.
O pleito é a aposta do governo de fato de Roberto Micheletti para solucionar a crise iniciada com o golpe de Estado.
"Os golpistas devem ser entregues aos tribunais de justiça internacional, à Corte Penal, tanto militares quanto civis", afirmou Zelaya, referindo-se às pessoas que participaram do golpe de Estado que o derrubou no dia 28 de junho, e "essa será a condição estabelecida depois das eleições, se não me restituírem antes", acrescentou, falando ao Canal 11 da televisão local.
"Se chegarmos às eleições sem um acordo, o que acontecerá é que a crise vai se aprofundar, será um governo fraco, espúrio, a comunidade internacional vai manter o isolamento, a menos que decidam entregar os golpistas aos tribunais de justiça internacional", destacou.
Zelaya estimou que as hipóteses discutidas na mesa de negociações podem tornar "factível que a paz e a tranquilidade retornem a Honduras". As discussões foram retomadas nesta terça-feira em um hotel de Tegucigalpa, sob os auspícios da Organização dos Estados Americanos (OEA).
Os participantes do diálogo abordaram o ponto nevrálgico do impasse - a restituição de Zelaya - em meio às propostas apresentadas pelo mediador do conflito, o presidente da Costa Rica e Prêmio Nobel da Paz Oscar Arias.
"O ponto de discussão é a minha restituição e a comunidade internacional está firme nisso", enfatizou Zelaya.
Mais cedo, Zelaya anunciou a substituição de um de seus três negociadores no diálogo com o governo de fato.
Sai Juan Barahona, de 55 anos, e entra em seu lugar o advogado Rodil Rivera, no momento em que começa uma rodada decisiva de conversações que buscam uma saída para a crise aberta pelo golpe de Estado de 28 de junho.
Rivera se somará à equipe de Zelaya integrada por seus ministros da Casa Civil e Trabalho, Víctor Meza e Mayra Mejía, respectivamente.
Barahona é um dos coordenadores da beligerante Frente de Resistência contra o Golpe de Estado, que realiza diariamente manifestações para exigir a volta de Zelaya e a convocação de uma Assembleia que reforme a Constituição, por considerar que a Carta atual serve aos "interesses da oligarquia".
A questão detenou, precisamente, o golpe de Estado contra Zelaya, derrubado por tentar promover uma consulta popular destinada à convocação de uma Constituinte, considerada ilegal pelo Congresso, pela Corte Suprema de Justiça, o Ministério Público e demais instituições do Estado.
Barahona insiste em que só a volta ao poder de Zelaya, refugiado na embaixada do Brasil em Honduras, há três semanas, legitimaria as eleições previstas para 29 de novembro no país, até agora não avalizadas pela comunidade internacional.
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