domingo, 2 de setembro de 2007

Oposição quer estender punição a Lula

Brasília, 30 de Agosto de 2007 - Às vésperas das eleições municipais, idéia é conseguir munição na disputa pelas prefeituras

Brasília, 30 de Agosto de 2007 - Às vésperas das eleições municipais, idéia é conseguir munição na disputa pelas prefeituras. Um dia depois do Supremo Tribunal Federal transformar em réus todos os 40 acusados de envolvimento com o escândalo do mensalão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se transformou em alvo preferencial dos ataques da oposição, que cobra a inclusão de Lula entre os culpados pelo esquema de compra de apoio político no Congresso.
Às vésperas das eleições municipais, a idéia dos partidos adversários do governo é voltar à carga para fazer a mais grave crise política que já atingiu o governo Lula respingar, enfim, na imagem do presidente. E, dessa forma, servir de munição política na disputa pelas prefeituras em 2008.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso comandou os disparos contra o presidente Lula ao cobrar um posicionamento claro do presidente sobre o comportamento dos mensaleiros. Fernando Henrique Cardoso classificou como "grave" a decisão do Supremo Tribunal Federal e reclamou da postura de Lula, que tentaria se manter distante de um escândalo que atingiu o núcleo duro de seu governo.
Conivência
"Não estou dizendo que ele seja responsável, mas enquanto ele vier a público e não repudiar a ação dos mensaleiros, dá a sensação que está conivente ou leniente", criticou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
"Se ele foi traído, tem que dizer quem o traiu. Aí ficará numa posição mais limpa perante a nação. Caso contrário fica uma coisa nebulosa e dá a sensação que ele está passando a mão na cabeça", continuou o tucano.
Na seqüência ao julgamento do Supremo Tribunal Federal, o Palácio do Planalto deixou de lado o silêncio voltou a adotar a retórica que prega o isolamento do governo em relação à crise do mensalão. Lula apelou para o cacife político angariado com a reeleição para responder à ofensiva. "Eles (a oposição) tentaram na verdade me atingir, e 61% do povo deram a resposta na eleição do ano passado", defendeu-se o presidente.
"Eles sabem perfeitamente bem o que é o processo. Eu fico assistindo sem poder dar palpite nas decisões do Supremo Tribunal Federal e isso tem sido uma prática minha. O que aconteceu na verdade é a demonstração de que, no Brasil, as instituições estão funcionando, a democracia está sólida", argumentou.
A conquista de posições estratégicas no comando de municípios é etapa fundamental para legendas de oposição, enfraquecidas por disputas internas, ganharem novo vigor político e lastrearem suas candidaturas a governos estaduais e à presidência da República.
Arma poderosa
A popularidade do presidente Lula – que rendeu o crescimento do PT em 2006, mesmo à sombra dos escândalos do mensalão, dos sanguessugas e do dossiê contra o candidato tucano à presidência, Geraldo Alckmin – é a arma mais poderosa com que os partidos governistas poderão contar no pleito do ano que vem. Nesse contexto, fragilizar essa "arma" passa a ser prioridade da oposição, que luta por mais espaço na política regional.
Para o ex-governador paulista, o governo Lula é "réu do mensalão". Pivô do escândalo que atingiu o governo, o presidente do PTB, Roberto Jefferson, acusou o procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, de não ter coragem para denunciar o presidente da República como envolvido no mensalão.
"Se são 40 ladrões tem um chefe que lidera, que é o Ali Babá? É o Lula. Tá faltando peito a ele de fazer essa denúncia", cravou o petebista Roberto Jefferson.
Escalado para alentar a defesa do Palácio, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Dulci reforçou o discurso de que o presidente estaria imune ao escândalo depois de ter sido reeleito "com votação consagradora".
Ele estendeu a teoria de isolamento também ao partido de Lula, o PT, que teve cabeças coroadas – como o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, e o deputado José Genoíno (SP) – envolvidas como mentores do esquema de compra de apoio político no Congresso Nacional. A crise, garantiu Luiz Dulci, não fará parte sequer do congresso do PT, que acontece neste fim de semana.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 11)(Karla Correia)

http://www.gazetamercantil.com.br/home.aspx


OBSERVAÇÃO DO BLOG:

Dois pesos e duas medidas

O Presidente da República não age como magistrado, quando participa das hostilidades às Forças Armadas, das quais é o Chefe Supremo e, ao mesmo tempo, procura isentar o PT das responsabilidades pelas trapalhadas do "aloprados" do PT e dos "mensaleiros".

É bom lembrar que as Forças Armadas são maiores que o PT e são respeitadas e amadas, inclusive pelos militares injustiçados pelos Atos Institucionais, os quais não atribuem a elas os desvios de uma minoria desajustada dos seus integrantes.

Imaginem o que não seria uma ditadura, comandada por petistas e não por udenistas, como foi a resultante do golpe de 1964, uma vez que por muito menos tempo e, no regime democrático, estes fizeram o que fizeram.

Nenhum comentário: