Diaulas Jose de Araújo, Major do Exército e advogado militante, faleceu no domingo, dia 11, sendo enterrado no Parque da Colina e, a missa do sétimo dia, em sua intenção, ocorreu ontem, na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, em Jurujuba, bairro de Niterói, no Estado do Rio DE Janeiro.
Diaulas deixa viúva, D.Gessy, irmãos, Alaor, Tilda e Edy, quatro filhos, Erenice, Eduardo, Edson e Emerson e os netos: Mabele, jornalista, Monique Alfradique, atriz da Rede Globo, Clarisse, Álvaro, Maria Eduarda, Emerson e Pedro Henrique.
Natural de Araçatuba, São Paulo, viveu a infância e a juventude em Campo Grande, tornando-se um mato-grossense, depois um sul mato-grossense, de coração, por toda a vida, apesar de ter vivido maior parte do tempo, distante de lá.
A paixão por Mato Grosso do Sul se manifestava pelas constantes visitas ao Estado, ao lado da sua apreciável coleção de músicas sertanejas e “guarânias” que se não cansava de as apresentar aos amigos, além do cultivo de amizades, lá iniciadas, na primeira metade do século passado.
É o caso do Majores Fernando Pereira Falcão, José Maravieski e do autor desta nota.
Outra característica marcante de sua personalidade era o hábito de contar piadas, como demonstra a inscrição em uma das coroas que lhe foram ofertadas: “Diaulas, esta foi a última piaद que você me contou.
Dedicado a família, Diaulas dirigia seu carro, semanalmente, de Brasília ao Rio e vice-versa, durante os três anos e meio em que serviu no Departamento Geral do Pessoal, no Quartel General do Exército, na Capital Federal, em prosseguimento de suas atividades na mesma Unidade, quando esta se achava no Rio de Janeiro.
Cursou o secundário, após entrar para o Exercito, com grandes dificuldades e se formou em Direito. Advogado militante, profundo conhecedor da legislação militar, era habitual consultor da comunidade caxiense.
Respeitado e admirado pelos seus subordinados, seus pares e superiores, conquistou a confiança dos Generais com quem serviu, transformando-se em um canal de informações e exatas, através do qual defendia os legítimos pleitos de militares de todas as graduações e postos que lhe procuravam, em razão da lhaneza do trato, interesse pela causa de seus camaradas e da atenção que com os superiores o escutavam.
Diaulas era amigo da natureza:: Viveu mais de meio século em uma chácara, em Jurujuba, Niterói, no meio de seu jardim, de suas demais plantas, de seus pequenos animais, de sua família e cercado por uma comunidade de pescadores.
Conhecemo-nos, em 1949, no Quartel do 10º. Grupo de Artilharia a Cavalo 75, hoje Grupo de Artilharia Auto Rebocado, de onde eu costumava sair a cavalo, para passear no bairro Amambaí.
Reencontramo-nos em 1951, na Escola de Comunicações do Exército, em Deodoro e, desde então, mantivemos uma amizade ininterrupta, constituindo a amizade mais antiga que um e outro tinha no Estado do Rio de Janeiro.
Diaulas nunca deixou de manter relacionamento com seus amigos militares, atingidos pelos Atos Institucionais, apesar da terrível discriminação e repressão sofridas por estes, tal era a sua autoridade moral, dentro das fileiras do Exército.
Participou ativamente da campanha que elegeu o Governador Leonel Brizola e a Deputada Rosalda Paim.
Esta um dia ela me disse: “o Diaulas só nos visita para oferecer seus préstimos, nunca veio pedir nada”.
Entre as atenções que o Diaulas teve para comigo e minha família, acresce-se o fato de ter me homenageado com a escolha de meu nome para designar um dos seus filhos, o que ele sempre reafirmava.
Com todo respeito a outros amigos falecidos, as mortes que mais nos atingiram foram a de Leonel Brizola e a de Diaulas.
Jamais me perdoaria se, ao regressar de longa estadia em Lambari, se não tivesse, há cerca de dois meses, juntamente com Rosalda, visitado o nosso querido amigo Diaulas.
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Diaulas, portanto, faz parte da minha vida e da minha história, tanto que seu nome está inscrito na dedicatória do livro que escrevi, de parceria com Rosalda Paim, assim expresso: “Este livro é dedicado: ... aos ... .Diaulas José de Araújo (com este, um convívio contínuo por mais de meio século), constituindo todos, verdadeiros exemplos tanto de soldado como de cidadão, em cujas personalidades homenageamos o nosso Exército..
O nome de Diaulas está inscrito entre o dos militares com os quais contracenei, como se vê no trecho da dedicatória a eles destinado.
“Este livro é dedicado: ...:
- aos Comandantes do Tenente Coronel Paim, entre o quais: os Generais Sylvio de Azevedo Paim Pamplona, Odilon Coelho Neves, Tíndaro Gouveia do Amaral e o Major Fernando Pereira Falcão (in memoriam), primeiros Comandantes; ao General Ângelo Baratta Filho (instrutor nos cursos de cabo e de sargento), aos Generais Antonio Henrique Almeida de Moraes e Alberico Barroso Alves, ao Coronel William Stockler Pinto, ao Marechal e Ministro da Guerra Euclides Zenóbio da Costa (in memoriam), em cujo Gabinete, no Departamento Geral de Administração do Exercito, serviu o Sargento Paim; ao Presidente General Emilio Garrastazu Médici, enquanto Comandante da 4a. Divisão de Cavalaria, por ter atribuído, pessoalmente, ao então Tenente Paim, a responsabilidade pela alfabetização de soldados da 1a. Companhia do 9o. B. E. Comb, ao Coronel Edson Pierre Marcelo, ao General e Ministro Ivan de Souza Mendes (como comandante no 9o. B. E. Comb e companheiro do Lions Club de Aquidauana), homenageado na Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, pela Deputada Rosalda Paim, no dia do soldado, como paradigma de militar e cidadão; ao General Rubens de Toledo (último comandante) e, ao Major Thyrso Villela, aos Capitães Francisco Antonio Medeiros e Diaulas José de Araújo (com este, um convívio contínuo por mais de meio século), constituindo todos, verdadeiros exemplos tanto de soldado como de cidadão, em cujas personalidades homenageamos o nosso Exército, enaltecido por Caxias, Sampaio, Osório, Mallet, Vilagran Cabrita, Rondon e Mascarenhas de Moraes, entre outros vultos da história da pátria.
Não poderia, pois, me furtar à obrigação de prestar esta última homenagem ao nosso querido amigo Diaulas José de Araujo.
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