domingo, 17 de maio de 2009

Divergência sobre CPI abre crise entre DEM e PSDB (BLOG DO JOSIAS)




José Cruz/ABr
Rompeu-se a unidade de tucanos e 'demos' na ação legislativa.



Os dois maiores opositores de Lula já não falam a mesma língua.



As relações entre PSDB e DEM vêm se esgarçando há tempos.



Os arranhões converteram-se em ferida exposta na última quinta (14).



No atacado, puseram-se de acordo em relação à CPI da Petrobras.



No varejo, conduziram no Senado estratégias bem diferentes.



Com a tropa dividida, o DEM referendou o acordo que adiava a CPI.



Topou ouvir a Petrobras antes de deliberar sobre a investigação.



Lanças em punho, o PSDB vetou o acerto. E pôs de pé a CPI.



José Agripino Maia e Arthur Virgílio não se falam faz quatro dias.



Antes, eram vistos como unha e cutícula. Agora, nem tanto.



Em privado, o líder do DEM tachou a reação tucana de “juvenil”.



Comparecera à reunião que resultou no acordo com procuração do PSDB.



Virgílio o autorizara a falar em seu nome no colégio de líderes.



Comunicado acerca do resultado, o líder tucano reagiara bem.



Depois, Virgílio foi empurrado para o dissenso por sua bancada.



Os líderes do DEM e do PSDB sabem que tem contas a ajustar.



Mas intuem que o tema, por delicado, exige o olho no olho.



Por isso recusam a conveniência de uma conversa telefônica.



Agripino passa o final de semana em Natal (RN).



Virgílio aproveita a folga para visitar áreas alagadas do Amazonas.



Prevêem para terça (19), em Brasília, o desbaste das arestas.



O mais provável é que a conversa resulte em panos quentes.



PSDB e DEM tem encontro marcado na sucessão presidencial de 2010.



Por isso, convém a ambos mandar para baixo do tapete as divergências.



Mas o tapete ficou pequeno. Pedaços das diferenças estão expostas ao redor.



Começaram a vazar pelas bordas na já remota batalha da CPMF.



Os ‘demos’ trazem atravessada na traquéia um quase-recuo dos tucanos.



Na madrugada que antecedeu a votação, o PSDB acertara-se com o governo.



Depois, num diálogo com o travesseiro, Virgílio se deu conta do inusitado do gesto.



Rememorou os compromissos que assumira em meses de articulação.



Teve de acenar com a renúncia à liderança para devolver ao partido o ânimo anti-CPMF.



Depois, sobrevieram os desacertos regionais.



Juntos no projeto de poder nacional, ‘demos’ e tucanos divergem em vários Estados.



Há duas semanas, postaram-se em lados opostos na votação de uma MP.



A medida provisória embutia um plano de refinanciamento de débitos tributários.



Foi aprovada. Virgílio encaminhou contra. Agripino, a favor, junto com o governo.



No caso da CPI da Petrobras, o Planalto tentou tirar proveito da divisão dos rivais.



Na noite de quinta (14), um operador de Lula tocou o telefone para Agripino.



Consultou-o sobre a hipótese de o DEM pular fora do requerimento de CPI.



Agripino refutou a hipótese. “A chance de retirarmos as assinaturas é zero”.



No dia seguinte, o Planalto pôs-se a assediar diretamente os senadores ‘demos’.



Agripino, a despeito do pé atrás em relação ao tucanato, ergueu barricadas.



Segurou duas defecções. Perdeu uma assinatura, a de Adelmir Santana (DEM-DF).



Mantida a CPI, a cúpula do PSDB dirige palavras de “afeto” a Agripino.



Elogiam-lhe a fidelidade. Enaltecem-lhe a tenacidade.



Nos próximos dias, os dois lados devem desfraldar a bandeira branca.



O projeto de 2010 condena-os à convivência. Porém...



Porém, permanecerão juntos por conveniência, não mais por convicção.

Escrito por Josias de Souza às 06h50

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